Espécie de rã minúscula e com presas, encontrada na Indonésia, é a mais pequena do mundo
As rãs com presas possuem dois dentes em miniatura, que utilizam para combater rivais e caçar presas de casca dura, como os caranguejos.
Os investigadores descobriram a espécie de rã com presas mais pequena do mundo durante uma expedição à floresta tropical montanhosa de Sulawesi, uma ilha acidentada da Indonésia.
Conhecida cientificamente como Limnonectes phyllofolia, a rã que vive em riachos é muito mais pequena do que os seus parentes próximos encontrados na região. A sua descoberta foi detalhada num novo estudo, publicado na revista PLoS ONE.
"Esta nova espécie é minúscula quando comparada com outras rãs com presas da ilha onde foi encontrada, com o tamanho aproximado de uma moeda", disse Jeff Frederick, autor principal do estudo e investigador de pós-doutoramento no Field Museum, em Chicago.
"Muitas rãs deste género são gigantes e pesam até dois quilos (...) esta nova espécie pesa aproximadamente o mesmo que uma moeda de dez cêntimos."
A particularidade das rãs com presas
Embora muitas rãs tenham dentes, a maioria dos exemplos não são particularmente impressionantes, aparecendo como pequenos alfinetes nos maxilares superiores ou inferiores. Por outro lado, género Limnonectes, está repleto de rãs que pareceriam bastante adequadas para saltitar nos terrenos do Castelo Drácula.
As suas duas presas pontiagudas sobressaem da mandíbula inferior, dando às rãs armas úteis para caçar presas de casca dura, como caranguejos e centopeias, e para se defenderem dos predadores.
Existem cerca de 75 destas rãs com presas, distribuídas pelo sudeste asiático. Foi aqui, em Sulawesi, que uma equipa conjunta de investigação de anfíbios e répteis dos EUA e da Indonésia notou algo inesperado enquanto caminhava pela floresta tropical.
Em cima de árvores e de rochedos cobertos de musgo haviam pequenos aglomerados de gelatina - os ninhos das rãs.
"Normalmente, quando procuramos rãs, examinamos as margens dos cursos de água ou atravessamos os cursos de água para as ver diretamente na água", disse Frederick. "No entanto, depois de monitorizar repetidamente os ninhos, a equipa começou a encontrar rãs sentadas em folhas a abraçar os seus pequenos ninhos."
Mapeamento da biodiversidade
Como explicam os investigadores, a proximidade das rãs aos seus ninhos era prova de que os machos estavam a guardar as suas crias ainda não nascidas - um comportamento relativamente pouco comum entre as rãs.
Esta é uma outra área em que as presas das rãs são úteis, como forma de se defenderem das rãs rivais e de ocuparem os melhores locais de nidificação. No entanto, à medida que a Limnonectes phyllofolia cria as suas crias longe do burburinho anfíbio dos riachos de Sulawesi, os autores colocam a hipótese de a espécie poder ter perdido a necessidade de presas grandes, como os seus parentes próximos.
Segundo os autores, esta descoberta realça a importância da preservação dos habitats tropicais, muitos dos quais continuam ameaçados por atividades humanas destrutivas, como a desflorestação. Apesar disso, continuam a dar origem a novas espécies fascinantes e a outras descobertas, o que constitui um forte argumento a favor de melhores esforços de conservação.