Estará a sua casa demasiado limpa? A ciência explica como o microbioma de uma casa pode influenciar o bem-estar
No que toca à limpeza do interior das habitações, há casas muito limpas e outras… muito pouco, no entanto há que encontrar um equilíbrio, segundo os especialistas. Fique a saber mais sobre este tema, connosco!
Nesta altura do ano, após um período de festas em que as casas dos portugueses geram mais lixo e acumulam mais sujidade, é comum apostar-se numa limpeza em grande escala. Seja a título particular, ou mesmo recorrendo a empresas especializadas para o efeito é natural que se aproveite o que resta do Sol para fazer limpezas profundas e dar um novo ar à sua casa.
Contudo, um novo estudo indica que higienizar a sua casa, de forma excessiva pode ser prejudicial, já que a manutenção de um microbioma equilibrado nas habitações ajuda a “educar” as nossas defesas, contribuindo para evitar algumas alergias e até algumas doenças autoimunes.
Para que serve o microbioma
O microbioma humano é uma espécie de assinatura única deixada por cada um de nós, que consiste na combinação de fatores como a genética, o ambiente que nos rodeia e os hábitos diários. Já o microbioma de uma habitação estará relacionado com os seus utilizadores e consiste no conjunto de bactérias, vírus e fungos que são gerados pela presença humana, mas também pela presença de animais de estimação, por baratas ou ratos e também pela água e pelo solo.
A ciência acredita que a manutenção de um microbioma doméstico saudável pode ser decisivo no bem-estar dos seus residentes e há até quem acredite que a introdução de probióticos poderá diminuir o risco de propagação de algumas doenças, já que criará mais defesas.
Assim, a presença de micróbios nas casas é normal: estes vivem em locais húmidos e morrem em locais mais secos e provêm essencialmente da pele humana. É importante salientar que existe um microbioma padrão para todas as casas, contudo a diversidade entre casas é enorme e é explicada pela distribuição geográfica das mesmas.
Quanto mais limpo, pior!
Geralmente, a tendência dos habitantes das casas é, em termos de limpeza, procurarem a esterilidade, através da eliminação completa de todos os micróbios. Desde novos que nos dizem que uma casa sem micróbios é uma casa saudável, contudo poderá não ser totalmente verdade.
Segundo um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade da Califórnia e da Universidade Northwestern, ambas nos Estados Unidos da América, chegou à conclusão que limpeza a mais poderá ter implicações nos habitantes das casas, do ponto de vista da saúde imunológica, endócrina e até neurológica.
A constante publicidade por parte de produtos de limpeza, bem como a situação pandémica levaram a que muitas pessoas acreditem ser possível eliminar a totalidade dos micróbios de casa, algo que é totalmente impossível. Contudo, sabe-se que a exposição adequada a agentes microbianos ajuda a “educar” o sistema imunológico para que ele não reaja a estímulos inofensivos (alergias) ou contra o nosso corpo (doenças autoimunes).
Por outro lado, a utilização excessiva de produtos de limpeza pode ter efeitos nefastos, nomeadamente na adequação dos micróbios a este tipo de produtos, tornando-os praticamente invencíveis. Quanto mais prolongada for a utilização deste tipo de produtos, maior será a probabilidade de os micróbios desenvolverem resistência aos mesmos.
Toda esta informação leva este estudo a apontar uma conclusão curiosa: as casas mais afastadas dos ecossistemas naturais tendem a ser mais prejudiciais para a saúde dos seus habitantes. No futuro, as próprias técnicas de construção podem incluir materiais probióticos que potenciem a criação de microbioma saudáveis.
Referência da notícia
The indoors microbiome and human health. Nature reviews. Microbiology, 22(12), 742–755. Gilbert, J. A., & Hartmann, E. M. (2024).