Finalmente, uma boa notícia: recorde de utilização de materiais reciclados na União Europeia

11,8% dos materiais utilizados provêm de produtos reciclados, o que constitui um novo recorde histórico e favorece a transição para a economia circular na UE, mas não está a acontecer em todos os países da mesma forma.

Reciclagem.
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A percentagem de materiais utilizados a partir de produtos reciclados na União Europeia foi de 11,5 % em 2022 e de 11,8 % em 2023. Este aumento é modesto, mas mostra a importância crescente da reutilização na agenda europeia. Este aumento contínuo reflete o sucesso das políticas e práticas europeias de reciclagem promulgadas para reduzir a dependência de matérias-primas virgens e, por sua vez, incentivar a reutilização em segunda vida de materiais que permitem uma gestão mais sustentável dos recursos naturais.

A taxa de 11,8% é o nível mais elevado registado desde que os dados começaram a ser recolhidos há quase 20 anos, ou seja, desde 2004.

O rácio entre os materiais reciclados e o total de materiais utilizados é conhecido como a taxa de circularidade. Esta taxa é uma medida fundamental para avaliar os progressos efetuados no sentido de uma economia mais sustentável e circular.

Circularidade e economia circular

Circularidade significa reutilizar continuamente materiais e recursos com o objetivo de reduzir os resíduos no mundo. Quando reutilizamos produtos, geramos menos resíduos e consumimos menos matérias-primas na fonte, ou seja, novas matérias-primas.

O aumento da taxa de reciclagem apoia a economia circular e ajuda a alcançar a sustentabilidade.
O aumento da taxa de reciclagem apoia a economia circular e ajuda a alcançar a sustentabilidade.

Isto implica a partilha, o aluguer, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos existentes durante o máximo de tempo possível para aumentar a sua vida útil. Este modelo económico é o oposto da economia linear tradicional e foi criado com o objetivo de enfrentar os desafios globais das alterações climáticas, da perda de biodiversidade, da gestão de resíduos e da poluição ambiental.

Que países europeus são líderes em circularidade?

A classificação dos países da UE líderes em circularidade é liderada pelos Países Baixos, com uma taxa de circularidade de 30,6%, o que demonstra o seu grande empenhamento na economia circular.

Outros países da UE que atingem taxas de reciclagem elevadas são, por exemplo, a Itália com 20,8%, seguida de Malta com 19,8%, da Bélgica com 19,7% e da Estónia com 18,1%.

Todos estes países implementaram sistemas eficientes de reciclagem e recuperação de materiais e, por conseguinte, favoreceram a circularidade e os seus benefícios para o desenvolvimento económico e ambiental. A Espanha ocupa a 15.ª posição, com 8,5%, abaixo da média da UE.

Dentro da UE, existem diferenças entre os países no que respeita à implementação da reciclagem. Estas diferenças são influenciadas por fatores económicos e estruturais de cada país.

No entanto, há países como a Finlândia e a Irlanda que apenas atingem 2,4% e 2,3%, respetivamente, de recursos materiais provenientes de produtos reciclados. A Roménia está no fundo do poço, com apenas 1,3%.

Existe uma estratégia para a economia circular na UE?

A União Europeia tem um Plano de Ação para a Economia Circular para 2020. De acordo com este plano, a UE deve continuar a aumentar a utilização de materiais reciclados, com o objetivo de atingir uma taxa de circularidade de 23,2% até 2030, o que duplicaria a sua taxa atual.

A Espanha está no fundo do ranking da taxa de circularidade, mas a sua taxa mostra progressos no sentido da economia circular, embora não ao ritmo dos principais países europeus.

Nos últimos anos, enquanto a Espanha reduziu ligeiramente a sua taxa de circularidade em -1,9%, países como Malta aumentaram-na significativamente, neste caso com um aumento de 14,5 pontos percentuais desde 2010. A UE salienta a necessidade urgente de continuar a promover políticas que favoreçam a reciclagem, a reutilização e a recuperação de materiais para minimizar a extração de recursos naturais e os impactos ambientais da nossa indústria.