El Niño pode elevar o aquecimento global a novos recordes, ultrapassando a previsão de aumento de 1,5 ºC
A iminente formação do fenómeno El Niño, no final de 2023, pode desencadear um aumento nas temperaturas globais, responsável por ultrapassar o limite crítico de 1,5 ºC.
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A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu recentemente o alerta sobre a formação do fenómeno climático El Niño para este ano, prevendo um aumento significativo nas temperaturas globais e a possibilidade de ultrapassar a marca crítica de 1,5 ºC de aquecimento.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) estimava, em junho deste ano, que o risco de formação do El Niño atingiria os 60% até o final de julho e aumentaria para 80% até o final de setembro. Recentemente, várias individualidades falam da possibilidade de o El Niño ultrapassar todas as evidências previstas pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).
Alerta de aquecimento global extremo à medida que o fenómeno se desencadeia
De qualquer forma, conviria definir o El Niño como um fenómeno climático natural, conhecido por desencadear uma série de eventos climático-meteorológico extremos. Geralmente, este fenómeno está associado ao aumento das temperaturas e à seca em algumas regiões, enquanto noutras ocorre sob a forma de precipitações intensas.
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Se o El Niño se concretizar conforme previsto, durante este ano, poderá resultar num novo pico de aquecimento global, elevando as temperaturas a níveis nunca vistos.
A última vez que o El Niño ocorreu, em 2018-2019, foi precedido por um episódio particularmente longo de La Niña, que teve os efeitos opostos, contribuindo para atenuar os efeitos do aumento da temperatura do ar.
O efeito do El Niño na temperatura do ar costuma sentir-se no ano seguinte ao surgimento do fenómeno, o que significa que o impacte provável será mais significativo em 2024. As últimas evidências colocam em ênfase a necessidade do mundo se preparar para as consequências, realçando-se a necessidade de estabelecer sistemas de alerta precoce para proteger as comunidades mais vulneráveis.
El Niño desafia a previsibilidade e pode ultrapassar limiares do IPCC
É importante notar que não existem dois El Niños com comportamentos idênticos, e os efeitos variam de acordo com a época do ano. Os vários serviços meteorológicos nacionais, como no caso português, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), serão responsáveis pela monitorização da evolução do fenómeno ao longo do tempo. O El Niño ocorre, em média, entre cada dois a sete anos e geralmente tem uma duração entre nove e doze meses.
"if this El Nino peak is as high as we project it will be, global temperature will oscillate about the yellow region... There will be no need to ruminate for 20 years about whether the 1.5°C level has been reached, as IPCC proposes."https://t.co/d5G2Liyw8x pic.twitter.com/am9hnAAWvV
— Glen Peters (@Peters_Glen) October 16, 2023
O El Niño está também associado ao aquecimento das temperaturas da superfície do oceano do Pacífico central e oriental e, por outro, um aumento da precipitação em algumas partes do sul da América do Sul, a sul dos Estados Unidos, em partes de África e na Ásia Central. No entanto, destacar-se-ão as consequências sob a forma de seca severa a extrema na Austrália, Indonésia e no sul da Ásia.
Com o El Niño em desenvolvimento e o fim do recente período de La Niña, investigadores internacionais alertam que o aquecimento global está num ritmo de aceleração muito preocupante e que pode ultrapassar os limiares relatados no IPCC. O aumento previsto de 1,5 ºC em relação aos valores pré-Revolução Industrial é uma marca crítica que, se ultrapassada, pode desencadear impactes climáticos significativos.
A Humanidade enfrenta, assim, um desafio premente para mitigar os efeitos decorrentes das mudanças climáticas e mitigar os efeitos do aquecimento global.