Especialistas afirmam que a saúde da população está diretamente ameaçada pela subida de temperatura do Globo: saiba como

Um relatório da Organização Mundial de Saúde, OMS, aponta que as mudanças no tempo e no clima causam uma das emergências de saúde mais urgentes que se enfrentam atualmente.

Globo quente
Nos últimos 10 anos o planeta tem batido recordes de temperatura consecutivos.

Ainda segundo a OMS, as mudanças climáticas provocam pelo menos 150 mil mortes ao ano, número que deve dobrar até 2030. Aumento de temperatura, derretimento de glaciares e degradação ambiental são alguns dos problemas rapidamente associados à crise climática, mas que não são os únicos; a saúde da população está diretamente ameaçada por essas mudanças.

Impactos no nosso corpo devido à subida de temperatura que se tem verificado no globo

Neste artigo serão apresentados os impactos na saúde devido às temperaturas elevadas e não devido a outras situações extremas, como, por exemplo, inundações e secas.

Com 2024 a marcar o ano mais quente de que há registo e o planeta a ultrapassar, pela primeira vez, 1,5 °C de aquecimento em relação às temperaturas pré-industriais, é urgente considerar a forma como as alterações climáticas têm afetado a saúde humana e como a afetará a longo prazo.

Segundo o IPCC, se o planeta alcançar 2 °C a mais em relação à temperatura pré-industrial, os impactos podem ser intensos e generalizados. Caso isso ocorra, um terço da população mundial seria regularmente exposta a um calor severo, recifes de corais de água quente seriam destruídos e o gelo do mar Ártico derreteria inteiramente pelo menos um verão por década.

De acordo com Dann Mitchell, autor de um artigo da Nature, as consequências para os nossos corpos da exposição repetida ao calor, à seca e ao fumo dos incêndios florestais vão aumentar, mas as avaliações climáticas ainda não estão a ter isto em conta.

Alguns efeitos das alterações climáticas podem ser claramente associados a consequências para a saúde. É possível registar as mortes por insolação, como as mais de 1000 vítimas mortais que ocorreram durante a peregrinação a Meca, na Arábia Saudita, em junho passado.

Também é fácil medir o impacto nas pessoas idosas e nos bebés nas semanas que se seguem a uma vaga de calor, quando os seus corpos têm dificuldade em lidar com o stress dos dias quentes e não conseguem recuperar durante as noites quentes.

Ondas de calor
As ondas de calor têm um impacto a curto e a longo prazo na saúde.

Anos de exposição regular a ondas de calor e secas podem levar a doenças renais devido a sucessivos episódios de desidratação e desequilíbrios eletrolíticos. A má qualidade do sono, que é comum nas noites quentes, está associada à diminuição da saúde física e mental, ao declínio cognitivo e ao comprometimento da função imunitária, fatores que se podem acumular ao longo do tempo.

As ondas de calor também estão a ficar mais húmidas, limitando a nossa capacidade de arrefecimento, e as noites estão a ficar mais quentes, reduzindo o tempo que poderíamos descansar e recuperar, prejudicando a nossa capacidade de adaptação ao aumento do calor.

As forças combinadas de aumento de calor, maior humidade e noites mais quentes sobrecarregam os sistemas que arrefecem os nossos corpos e quando fica demasiado quente durante muito tempo, pode começar o descontrolo.

Empurrar o sangue em direção à pele obriga o coração a trabalhar mais, ao mesmo tempo que reduz o fornecimento de sangue rico em oxigénio ao coração. Ao longo de várias horas, isto pode levar à escassez de oxigénio no coração e, eventualmente, à insuficiência cardíaca, podendo provocar a morte.

Outra das causas de morte provocada pelo calor é o facto dos pulmões falharem devido ao stress de lidar com o calor, em parte devido à falta de oxigénio.

Quando a temperatura interna de uma pessoa atinge cerca de 38° C, pode sofrer exaustão pelo calor, o que pode provocar desmaios, dor de cabeça, tonturas e suores intensos.

Se não for controlada, a exaustão pelo calor pode evoluir para insolação. Aqui, a temperatura corporal ultrapassa os 40° C. O calor pode matar as células e interferir com o funcionamento dos órgãos. Os sintomas incluem pele quente e seca, delírio e até convulsões. Sem intervenção imediata, a insolação pode levar à falência de órgãos, lesões permanentes e morte.

Calor
Nas situações de calor extremo é importante manter o corpo hidratado

Até a transpiração pode ter os seus riscos. Se não beber água suficiente enquanto transpira, o seu corpo começa a ficar desidratado. A desidratação pode engrossar o sangue, colocando ainda mais pressão no coração.

O desenvolvimento dos fetos é afetado pelas condições a que eles e as suas mães estão expostos e terá um impacto na sua saúde futura. Por exemplo, estudos demonstram que as pessoas que foram expostas a períodos de tempo quente e seco enquanto estavam no útero têm uma maior probabilidade de sofrer de tensão arterial elevada em adultos, décadas mais tarde.

Quais as medidas de prevenção a tomar

Os especialistas de saúde afirmam que as pessoas devem manter-se bem hidratadas em climas quentes, ligar o ar condicionado, se disponível, ou, se possível, encontrar um centro de arrefecimento ou um local público com ar condicionado.

Quase todas as mortes relacionadas com o calor são evitáveis.

Recomendam ainda que as pessoas devem permanecer em ambientes fechados e evitar atividades vigorosas durante as horas mais quentes do dia. Colocar uma toalha fria à volta do pescoço, usar ventoinhas em dias quentes e húmidos ou mergulhar as mãos ou os pés num banho de água fria também pode ajudar.

Mitigar os efeitos das ondas de calor na saúde exige uma combinação de ações pessoais e sociais para manter seguros os mais vulneráveis.