Gala Viva Frutas & Legumes em Alcobaça premeia o Centro de Investigação para a Sustentabilidade

O Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional organizou na última semana, em Alcobaça, a VI Gala Viva Frutas & Legumes e premiou o primeiro laboratório de investigação em Portugal para a produção agrícola sustentável.

framboesas
A produção de framboesas em Portugal possui uma grande especialização dos produtores e das tecnologias de produção. A framboesa tem, aliás, liderado as exportações nos frutos vermelhos.

O Centro de Investigação para a Sustentabilidade (CIS) está localizado no Polo de Inovação da Fataca, em Odemira, e é o primeiro laboratório de investigação para a produção agrícola sustentável, nomeadamente na área dos pequenos frutos.

O CIS resulta de um esforço conjunto entre instituições do sistema científico, a Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e, ainda, as empresas Driscoll's e Maravilha Farms.

Durante a VI Gala Viva Frutas & Legumes, que aconteceu na última sexta-feira, em Alcobaça, em paralelo com a realização do IV congresso da Portugal Fresh – Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal, o CIS viu premiado o seu mérito. Foi reconhecido com o Prémio Sustentabilidade, atribuído pelo COTHN - Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional.

“Este prémio é mais uma prova de que o Centro de Investigação para a Sustentabilidade é um ativo estratégico para a produção de conhecimento para o setor agrícola nas áreas da produção sustentável e do uso cada vez mais eficiente da água e que, desde a sua constituição em 2023”, disse o diretor-geral da Lusomorango durante o momento da atribuição do prémio.

Joel Vasconcelos reconheceu que o CIS “tem dado frutos” e trabalha “em nome da sustentabilidade e da inovação para processos produtivos mais resilientes e sustentados na ciência e na tecnologia”.

Pujança dos pequenos frutos em Portugal

Em Portugal, o setor dos pequenos frutos, também apelidados de frutos vermelhos - morangos, amoras, mirtilos, groselhas e framboesas -, tem tido um crescimento exponencial nos últimos anos, em resultado do seu potencial de produção em algumas regiões do país, mas, sobretudo, devido às suas caraterísticas nutricionais.

Os frutos vermelhos são alimentos bastante completos e devem fazer parte de uma dieta equilibrada, trazendo imensos benefícios para a saúde. São uma excelente fonte de antioxidantes, mesmo quando comparados com outras frutas e vegetais, bem como de vitaminas do complexo B (niacina), de betacaroteno percursor da vitamina A, de vitamina C e de minerais como o potássio, o ferro e o manganês, que reforçam a proteção da saúde da pele, nervos, rins e aparelho digestivo.

A produção de amoras tem pouca expressão em Portugal, em virtude, sobretudo, dos problemas que surgem no pós-colheita, estando a produção limitada a um número muito reduzido de cultivares.

Por sua vez, a produção de morangos distribui-se de norte a sul do país, concentrando-se maioritariamente em toda a faixa litoral. O período de maior oferta ocorre na primavera e corresponde à produção da época.

frutos vermelhos
Em Portugal, o setor dos pequenos frutos - sobretudo os morangos, amoras, mirtilos, groselhas e framboesas - tem tido um crescimento exponencial nos últimos anos.

A produção de morango fora de época é menor e refere-se à produção de verão, outono e início de inverno. Portugal detém um enorme potencial para produzir nesta época, com condições climáticas favoráveis no Algarve e Alentejo Litoral (outonos e invernos amenos) e no Oeste e Centro Litoral (verões amenos).

Já a produção de framboesas em Portugal possui hoje uma grande especialização dos produtores e das tecnologias de produção desenvolvidas.

A framboesa tem, aliás, liderado as exportações neste segmento dos pequenos frutos, tendo Portugal exportado mais de 26 mil toneladas de framboesa em 2022, a que correspondeu um valor de 178 milhões de euros (GPP - Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Agricultura, 2023).

A procura crescente da framboesa deve-se à sua frescura, aparência atraente, sabor e aroma agradáveis e valor nutritivo. Suscita grande interesse devido aos seus teores de sais minerais e vitamina C, provitamina A, vitaminas B1, B2 e B6, pela presença de pectina, celulose, ácido salicílico e antioxidantes flavonóides – ácido cafeico e ferúlico.

Encontro de Produtores de Mirtilo em março

A produção de mirtilo em Portugal possui um período muito alargado de fornecimento dos mercados, fundamentalmente devido à plantação de diferentes cultivares que, assim, proporcionam diferentes épocas de colheita. Este fruto tem singulares propriedades antioxidantes e anticancerígenas.

A pujança deste pequeno fruto é tal que, só no período de 2010 a 2015, a área ocupada pela cultura do mirtilo em Portugal passou de 43 hectares para 1 385 hectares, correspondendo a um aumento de 3 000%.

mirtilos
Nos dias 6 e 7 de março vai decorrer o 13º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo, o maior fórum dedicado a esta fileira em Portugal. Terá lugar no Centro de Negócios e Serviços do Fundão.

Nos dias 6 e 7 de março de 2025 vai decorrer o 13º Encontro Nacional de Produtores de Mirtilo, o maior fórum dedicado a esta fileira em Portugal. Terá lugar no Centro de Negócios e Serviços/Multiusos do Fundão e vai reunir técnicos, investigadores nacionais e internacionais, consultores, fornecedores de produtos e serviços e agentes da comercialização deste fruto.

Com este potencial de produção e comercialização dos pequenos frutos em Portugal, o CIS surge com o objetivo de “produzir conhecimento científico para apoiar os produtores agrícolas”. E apoiá-los, sobretudo, no “desenvolvimento de soluções que permitam usar o recurso água de forma cada vez mais eficiente”, integrando “sistemas de natureza biológica (apoiados na biodiversidade), para evitar e mitigar ameaças à produção".

Afirmando-se como “colaborativo”, o Centro de Investigação para a Sustentabilidade agora premiado tem ainda a “missão de partilhar o conhecimento produzido, não só com a comunidade local, mas também com todo o setor agrícola, nacional e internacional”.

O prémio agora atribuído ao CIS pelo Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional “destaca o trabalho do Centro de Investigação para a Sustentabilidade no aumento da eficiência e sustentabilidade dos processos de produção".

Tal, diz o COTHN, é levado a cabo "através da diminuição da dotação de rega, sem que essa redução tenha impacto na quantidade e qualidade da fruta produzida”, refere o Centro Operativo e Tecnológico em comunicado.