Estará o setor do turismo pronto a responder às alterações climáticas?
Há pouco mais de 10 anos, pedir a um hóspede que reutilizasse a sua toalha era considerado uma inovação no caminho para a sustentabilidade. 10 anos depois, o setor do turismo está em crescimento e pede-se muito mais a todos os envolvidos. Saiba mais aqui!
A relação entre o setor turístico e as alterações climáticas é muito complexa. O turismo é vítima dessas alterações, mas contribui também significativamente para esta mudança. O clima é um recurso importante no turismo, influenciando a escolha do destino e o período de agendamento de uma viagem. Contudo, é também responsável pelas alterações climáticas através das emissões de gases e do uso de recursos naturais.
Segundo a UNEP – UN Environment Programme, o turismo é responsável por 8% do total de emissões de gases de efeito de estufa (GEE). Sabia que, se o turismo fosse um país, estaria em quinto lugar como maior poluente, atrás de países como Estados Unidos da América ou a China?
O crescimento da indústria da aviação e a sua relação com o turismo e as emissões
As viagens internacionais envolvendo voos de longa distância estão entre os setores que mais crescem a nível internacional, mesmo depois de um abrandamento durante o período mais crítico da pandemia. O número total de passageiros deverá chegar aos 4 mil milhões em 2024, superando os níveis pré-COVID-19 (crescimento de 103% do total de 2019) e aos 7,8 mil milhões por ano até 2036, segundo números da IATA – International Air Transport Association.
A indústria da aviação representa atualmente quase 2% de todas as emissões de CO2. Num estudo de 2018 publicado na Nature, os autores referem que os impostos sobre o carbono – em particular para a aviação – podem ser necessários para reduzir no futuro o crescimento descontrolado das emissões relacionadas com o turismo.
Como se está, então, a resolver o problema?
O Acordo Climático de Paris representou o primeiro compromisso de 195 países signatários para evitar as consequências das mudanças climáticas de origem humana, limitando o aquecimento global abaixo dos 2 ºC e de 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais. O IPCC (Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas) referiu, num relatório de 2018, a necessidade das emissões de CO2 a nível global caírem 45% até 2030 e de se atingir a neutralidade carbónica até 2050.
Há praticamente um ano, em resposta a estes desafios, a Organização Mundial do Turismo, decidiu acelerar o processo em direção a um turismo de baixo carbono, com a Declaração de Glasgow para a Ação Climática no Turismo no âmbito da participação na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26, em novembro de 2021).
O secretário-geral da OMT, Zurab Pololikashvili, acredita que esta mudança é essencial, podendo ler-se numa nota publicada no site da organização: "É hora de agir. O turismo deve prosperar em harmonia com a natureza, e o número e variedade de empresas, destinos e outras organizações que se inscreveram na ambiciosa Declaração de Glasgow sobre Ação Climática. Esta mostra que o nosso setor está comprometido em fazer melhor".
Muitas são as empresas e organizações que se têm vindo a tornar signatárias dos compromissos assumidos na Declaração de Glasgow, estando certas dos desafios impostos. É o caso das marcas conhecidas do mercado turístico como Expedia Group, Booking Holdings e Condé Nast, que fazem parte dos atuais 612 signatários da declaração.
Também o Turismo de Portugal já se juntou à iniciativa, procurando acelerar a descarbonização dos operadores turísticos e envolver todas as cadeias de valor na remoção de carbono.
O desafio do turismo sustentável no planeta
Por último, este é um interesse e prioridade coletivos, para o qual ainda é necessário fazer muito, afirmando-se no programa One Planet Sustainable Tourism. Este visa acelerar o consumo e a produção sustentáveis nas práticas turísticas para enfrentar os desafios da poluição, da perda de biodiversidade e das alterações climáticas.