Vulcão islandês pode voltar a causar problemas
Um dos muitos vulcões localizados na Islândia está a “demostrar vontade” de voltar às erupções. Este exemplar, de grandes dimensões, tem o potencial para causar constrangimentos a vários níveis, em todo o Hemisfério Norte. Fique a saber tudo connosco!
O vulcão denominado Grimsvotn é um conjunto de cones vulcânicos que se elevam, no ponto mais alto, 1719 metros acima do nível médio das águas do mar, está localizado a cerca de 220 km a Leste da capital islandesa, Reykjavik, sendo que é o principal candidato a uma próxima erupção explosiva. Em média, ocorre uma erupção vulcânica na Islândia a cada 4 ou 6 anos.
Desde o passado mês de outubro de 2020 que o Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR), da Universidade dos Açores, ajuda a monitorizar um aumento da atividade vulcânica naquela área. Através da análise de “vários parâmetros geofísicos e geoquímicos”, o Instituto Meteorológico da Islândia (IMO, na sigla em inglês) concluiu que a atividade vulcânica tem aumentado gradualmente nos últimos tempos.
Segundo o IVAR, durante o mês de setembro de 2020 a atividade sísmica em redor do vulcão esteve acima da média, tal como a atividade geotérmica. Assim, o Grimsvotn atingiu um nível de reativação comparável ao das erupções históricas de 2004 e 2011. Contudo, isto não significa que a erupção esteja iminente. É mais provável, sem dúvida, e pode ocorrer com um “curto tempo de aviso, como ocorreu na erupção de 2011”.
Já no final do passado mês de março (2021) registou-se uma erupção noutro vulcão localizado no Sudoeste da ilha, que continua a decorrer (sem grandes impactos no dia-a-dia dos islandeses). Caracterizou-se por ser uma erupção de pequena escala, criando rios de lava que corriam em direção aos oceanos e que até se tornaram numa espécie de atração turística. Porém, o Grimsvotn tem potencial para ser muito mais violento, podendo ter uma erupção explosiva, tal como a que se verificou em 2011.
O ano de 2011, foi o último ano em que se registou uma erupção no Grimsvotn. Essa erupção caracterizou-se pela sua violência e pela quantidade de energia libertada: as cinzas elevaram-se a cerca de 20 km de altitude, tendo responsabilidade direta na suspensão de cerca de 900 voos comerciais durante vários dias.
A erupção do Grimsvotn causou sérios problemas nas ligações aéreas entre a Europa e a América do Norte, depois de no ano anterior, 2010, a erupção do vulcão Eyjafjallalokull ter criado uma nuvem de cinzas que chegou ao Norte da Península Ibérica, tendo sido responsável pelo cancelamento de 95 000 voos.
Islândia, onde o fogo encontra o gelo
A Islândia é um território insular de origem vulcânica, localizado no Atlântico Norte, inserido numa das regiões vulcânicas mais ativas do planeta. Historicamente, as erupções ocorridas naquela área têm potencial para impactar significativamente o continente europeu e a metade Norte do continente americano.
A localização da ilha, precisamente sobre uma falha tectónica (divisão entre as placas Euroasiática e Norte Americana) e o facto de ser uma elevação acima do nível médio das águas do mar da dorsal mesoatlântica (crista oceânica do Atlântico), maioritariamente submersa, são fatores responsáveis pela forte atividade sísmica que se regista durante todo o ano.
As duas placas tectónicas identificadas estão constantemente a afastar-se, provocando desta forma a “destruição” da ilha. Este fenómeno é compensado pela constante ascensão de material do manto (rocha derretida) no hotspot da Islândia. O magma que se encontra no interior da Terra encontrou o seu caminho para a superfície por um percurso onde encontrou menos resistência contribuindo assim para a construção de uma ilha, neste caso, a islandesa.
De salientar que tanto o vulcão Grimsvotn, como o Bardarbunga (localizados na mesma área), se encontram sob o maior glaciar da Islândia e da Europa, o Vatnajokull. Este glaciar cobre uma área com cerca de 7900 km2, com todo um ecossistema associado que pode ser destruído aquando das erupções vulcânicas.
A passagem da água do estado sólido para o estado gasoso, por ação da erupção vulcânica, bem como os detritos e os gases emitidos por uma erupção explosiva podem ter impactos, na vida humana, nos transportes e nas comunicações.