Empresas conserveiras compram cinco mil toneladas de sardinhas para abastecer a indústria

As marcas de conservas de peixe Briosa, Comur, Minerva, Porthos, Ramirez e Vasco da Gama compraram à Propeixe cerca de cinco mil toneladas de sardinha. O negócio garante matéria-prima à indústria e apoia a pesca e os pescadores.

SARDINHA
A sardinha é uma fonte alimentar de ácidos gordos do tipo ómega 3, sendo igualmente rica em cálcio e em vitamina D.

O negócio firmado na última semana entre as marcas conserveiras Briosa, Comur, Minerva, Porthos, Ramirez e Vasco da Gama e a organização de produtores Propeixe não surge por acaso.

Vem no seguimento de um acordo, assinado em novembro do ano passado, para o abastecimento de 14 mil toneladas de sardinha entre novembro de 2023 e dezembro de 2024, estabelecido entre a Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (Anopcerco) e a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP).

A compra, nesta primeira semana de junho, de cerca de cinco mil toneladas de sardinha à organização de produtores Propeixe marca “um significativo compromisso no início da safra de 2024”, diz a ANICP. E surge após a reabertura, às zero horas do dia 2 de maio, da pesca da sardinha (Sardenha pilchardus) para este ano, determinada pelo Despacho nº 4702-A/2024, do ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes.

José Maria Freitas, presidente da Associação dos Industriais de Conservas e presidente da empresa Cofisa, na Figueira da Foz, diz tratar-se de um “fornecimento robusto” de matéria-prima à indústria conserveira, que “garante a continuidade da produção nacional das nossas conservas de sardinha portuguesa”.

Ao mesmo tempo, esta parceria com a Propeixe “fortalece o compromisso” dos industriais de conservas “com a qualidade e a sustentabilidade dos produtos oferecidos ao consumidor”, permitindo às empresas disporem de “matéria-prima de alta qualidade” e “reforçarem o apoio aos produtores locais, incentivando práticas de pesca sustentável e fortalecendo a economia nacional”.

Ómega 3, cálcio e vitamina D

A sardinha, muito caraterística desta época do ano em que se celebram os santos populares, é uma fonte alimentar de ácidos gordos do tipo ómega 3, ou seja, de ácido eicosapentenóico (EPA) e ácido docosahexanóico (DHA), seja quando é consumida em fresco ou em conserva.

O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral da Saúde (DGS) refere isso mesmo, elogiando as propriedades da sardinha, cujos nutrientes “contribuem para o normal funcionamento do coração, dentro de um estilo de vida saudável e uma dieta variada e equilibrada”.

Quanto à vitamina D, está demonstrado que o consumo de duas a três sardinhas de tamanho médio supera o valor diário recomendado destas substâncias orgânicas.

Quando consumida em conserva e com espinhas, é igualmente rica em cálcio, diz a DGS. E, quanto à vitamina D, está demonstrado que o consumo de duas a três sardinhas de tamanho médio supera o valor diário recomendado destas substâncias orgânicas.

Portugal tem 66,5% da sardinha ibérica

A pesca da sardinha ibérica é gerida de forma conjunta e coordenada por Portugal e Espanha, de acordo com o princípio da boa governança e em respeito por um plano plurianual para o período de 2021 a 2026.

Para além de integrar uma regra de exploração para a fixação do nível anual das capturas, o plano plurianual inclui medidas complementares direcionadas para a proteção dos juvenis e para o reforço das campanhas científicas de avaliação do estado do recurso.

Pesca
A reabertura da pesca da sardinha em Portugal foi assinalada pela secretária de Estado das Pescas, Cláudia Monteiro de Aguiar, no dia 2 de maio, na Figueira da Foz.

A regra de exploração da sardinha prevista no plano foi validada pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar, estando “conforme com os princípios da Política Comum das Pescas, que privilegiam a abordagem plurianual e de precaução”, refere o Ministério da Agricultura e Pescas de Portugal, numa nota divulgada no dia 2 de maio.

Este ano, Portugal e Espanha decidiram iniciar a campanha de pesca aplicando a regra de exploração indicada no último parecer do Conselho Internacional para a Exploração do Mar. Coube a Portugal 66,5 % do valor total a explorar. O despacho estabelece ainda vários limites diários de quantidades e calibragem de sardinha capturada, descarregada e/ou colocada à venda.

A reabertura da pesca da sardinha em Portugal foi assinalada pela secretária de Estado das Pescas, Cláudia Monteiro de Aguiar, no dia 2 de maio, na Figueira da Foz, a convite da Cooperativa de Produtores de Peixe do Centro Litoral.