Estarão os Jogos Olímpicos de Paris 2024 em risco devido à crise climática?
Aqueles que podem ser os Jogos Olímpicos mais quentes alguma vez registados estão a preocupar autoridades, comunidade científica e atletas devido aos riscos associados. Relatório sugere reagendamento do segmento. Conheça os detalhes!
Os Jogos Olímpicos de Paris poderão ser os Jogos mais quentes alguma vez registados, com a comunidade científica e atletas a alertarem que o calor intenso previsto para a competição poderá levar ao colapso dos atletas ou, no pior dos cenários, à morte durante a competição.
Um novo relatório denominado “Rings of Fire: Heat Risks at the 2024 Paris Olympics” publicado pela British Association for Sustainable Sport e a FrontRunners aconselha a alteração do calendário da competição desportiva para que esta possa decorrer nos meses mais frios, ou nas horas mais frescas do dia, por exemplo, à noite.
Para alcançar tais conclusões, os investigadores analisaram dados dos últimos 100 anos, desde que os Jogos foram realizados pela última vez em Paris em 1924, e descobriram que as temperaturas aumentaram em média 3,1 ºC nos meses olímpicos de julho e agosto.
Desde 1924, as temperaturas anuais na capital francesa aumentaram 1,8 ºC, enquanto, em média, há mais 23 dias “quentes” (25 ºC+) e mais nove dias “escaldantes” (30 ºC+) por ano.
A "cidade do amor" sofreu 50 ondas de calor desde 1947, e têm aumentado em frequência e intensidade como resultado da crise climática. Em 2003, em julho e agosto, a mesma altura em que se realizarão os próximos Jogos Olímpicos, uma onda de calor recorde resultou em mais de 14.000 mortes em excesso em França.
De braços cruzados com o futuro
A inação relativamente às alterações climáticas e a taxa contínua de utilização de combustíveis fósseis fizeram com que o mundo aquecesse muito nos últimos anos, e os casos de calor extremo que comprometem e prejudicam os eventos desportivos só aumentaram.
Os Jogos de 2021 realizados em Tóquio são já uma amostra desta situação alarmante. Com temperaturas acima de 34 ºC e humidade próxima de 70%, os Jogos foram descritos como “os mais quentes da História”.
Emma Pocock, chefe-executiva da FrontRunners.
O relatório afirma que o risco aumentado de calor extremo, bem como de humidade dificultam a regulação da temperatura corporal central dos atletas, prejudicando o desempenho físico, especialmente durante desportos de resistência, como maratonas.
Para os atletas que competem em condições de calor extremo, os riscos para a saúde vão desde queimaduras solares e cãibras provocadas pelo calor, até à exaustão pelo calor ou mesmo colapso devido a insolação, que é potencialmente fatal.
Assim, além de sugerir um reagendamento dos futuros Jogos Olímpicos de Verão, o relatório aconselha a inclusão de mais estratégias de reidratação e arrefecimento nos planos dos atletas e o aumento da sensibilização para a questão do sobreaquecimento na indústria desportiva.
A resposta oficial dos órgãos reguladores
O Comité Olímpico Internacional (COI) propôs um conjunto de medidas de mitigação para salvaguardar a saúde dos atletas, mas reconheceu o calor extremo como um problema crescente para o desporto em todo o mundo.
Declaração de consenso do COI sobre recomendações e regulamentos para eventos desportivos no calor.
Vários foram os atletas que testemunharam sobre a dificuldade de competir em altas temperaturas e em condições quentes. O jogador de rugby, Jamie Farndale, diz que o calor extremo “tira muito de ti” e também cria um jogo pior para os fãs que assistem.
Sebastian Coe, presidente da World Athletics, e duas vezes medalhista de ouro olímpico, disse que o impacto do aquecimento global sobre os atletas “pode ser variado e abrangente”, desde questões menores que afetam o desempenho, como perturbações do sono e alterações de última hora nos horários, a impactos graves na saúde, como stress e lesões relacionadas com o calor.