Foram revelados os efeitos celulares da dieta mediterrânica
A gordura do azeite e das nozes aumenta o número de duas estruturas celulares chave e protege as membranas de danos, prolongando a vida de vermes de laboratório, segundo um estudo conduzido pela Stanford Medicine.
As pessoas que seguem a dieta mediterrânica - rica em gorduras do azeite e dos frutos secos - tendem a ter uma vida mais longa e saudável do que outras que se alimentam principalmente de fast food, carne e lacticínios. Contudo, a nível celular, ainda não se sabe exatamente por que razão esta dieta é tão benéfica.
Agora, uma equipa de investigadores, liderada pela Stanford School of Medicine, revelou uma das primeiras ligações celulares entre as gorduras saudáveis - conhecidas como ácidos gordos monoinsaturados - e o tempo de vida em vermes de laboratório.
"Pensa-se geralmente que as gorduras são prejudiciais para a saúde", afirmou a professora de genética Anne Brunet, doutorada. "Mas alguns estudos mostraram que tipos específicos de gorduras, ou lípidos, podem ser benéficos."
As gorduras da dieta mediterrânica e as vantagens
Os investigadores descobriram que uma das gorduras da dieta mediterrânica, o ácido oleico, aumenta o número de duas estruturas celulares chave, ou organelos, e protege as membranas celulares dos danos causados por uma reação química chamada oxidação.
Este efeito protetor tem um grande retorno: os investigadores concluíram que as minhocas alimentadas com alimentos ricos em ácido oleico viveram cerca de 35% mais tempo do que as que foram submetidas a rações normais para minhocas.
Surpreendentemente, um dos organelos, conhecido como gotículas lipídicas, serviu como uma bola de cristal, prevendo com precisão crescente o número de dias que cada animal viveria.
Uma gordura com (muitos) outros nomes
Em geral, a maioria das gorduras monoinsaturadas, que se encontram em alimentos de origem vegetal como o abacate, o azeite e os frutos secos, são consideradas relativamente saudáveis.
As gorduras saturadas e as gorduras trans - aquelas que são sólidas à temperatura ambiente - podem aumentar o risco de doenças cardíacas e outras complicações de saúde. As gorduras e os óleos são constituídos por ácidos gordos; os lípidos incluem as gorduras, os óleos, os ácidos gordos e o colesterol.
Para além de monitorizarem o número de gotículas lipídicas, os investigadores observaram um aumento do número de peroxissomas no tecido intestinal dos vermes expostos ao ácido oleico. Os peroxissomas contêm enzimas envolvidas no metabolismo e na oxidação.
O número de gotículas lipídicas e de peroxissomas é mais elevado nos animais mais jovens e diminui naturalmente com a idade, o que sugere que são co-regulados de alguma forma.
Papsdorf, principal autora da investigação, descobriu que, entre os vermes jovens alimentados com uma dieta normal, aqueles com maior número de gotículas lipídicas viviam um pouco mais, mas estatisticamente significativo, do que os animais geneticamente idênticos, da mesma idade, com menos gotículas.
As descobertas dos investigadores são as primeiras a sugerir que as gotículas lipídicas e os peroxissomas são co-regulados através de uma via biológica que responde à presença de ácidos gordos monoinsaturados benéficos e que o envelhecimento pode ser evitado protegendo as membranas celulares da oxidação. Agora resta saber se estas descobertas se aplicam aos seres humanos.