Época de incêndios histórica no Alasca

O Alasca tem registado, nos últimos anos, desvios do clima histórico, relacionados com eventos climáticos extremos, e as épocas de incêndios intensos que têm ocorrido são um reflexo dessa mudança de clima.

Incêndio
Tem-se registado nos últimos anos um agravamento dos incêndios no Alasca.

Os incêndios florestais nos últimos anos no Alasca têm batido recordes em termos de intensidade, com épocas de incêndios nas quais mais de um milhão de hectares são queimados, o que representa uma área ardida duas vezes maior do que há 30 anos.

Época de incêndios 2022

Tudo indica que este ano o Alasca irá registar mais um ano histórico de incêndios, tendo o início da época ocorrido mais cedo que o normal.

Este ano, o maior incêndio florestal (em mais de um quarto de século) no Alasca, que ocorreu em abril, atingiu mais de 4 mil hectares.

Em meados de junho de 2022, mais de 400 mil hectares foram queimados. No início de julho, o valor de área queimada era superior a 800 mil hectares, mais do que o dobro de uma típica temporada de incêndios no Alasca.

Causas do agravamento dos incêndios em 2022

Segundo Rick Thoman, especialista em Clima do Alasca, da Universidade do Alasca, em Fairbanks, são vários os fatores que têm contribuído para uma época de incêndios muito ativa.

Esses fatores são fundamentalmente climáticos. O facto de ter existido uma primavera quente, queda de neve abaixo do normal no inverno e um aumento de tempestades com ocorrência de raios, juntamente com o aquecimento dos últimos anos, que permitiu que a vegetação crescesse no sudoeste do Alasca, são as principais razões para estarmos a assistir a uma época histórica de incêndios.

As tempestades que têm ocorrido têm tido um elevado número de raios, muito acima da média. No interior registaram-se 18 mil raios em dois dias no início de julho.

Relâmpagos
A ocorrência de relâmpagos pode desencadear a deflagração de um incêndio.

As temperaturas têm sido consistentemente mais quentes do que em qualquer altura do século passado. Este aquecimento varia muito em todo o estado, com as regiões norte e oeste a aquecer o dobro da taxa do sudeste do Alasca. De referir também que a temporada de cobertura de neve tornou-se mais curta.

O facto de existir mais combustível, mais raios, temperaturas mais altas e baixa humidade tem como consequência que os incêndios que ocorrem atualmente nada têm a ver com os que ocorriam há 150 anos.

Hoje em dia os incêndios queimam mais profundamente o chão, então, em vez de apenas queimar as árvores e a vegetação rasteira, eles consomem tudo, e o que resta é uma paisagem lunar de cinzas.

Impactos na população

A maior parte dos incêndios no Alasca não atingem regiões povoadas, mas sim extensas áreas de vegetação. No entanto o impacto nas pessoas acontece através dos fumos, que viajam a longas distâncias, podendo atingir áreas habitáveis.

Fumos de incêndio
Os fumos libertados pelos incêndios podem percorrer grandes distâncias, dependendo da intensidade do vento, nos níveis baixos e médios da atmosfera.

Ainda no início de julho, ocorreram incêndios a norte do Lago Iliamna, no sudoeste do Alasca, e os ventos de sudeste transportaram os fumos a centenas de quilómetros, afetando a localidade Nome, a mais de 600 km de distância.

O índice de qualidade do ar no hospital em Nome ultrapassou 600 partes por milhão de PM2,5, partículas muito finas que podem desencadear asma e prejudicar os pulmões. Acima de 150 ppm já é considerado prejudicial para a saúde e mais de 400 ppm é considerado perigoso.
De acordo com as Nações Unidas o risco de incêndios florestais catastróficos em todo o mundo pode aumentar em um terço até o ano de 2050 – afetando não apenas o oeste dos Estados Unidos, Canadá e Alasca, mas também a Austrália, a Índia, a Amazônia e outras regiões.