Espanha acolhe congresso mundial do azeite e dá IVA zero ao ‘ouro líquido’
Madrid é a cidade anfitriã do congresso mundial do azeite, de 26 a 28 de junho. Espanha, que é o maior país produtor e exportador do mundo e o segundo com mais consumo per capita (a seguir à Grécia), aplicou IVA zero ao ‘ouro líquido’.
“Prove, desfrute, é azeite”. Este é o lema do congresso mundial do azeite, organizado pelo Conselho Oleícola Internacional (COI), o Centro Internacional de Estudos Agronómicos Avançados do Mediterrâneo (CIHEAM, na sigla em inglês) e a Fundação Dieta Mediterrânica.
Durante três dias, a capital espanhola recebe mais de 250 congressistas, entre olivicultores, embaladores, grossistas, distribuidores, provadores, cientistas, académicos e outros especialistas, também de Portugal. Vão debater a produção de azeite em contexto de alterações climáticas, a genética e a produção vegetal, os desafios nos processos de fabrico e a transformação digital e a valorização dos subprodutos. A qualidade e segurança dos produtos oleícolas, as propriedades sensoriais e a comunicação e o marketing associados a este alimento também vão estar em discussão.
“O congresso mundial do azeite não é só um fórum de apresentação das melhores soluções tecnológicas, mas também um espaço de troca de conhecimento e de criação de redes entre profissionais”. Quem o diz é Ramzi Belkhodja, presidente do comité científico e coordenador de Produção, Sanidade e Melhoramento Vegetal do CIHEAM, entidade sediada em Saragoça e que agrega 13 países (Albânia, Argélia, Egito, França, Grécia, Itália, Líbano, Malta, Marrocos, Portugal, Espanha, Tunísia e Turquia).
“Queremos que este encontro mundial sirva para valorizar o azeite e transmitir os seus benefícios à sociedade”, reforça a organização. Para tal, reúnem os mais qualificados profissionais do setor com vista a promover a transferência de conhecimento sobre o azeite para todos os elos da fileira. Também vão ser partilhadas histórias de sucesso e as melhores ferramentas de marketing e vendas, como forma de ajudar os operadores do setor a melhorarem a eficácia comercial.
Preço do azeite aumentou 69% em Portugal
O Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação de Espanha revelou em abril que a produção de azeite terá atingido 845 mil toneladas, mais 10% face à previsão inicial - 765,362 toneladas -, avançada no início das colheitas.
Se tal se confirmar, estamos perante um aumento de 27% face à campanha anterior, que foi anormalmente baixa, devido à seca. Ainda assim, estes volumes de produção ficam cerca de 33% abaixo da média dos últimos 10 anos no país vizinho.
Estimativas publicadas pelo Conselho Oleícola Internacional em novembro previam que a produção global deverá ter atingido as 2,407,000 toneladas em 2023/24.
Em Portugal, a fileira oleícola é estratégica na política agrícola e na economia. A produção na última campanha (2023/2024) terá ficado entre as 150 a 160 mil toneladas de azeite. Valores acima das 126 mil toneladas da campanha de 2022/2023, mas ainda longe das 209 mil toneladas registadas em 2021, o melhor ano de Portugal.
Os últimos dados (até 19 de maio) divulgados pelo Observatório de Preços do setor agroalimentar mostram que o preço médio do azeite virgem extra estava estabilizado nos nove euros/litro. O certo é que, segundo dados divulgados em 27 de fevereiro pelo Eurostat, o preço subiu 69% em janeiro. O aumento médio do preço do azeite na UE foi de 50% no primeiro mês de 2024.
Em Espanha, os preços do azeite subiram 67% em janeiro. Uma situação que levou o governo de Pedro Sanchez a decidir, esta semana, englobar este produto no cabaz de produtos de primeira necessidade, que fica sujeito a IVA zero até 30 de setembro. A partir dessa data, passa a pagar 2% de IVA, chegando aos 4% em 2025.
Azeite é antioxidante e reduz risco cardiovascular
O azeite é um alimento associado à cultura mediterrânica, uma gordura de excelência e um ingrediente central da nossa gastronomia. Composto maioritariamente por ácidos gordos monoinsaturados, com predominância do ácido oleico, deve ser a principal fonte de gordura na nossa alimentação.
Obtido diretamente da moagem da azeitona, utilizando apenas processos mecânicos (Regulamento (CE) nº 1513/2001 do Conselho, de 23 de julho de 2001), o azeite pode adquirir várias classificações. O “virgem extra” é o azeite de categoria superior, cuja acidez livre, expressa em ácido oleico, não deve ultrapassar 0,8%.
Está cientificamente demonstrado que o consumo de azeite, em doses moderadas, ajuda a uma correta digestão dos alimentos, a manter um nível adequado de colesterol no sangue e a diminuir o risco cardiovascular. Está igualmente associado a um aumento da capacidade antioxidante e anti-inflamatória.