Estará o setor do turismo pronto a responder às alterações climáticas?
Há pouco mais de 10 anos, pedir a um hóspede que reutilizasse a sua toalha era considerado uma inovação no caminho para a sustentabilidade. 10 anos depois, o setor do turismo está em crescimento e pede-se muito mais a todos os envolvidos. Saiba mais aqui!
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A relação entre o setor turístico e as alterações climáticas é muito complexa. O turismo é vítima dessas alterações, mas contribui também significativamente para esta mudança. O clima é um recurso importante no turismo, influenciando a escolha do destino e o período de agendamento de uma viagem. Contudo, é também responsável pelas alterações climáticas através das emissões de gases e do uso de recursos naturais.
Segundo a UNEP – UN Environment Programme, o turismo é responsável por 8% do total de emissões de gases de efeito de estufa (GEE). Sabia que, se o turismo fosse um país, estaria em quinto lugar como maior poluente, atrás de países como Estados Unidos da América ou a China?
Glasgow's Low Emission Zone (LEZ) is an essential measure to improve air quality, protect public health and support wider climate change goals by encouraging the uptake of more sustainable transport options. Phase 1 applies to local service buses only. https://t.co/s3SW5joWQ2
— Glasgow Tourism (@GlasgowTourism) June 5, 2022
O crescimento da indústria da aviação e a sua relação com o turismo e as emissões
As viagens internacionais envolvendo voos de longa distância estão entre os setores que mais crescem a nível internacional, mesmo depois de um abrandamento durante o período mais crítico da pandemia. O número total de passageiros deverá chegar aos 4 mil milhões em 2024, superando os níveis pré-COVID-19 (crescimento de 103% do total de 2019) e aos 7,8 mil milhões por ano até 2036, segundo números da IATA – International Air Transport Association.
A indústria da aviação representa atualmente quase 2% de todas as emissões de CO2. Num estudo de 2018 publicado na Nature, os autores referem que os impostos sobre o carbono – em particular para a aviação – podem ser necessários para reduzir no futuro o crescimento descontrolado das emissões relacionadas com o turismo.
Como se está, então, a resolver o problema?
O Acordo Climático de Paris representou o primeiro compromisso de 195 países signatários para evitar as consequências das mudanças climáticas de origem humana, limitando o aquecimento global abaixo dos 2 ºC e de 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais. O IPCC (Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas) referiu, num relatório de 2018, a necessidade das emissões de CO2 a nível global caírem 45% até 2030 e de se atingir a neutralidade carbónica até 2050.
Há praticamente um ano, em resposta a estes desafios, a Organização Mundial do Turismo, decidiu acelerar o processo em direção a um turismo de baixo carbono, com a Declaração de Glasgow para a Ação Climática no Turismo no âmbito da participação na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26, em novembro de 2021).
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O secretário-geral da OMT, Zurab Pololikashvili, acredita que esta mudança é essencial, podendo ler-se numa nota publicada no site da organização: "É hora de agir. O turismo deve prosperar em harmonia com a natureza, e o número e variedade de empresas, destinos e outras organizações que se inscreveram na ambiciosa Declaração de Glasgow sobre Ação Climática. Esta mostra que o nosso setor está comprometido em fazer melhor".
Muitas são as empresas e organizações que se têm vindo a tornar signatárias dos compromissos assumidos na Declaração de Glasgow, estando certas dos desafios impostos. É o caso das marcas conhecidas do mercado turístico como Expedia Group, Booking Holdings e Condé Nast, que fazem parte dos atuais 612 signatários da declaração.
Também o Turismo de Portugal já se juntou à iniciativa, procurando acelerar a descarbonização dos operadores turísticos e envolver todas as cadeias de valor na remoção de carbono.
O desafio do turismo sustentável no planeta
Por último, este é um interesse e prioridade coletivos, para o qual ainda é necessário fazer muito, afirmando-se no programa One Planet Sustainable Tourism. Este visa acelerar o consumo e a produção sustentáveis nas práticas turísticas para enfrentar os desafios da poluição, da perda de biodiversidade e das alterações climáticas.