Eventos extremos em 2018
O ano de 2018 tem sido um ano com um elevado número de situações meteorológicas extremas, causando graves prejuízos sócio-económicos com perda de vidas e bens. Alguns fenómenos, como é o caso dos ciclones tropicais, tiveram mesmo um número de ocorrências acima da média anual.
Com base na contribuição dos diferentes países membros, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou um Relatório preliminar sobre os desastres naturais ocorridos em 2018, dos quais podemos destacar os ciclones tropicais, cheias e secas, ondas de calor e vagas de frio e os incêndios florestais.
Tempestades tropicais
Segundo aquele Relatório, o número de ciclones tropicais que ocorreram durante 2018 foi acima da média em todas as quatro bacias do hemisfério norte. Até ao dia 20 de novembro eram 70 os ciclones reportados, um número bem superior à média anual, que é de 53.
Dois dos ciclones tropicais mais fortes foram o Mangkhut, que afetou as Filipinas, Hong Kong e China, e o Yutu, que causou devastação nas Ilhas Marianas. Jebi foi o mais forte tufão a atingir o Japão desde 1993, Son-Tinh causou inundações no Vietname e no Laos, enquanto Soulik contribuiu para inundações na Península Coreana. Os furacões Florence e Michael provocaram enormes prejuízos económicos e perda de vidas nos Estados Unidos. O Gita, no Pacífico Sul, foi o ciclone mais intenso e com maior impacto económico que alguma vez atingiu Tonga.
Cheias graves
Em agosto, o estado de Kerala, no sudoeste da Índia, sofreu as piores inundações desde a década de 1920, deslocando mais de 1,4 milhão de pessoas das suas casas e afetando mais de 5,4 milhões. Extensas regiões do oeste do Japão sofreram inundações destrutivas no final de junho e início de julho, matando pelo menos 230 pessoas e destruindo milhares de casas.
As inundações afetaram muitas partes da África Oriental em março e abril. Isso incluiu o Quénia e a Somália, que anteriormente sofriam com secas severas, bem como a Etiópia e o norte e centro da Tanzânia. Um intenso sistema de baixa pressão no Mar Mediterrâneo no final de outubro provocou ventos fortes e graves inundações em diversos países europeus. No entanto a situação mais gravosa ocorreu em Itália com perda de vidas humanas.
Ondas de calor e seca
Calor excepcional e seca afetaram durante o final da primavera e verão de 2018 grande parte da Europa, levando à ocorrência de grandes incêndios florestais na Escandinávia. Em julho e agosto, registaram-se inúmeros recordes de temperaturas máximas a norte do Círculo Polar Ártico e longas séries de temperaturas elevadas, incluindo 25 dias consecutivos acima de 25°C em Helsínquia (Finlândia).
Parte da Alemanha registou um longo período de dias acima de 30°C, enquanto que uma intensa onda de calor em França causou perda de vidas. No Reino Unido e na Irlanda também se registou um período excepcionalmente quente e seco. Uma onda de calor curta, mas intensa, afetou a Espanha e Portugal no início de agosto.
As condições de seca foram especialmente persistentes na Alemanha, na República Checa, na Polónia ocidental, nos Países Baixos, na Bélgica e em algumas regiões de França. Em meados de outubro o rio Reno aproximou-se de anteriores recordes de níveis baixos, com impacto no transporte fluvial.
O leste da Austrália passou por uma seca significativa em 2018, com grande parte da região a registar menos de metade de precipitação média no período de janeiro a setembro. Uma seca severa afetou o Uruguai, e o norte e o centro da Argentina, no final de 2017 e início de 2018, causando pesadas perdas agrícolas.
Tanto o Japão como a República da Coreia registaram novos recordes de temperatura máxima e Omã relatou uma das mais altas temperaturas mínimas registadas durante a noite, 42,6°C em junho. Na Argélia registou-se um novo recorde nacional de 51,3°C em julho. Uma das vagas de frio mais significativos dos últimos anos afetou a Europa no final de fevereiro e início de março.
Incêndios florestais
Em julho grandes incêndios florestais afetaram Atenas (Grécia), com perda de vidas e bens. A Colômbia Britânica no Canadá bateu o recorde de maior área queimada em uma temporada de incêndios pelo segundo ano consecutivo. A Califórnia sofreu um incêndio florestal de vastas proporções em novembro, tornando-se o incêndio mais mortífero em mais de um século nos EUA.