EUA: quando a seca traz à tona uma cidade-fantasma e navios afundados
Navios e cidades de uma era passada vêm à tona à medida que o Lago Mead seca. Este lago é também considerado o local mais perigoso deste parque nacional dos EUA. Descubra isto e muito mais, aqui!
Já é bem sabido que o Sudoeste americano tem vivido um dos mais longos períodos de seca dos últimos anos. Contudo, à medida que o Lago Mead - o maior lago feito pelo homem nos EUA - seca, mais dos seus segredos estão a ser descobertos pelos cidadãos.
O Lago Mead forma-se a partir da Barragem Hoover no Rio Colorado. É um reservatório que fornece água para partes da Califórnia, Nevada e Arizona. Devido à seca severa, o reservatório encontra-se no seu ponto mais baixo desde 1937, quando o lago foi enchido pela primeira vez.
Desde julho de 2022 que o lago está a 1.041,64 pés, pouco menos de 27% da sua capacidade total. Quando o lago está cheio, situa-se a cerca de 1.229 pés.
O mais perigoso parque nacional dos EUA
O Lago Mead é considerado o local mais perigoso do parque nacional, tendo lá ocorrido mais de 250 mortes na última década. Portanto, não surpreende que restos humanos tenham sido descobertos com a descida do nível da água. Devido à sua proximidade com Las Vegas, também circula um rumor de que a máfia utilizava o lago como forma de se ver livre de corpos.
No leito do lago que está a secar, foram descobertos até agora navios afundados e cidades perdidas. Deitemos um olhar mais atento pelo que é encontrado com a descida das águas!
Navios afundados
O Lago Mead é considerado "A Primeira Área Recreativa Nacional da América". É um local para caminhadas, contemplação das estrelas e passeios de barco. Muito popular também graças aos mais de sete milhões de visitantes todos os anos.
Todavia também revela ser um dos mais perigosos, especialmente se estiver a navegar num barco. O Lago Mead pode ir de águas cristalinas a ondas muito agitadas num instante. Ondas elevadas podem inclinar e inundar barcos, provocando o seu afundamento.
Níveis de água flutuantes podem puxar rochas e detritos difíceis de percecionar para perto da superfície, podendo também causar o afundamento de embarcações.
À medida que os níveis da água descem, não surpreende que vários barcos afundados tenham sido descobertos. No vídeo abaixo, gravado pelo Youtuber Man + River, um dos primeiros a explorar os restos do que parece ser um iate, ou uma casa flutuante, vemos como esta estrutura parece ter-se afundado há décadas.
Não há uma data clara de quando afundou, mas os artigos a bordo poderão ser dos anos 70 a 90. Mas é necessária mais investigação para determinar a idade da embarcação e os artigos que lá estão.
Entre os destroços encontravam-se utensílios de cozinha como garfos, facas, copos de cappuccino e pires. O Youtuber também encontrou extintores de incêndio enferrujados, motores, uma bandeira de iate ainda presa ao mastro da bandeira e uma fita de cassete.
A mais interessante descoberta foi um "barco Higgins" da Segunda Guerra Mundial, agora parcialmente exposto. As Indústrias Higgins, sediadas em Nova Orleães, começaram a fabricar estas embarcações nos anos 40 para ajudar a transportar soldados dos navios para as praias durante as invasões. Os soldados utilizaram-nos no Dia D, na Normandia.
Tanto quanto se sabe, após a guerra, a embarcação Higgins foi utilizada para inspeccionar o Rio Colorado antes de ser vendida a uma marina e depois afundada. Antes da queda acentuada do nível da água, o navio foi outrora um excelente local para a prática de mergulho.
Cidade-Fantasma
A área à volta de St. Thomas, Nevada, foi outrora um povoado indígena americano. Em 1865, os colonos mórmons mudaram-se para a área e estabeleceram St. Thomas. Contudo, quando descobriram que não se tinham estabelecido no Utah, mudaram-se de St. Thomas, queimando as suas casas e abandonando as suas colheitas.
Novos colonos mudaram-se por volta da década de 1880 e reconstruíram a cidade, acrescentando um hotel, correio e escola. A população atingiu um pico de cerca de 500 pessoas, mas, quando o projeto da barragem de Hoover se desmoronou em 1931, foi dito aos residentes de St. Thomas que se mudassem.
O governo providenciou uma compensação pela sua mudança e os últimos residentes partiram em 1938. Eventualmente, St. Thomas foi engolido debaixo de 60 pés de água. Devido à flutuação do nível da água, em 2002 a cidade fantasma voltou a estar acima da superfície e os caminhantes podem vaguear à volta das ruínas de St. Thomas até aos dias de hoje.