Explore a cascata mais alta de Portugal continental e descubra esse paraíso escondido
Em fevereiro, aventure-se por um dos segredos mais bem guardados da Serra da Freita.
Será fevereiro um bom mês para passear? Janeiro despediu-se com um comboio de depressões que descarregou chuva em todo o território de Portugal, e a questão que importa agora é saber se estas condições meteorológicas tempestuosas — chuva, neve e frio — irão continuar em fevereiro. Afinal, por muito bom que seja passar um ou dois dias debaixo de mantas, enquanto se ouve a chuva lá fora, já todos temos saudades de aproveitar os fins de semana para explorar os cantinhos de Portugal.
Esta semana, o modelo de referência da Meteored atualizou a sua previsão para o segundo mês do ano — e as notícias parecem ser animadoras.
“Prevê-se que o início de fevereiro registe temperaturas alinhadas com o esperado para a estação do inverno, ou seja, frias e dentro da média. Porém, para as semanas seguintes do segundo mês do ano, não se vislumbra, para já, um episódio generalizado e persistente de frio intenso”, escreveu Alfredo Graça.
Os dias tornam-se cada vez mais longos e as temperaturas diurnas têm uma maior margem para subir, mas as noites de fevereiro continuam a ser muito frias em grande parte do país.
Isto significa que pode começar a planear as suas próximas escapadinhas — e nós temos uma sugestão que não pode faltar no seu roteiro.
Frecha da Mizarela: a rainha das cascatas portuguesas
Se houvesse um concurso de misses para cascatas, a Frecha da Mizarela ganhava de olhos fechados. Situada na Serra da Freita, no concelho de Arouca, esta queda de água não brinca em serviço: são cerca de 75 metros de altura, o que a torna a mais alta de Portugal Continental. Ou seja, se fosse uma pessoa, provavelmente jogava basquetebol.
Brincadeiras à parte, a Frecha da Mizarela não é só altura. É também um espetáculo da natureza. A água do Rio Caima despenca por um paredão rochoso imponente, criando um cenário digno de filme de aventura.
“A formação desta queda de água deve-se à abundância de granito e xisto no local. Como o granito é mais resistente à erosão do que o xisto, ao longo do tempo formou-se um desnível que deu origem a esta cascata. Também a orientação dos sistemas de falhas influenciou a formação desta escarpa”, lê-se no site ‘Visit Arouca’.
Se estiver por perto num dia de sol, o brilho da água a cair e o som da cascata a ecoar pelo vale fazem qualquer um esquecer as preocupações da vida. Se não for o caso, não se preocupe. Nos dias de chuva é um espetáculo ainda mais selvagem (e um bom teste para o seu impermeável).
Como chegar e o que fazer?
Assim que se chega à vila de Arouca, é difícil ignorar a imponente serra que a rodeia. Pode passear pelas ruas tranquilas, explorar o histórico Mosteiro de Santa Maria, deliciar-se com os famosos doces conventuais e até sentar-se à mesa para provar a suculenta carne arouquesa. Mas, no fundo, algo chama para as alturas: a montanha.
A melhor forma de admirar esta beleza é ir até ao Miradouro da Frecha da Mizarela, que lhe dará uma vista panorâmica sem precisar de grandes esforços. Mas se gosta de aventura, há trilhos pedestres que o levam até lá por caminhos bem mais desafiantes.
Se escolher a primeira hipótese, vá com cuidado. Isto porque a subida não é simples. A estrada serpenteia até aos 1.100 metros de altitude, com curvas apertadas e troços estreitos junto à encosta, exigindo uma condução atenta.
“Para se conseguir uma vista mais desafogada, é necessário descer um pouco da estrada (de carro ou a pé). Outro local interessante para mirar a Frecha da Mizarela é a Aldeia da Castanheira, onde ficam localizadas as Pedras Parideiras”, recomenda o site ‘Visit Arouca.
Se tiver sorte com as condições meteorológicas, e lhe apetecer refrescar-se, na base da Frecha da Mizarela encontra-se um poço perfeito para um mergulho e para apreciar a cascata de um ângulo único. No entanto, o acesso só pode ser feito a pé e o trilho é exigente.
“O observador pode sentir-se tão absorvido pela queda-d’água que, por vezes, não tem olhos para o entorno cénico onde a Cascata da Frecha da Mizarela está alojada, mas as suas encostas íngremes apresentam vegetação exuberante, com resquícios preciosos da laurissilva e fagossilva, como o loendro, o rododendro, o carvalho-alvarinho e o carvalho-negral, entre outras espécies protegidas, como os endémicos saramago-das-rochas e o cardo-corredor-gigante”, nota o ‘National Geographic Portugal'.
“Pode, efetivamente, não avistar toda a diversidade da Frecha da Mizarela, mas esta não escapa ao olhar sagaz de algumas aves que a escolhem como refúgio. É um privilégio para as águias-cobreiras e para os melros-das-rochas, que não podiam encontrar local mais idílico durante as suas viagens migratórias.”
Dica final
Se quiser tirar fotos incríveis, vá cedo para apanhar a luz dourada da manhã. Mas, acima de tudo, vá sem pressa, respire fundo e aproveite: não é todos os dias que se está diante de uma maravilha natural assim.