Estas são 5 das fronteiras mais curiosas do mundo: desde divisões peculiares a enormes diferenças horárias

As fronteiras nem sempre respondem à lógica geográfica. Por vezes, a história, a política ou simplesmente o acaso criaram limites territoriais curiosos e surpreendentes entre países que geram situações invulgares entre vizinhos de Estados diferentes obrigados a viver juntos.

Um café em Baarle-Nassau (Países Baixos), na fronteira com a Bélgica. A fronteira está assinalada no pavimento.

As fronteiras são zonas de trânsito territorial entre países que imaginamos perfeitamente definidas por tratados e representadas nos mapas por linhas geográficas inequívocas.

Mas, nalguns cantos do planeta, essas linhas transformaram esses pontos de passagem fronteiriços em lugares tão extraordinários e bizarros que até dão origem a situações cómicas e extravagantes.

5 passagens de fronteira muito peculiares

Embarcamos numa curiosa viagem a fronteiras que não só dividem nações, como também contam histórias surpreendentes em que a geografia se entrelaça com a vida quotidiana.

Baarle-Hertog/Baarle-Nassau (Bélgica/Países Baixos)

Entramos naquela que é conhecida como a “cidade das mil fronteiras”, uma das passagens fronteiriças mais complicadas e fascinantes do mundo. Esta localidade está dividida em duas cidades com nomes semelhantes: Baarle-Hertog (Bélgica) e Baarle-Nassau (Países Baixos).

A peculiaridade é que a fronteira não é uma simples linha reta, mas uma manta de retalhos de enclaves e contra-enclaves.

Basicamente, no seu interior existem 22 territórios belgas dentro dos Países Baixos, que por sua vez têm oito territórios neerlandeses dentro deles. Por isso, as suas ruas são ladeadas por linhas que marcam a fronteira entre um país e o outro.

Nalgumas casas, a fronteira atravessa literalmente a sala de estar, pelo que é tradição os proprietários colocarem bandeiras ou uma linha no chão para assinalar que país pertence a que parte. Isto cria situações tão curiosas como ter de mudar de país para ir à casa de banho.

Haskell Public Library and Opera House (Canadá / Estados Unidos)

Localizada entre Derby Line, Vermont (EUA) e Stanstead, Quebec (Canadá), esta biblioteca e casa de ópera foi intencionalmente construída na fronteira entre os dois países.

A Haskell Public Library and Opera House está localizada entre os EUA e o Canadá.

Neste caso, a fronteira que divide os dois Estados está marcada no chão com uma linha preta. Assim, os livros estão no Canadá e o palco da ópera está nos Estados Unidos.

A entrada principal fica do lado americano, mas os canadianos podem entrar sem passar pelo departamento da imigração. Um exemplo curioso de cooperação transfronteiriça que funciona na perfeição.

Dreiländereck (Eslováquia, Áustria e Hungria)

É possível juntar três pessoas de nacionalidades diferentes à mesma mesa sem que nenhuma delas saia do seu próprio país? Sim, na fronteira entre a Eslováquia, a Áustria e a Hungria.

O Dreiländereck é uma mesa de piquenique triangular cujos lados se encontram na Eslováquia, Áustria e Hungria.

No vértice geográfico onde estes três Estados europeus se encontram, foi montada uma mesa de piquenique triangular, chamada Dreiländereck, com cada um dos seus lados num país diferente.

Este local situa-se perto das cidades de Bratislava (Eslováquia), Kittsee (Áustria) e Rajka (Hungria), numa zona rural tranquila, nas margens do rio Morava, muito perto do Danúbio. A mesa está decorada com cores e sinais que indicam claramente qual a parte que pertence a cada país.

Ilhas Diomedes (Rússia/EUA)

Duas pequenas ilhas situam-se no Estreito de Bering entre o Alasca (EUA) e a Sibéria (Rússia): a ilha Diomedes maior é russa e a ilha Diomedes mais pequena é americana.

Aldeia esquimó em Diomedes Menor.

As duas ilhas estão separadas apenas por cerca de 4 km, mas existe uma diferença horária de 21 horas entre elas devido à linha internacional da data, que se situa perto do meridiano de 180°. Isto significa que quando são 8 horas da manhã na ilha maior, o dia está a chegar ao fim na ilha mais pequena.

É por isso que são conhecidas como as “ilhas do amanhã e do ontem”, o que é acentuado pelo facto de os civis não poderem passar de uma para a outra. A diferença horária entre elas, apesar da sua proximidade, faz delas um fenómeno geográfico muito marcante.

Hotel Arbez (França/Suíça)

Situado na aldeia de La Cure, este curioso hotel foi construído no século XIX, mesmo na fronteira franco-suíça, depois de um tratado ter permitido a construção de novos edifícios na fronteira.

Tanto assim é que a passagem da fronteira passa pelo meio do edifício. É por isso que alguns quartos estão em França, outros na Suíça e outros em ambos os países!

Como curiosidade histórica, durante a Segunda Guerra Mundial, os nazis só puderam ocupar a parte francesa do hotel, o que permitiu que os refugiados se escondessem na parte suíça. Hoje, os hóspedes do Arbez podem dormir com a cabeça num país e os pés noutro.