Época de incêndios no Canadá começa mais cedo do que o previsto e com grandes ocorrências

Temporada de incêndios no Canadá começa mais cedo do que o previsto e ameaça igualar o catastrófico ano passado, onde foram emitidas milhões de toneladas de carbono. Conheça os pormenores.

incêndios Canadá
Autoridades canadianas mostram preocupação pela antecipação da temporada de incêndios, que pode relembrar 2023.

Depois de um ano de intensa atividade em 2023, em que o Canadá viu cerca de 18 milhões de hectares de terras serem calcinadas por violentos incêndios rurais, e que foram responsáveis pela emissão de aproximadamente 480 milhões de toneladas de carbono, eis que a temporada de incêndios deste ano se mostra já significativamente violenta.

Tudo indica que a intensidade e a extensão do fogo repetirão o padrão destruidor de 2023. Esta época de incêndios começou igualmente mais cedo, tal como a anterior, e o mais feroz evento deu-se já no início de maio (9) na Colúmbia Britânica.

Este incêndio provocou a evacuação de milhares de pessoas, e o fogo chegou a preocupar a cidade de Fort Nelson, no nordeste da Colúmbia Britânica. Segundo o serviço de combate a incêndios desta província canadiana o fogo esteve a apenas 2 quilómetros a noroeste da cidade, que levou à evacuação de cerca de 3.500 pessoas, depois de ter sido emitida uma ordem de retirada.

Também em Fort McMurray, na vizinha Alberta e em Cranberry Portage, na província de Manitoba, milhares de pessoas foram orientadas a abandonar as suas habitações devido à proximidade das chamas. Já em 2016 Fort McMurray foi ladeada pelo fogo e mais de 90 mil pessoas foram forçadas a deixar a cidade, por motivos idênticos.

A província de Alberta é conhecida por ser lugar de intensa extração de betume, que é depois transformado em petróleo bruto sintético e é responsável por uma importante fatia da produção canadiana, pelo que o potencial de encerramento da produção preocupa, sobretudo já num mercado vulnerável às tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Rússia.

As condições extremamente secas e ventos forte têm alimentado as chamas nos últimos dias. A diminuição da neve, o aumento das temperaturas e o agravamento da seca são marcas da crise climática e pautam o momento neste país e, por esse motivo, prevê-se que continuem a fomentar incêndios maiores e mais intensos em todo o território.

A poluição causada pelo fumo dos incêndios pode ser tóxica e ter sérios efeitos a longo prazo na saúde.

Nota positiva para a chuva que caiu nas últimas horas e ajudou a acalmar muitos dos incêndios, ainda que a situação continue fora de controle em muitos outros. Estas chuvas de pouco servirão a médio e longo prazo, já que os combustíveis estarão, em breve, novamente prontos para arder.

Para já, as autoridades canadianas mostram preocupação por três incêndios considerados prioritários, todos na província da Colúmbia Britânica, o maior deles com uma área de interesse superior a 71.000 hectares.

O Canadá está no nível 3 de 5 de preparação nacional, o que indica que a atividade de incêndios está a aumentar. As províncias de Alberta (4), Minetoba (3) e Colúmbia Britânica (3) são as que apresentam níveis de preparação mais elevados.

Fumo dos incêndios desencadeou alertas de qualidade do ar no Canadá e nos EUA

Os incêndios no Canadá também têm afetado os Estados Unidos da América e fizeram disparar alertas devido à má qualidade do ar na semana passada nos estados de Montana, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Minnesota, Wisconsin e Iowa, devido ao fumo proveniente destes.

Já no ano passado os incêndios no Canadá provocaram intensas nuvens de fumo que percorreram o globo. Como se disse, os eventos catastróficos de 2023 foram responsáveis pela emissão de aproximadamente 480 milhões de toneladas de carbono.

A poluição causada pelo fumo dos incêndios pode ser tóxica e ter sérios efeitos a longo prazo na saúde. O Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copernicus (CAMS) acompanha o transporte destas emissões, bem como a sua composição, e ajuda a prever a direção em que o fumo se poderá mover.

De acordo com as estimativas do CAMS, as emissões de carbono dos incêndios florestais no Canadá estão relativamente altas no início de maio, apenas abaixo das emissões provenientes dos incêndios devastadores de 2023 e 2019.

"Após os incêndios florestais de grande impacto que atingiram o Canadá em 2023, a escala e a intensidade dos atuais incêndios na Colúmbia Britânica são altamente preocupantes no início da temporada. A escala dos incêndios em curso e os seus impactos nas comunidades locais e na atmosfera, sublinham a necessidade urgente de monitorização e avaliação contínuas".

Mark Parrington, cientista sénior do CAMS.

As emissões totais estimadas de carbono dos incêndios rurais de 1 a 15 de maio ascendem a cerca de 15 megatoneladas, dos quais os incêndios da Colúmbia Britânica representam mais de 12 megatoneladas.