Eventos meteorológicos extremos em Portugal em 2022

Ao longo do ano de 2022, Portugal continental sofreu o efeito de situações meteorológicas extremas que tiveram impacto na vida das pessoas e na economia. Saiba mais aqui!

Eventos meteorológicos extremos; Portugal
Em 2022 tivemos em Portugal continental fenómenos meteorológicos extremos.

Um dos aspetos mais relevantes foi o facto do território de Portugal continental ter passado de uma situação de seca extrema no início do ano para uma situação de chuva extrema no final do ano em algumas regiões.

Seca e chuva

No início de 2022, no final de janeiro, o grau de severidade da seca meteorológica era superior ao que se verificou nos anos de 2012, 2018 e 2019, mas ainda ligeiramente inferior quando comparado com a situação em 31 de janeiro de 2005 (seca mais intensa desde 2000).

Ao longo do ano, os meses, do ponto de vista climatológico, foram considerados secos ou muito secos mas a situação acabou por se ir alterando, quando em setembro começaram a cair as primeiras chuvas mais significativas.

No entanto, foi em dezembro que ocorreram eventos extremos de precipitação. Nos dias 4 e 5 de dezembro de 2022 ocorreram inundações repentinas em diversas áreas urbanas do Algarve em resultado de precipitação forte na região. Registou-se precipitação próxima dos recordes absolutos.

No dia 7 ocorreu precipitação extremamente forte com impactos em alguns locais, causando graves prejuízos materiais e provocando a morte de pelo menos uma pessoa na região da Grande Lisboa.

inundações repentinas; Portugal
As inundações repentinas podem causar impactos desastrosos na zona.

Esta situação foi devido à passagem de linhas de instabilidade que deram origem a precipitação forte e trovoada em várias zonas da região Centro. De acordo com o Instituto Português do Mar e Atmosfera, IPMA, registou-se um recorde de precipitação em 24 horas para o mês de dezembro em algumas estações.

Precipitação forte e persistente, por vezes acompanhada de trovoada, com impactos graves no terreno, ocorreu também nos dias 12 e 13 de dezembro em várias zonas do país devido à ação de uma massa de ar quente, com elevado conteúdo em vapor de água e com convecção embebida.

De novo, foram batidos recordes de precipitação em 24 horas para dezembro em 13 estações, tendo sido mesmo ultrapassado o recorde absoluto em 4 estações: Lisboa/IG (120.3 mm) Barreiro (83.4 mm), Almada (81.9 mm) e Mora (98.8 mm).

Tornados

No dia 8 de novembro, devido a forte instabilidade atmosférica, ocorreram dois tornados, um em Lisboa e outro em Santo Estêvão (Benavente). Qualquer dos tornados produziu danos significativos nas áreas afetadas, designadamente queda de árvores de grande porte, arrancamento e projeção de telhas, danos em viaturas, edifícios, moradias, entre outros.

O trajeto de destruição do tornado de Alcântara terá tido uma extensão entre 1.5 e 2 km e uma largura de 30-50 m e o de Santo Estêvão terá alcançado uma extensão de 5 km e uma largura da ordem de 30-100 m, segundo análise elaborada pelo IPMA.

Tornado
Os tornados são fenómenos extremos que podem causar grande destruição na sua passagem.

De acordo com uma análise preliminar dos efeitos da destruição causada ao longo dos trajetos de cada tornado, admite-se que ambos os fenómenos tenham alcançado uma intensidade F1/T2 (escala clássica de Fujita/escala de Torro), correspondendo a vento na gama 119-148 km/h (rajada, média de 3s).

Ondas de calor

De acordo com o IPMA, foi este ano, no verão, que se verificou o maior número total de dias em onda de calor, com a contribuição significativa da região Nordeste. Nesta região, em algumas estações verificaram-se 4 ondas de calor, a que correspondeu um total de dias superior a 40 em onda de calor. De referir Bragança, Mirandela e Carrazeda de Ansiães com 44, 42 e 41 dias, respetivamente.

Os anos de 2003 e 2006 também foram anos com muitos dias em onda de calor, mas inferiores aos de 2022.