Efeito da mudança climática na região sudoeste do Pacífico

O sudoeste da Ásia, assim como a Austrália, Nova Zelândia e as ilhas do Pacífico são algumas das regiões do mundo mais afetadas pelas mudanças climáticas.

Oceano Pacífico
A região sudoeste do Oceano Pacífico é uma das regiões do globo que tem sofrido mais os impactos da mudança climática.

Os impactos do aquecimento da atmosfera têm-se feito sentir em todo o globo, mas existem regiões onde as ameaças têm sido maiores, como é o caso da região sudoeste do Pacífico.

Os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento da região estão cada vez mais vulneráveis a estas mudanças uma vez que a subsistência dos habitantes depende da pescaria, turismo e aquicultura.

Aquecimento do Oceano

De acordo com um relatório recente da Organização Meteorológica Mundial (OMM), as temperaturas da superfície do mar no sudoeste do Oceano Pacífico estão a aumentar a um nível mais de três vezes superior à média global.

Em 2020, a região da Grande Barreira de Corais da Austrália sofreu uma grande onda de calor. Em fevereiro de 2020, as temperaturas da superfície do mar na região foram 1,2 °C acima da média de 1961-1990, o que faz de fevereiro de 2020 o mês mais quente de que há registo. As elevadas temperaturas afetaram todo o recife e foi relatado um branqueamento generalizado do coral, o terceiro evento de branqueamento em massa nos últimos cinco anos.

A OMM alertou que se a temperatura global subir 2 °C acima dos níveis pré-industriais, existe o risco de 90% dos recifes de coral no Triângulo de Coral e na Grande Barreira de Coral poderem enfrentar uma degradação grave.

O aquecimento dos oceanos, assim como a sua desoxigenação e acidificação estão a mudar o padrão de circulação e a química das águas. Estas alterações forçam os peixes e o plâncton a migrar para latitudes mais elevadas e a mudar o seu comportamento, interferindo na pesca tradicional.

Peixes no mar
Como consequência do aquecimento do oceano, os peixes e o plâncton estão a migrar para latitudes mais elevadas e a mudar os seus comportamentos.

O relatório mostra que entre 1990 e 2018 o montante da produção da pesca decaiu 75% em Vanuatu, país da Oceânia, e 23% em Tonga, na Polinésia.

O nível médio global do mar aumentou a uma taxa média de cerca de 3,3 mm por ano desde o início da década de 1990 e acelerou como resultado do aquecimento dos oceanos e do derretimento do gelo terrestre. A OMM acrescentou que a elevação do nível do mar já está a surtir impacto nas sociedades, economias e ecossistemas das Ilhas do Pacífico, e a aumentar a vulnerabilidade a ciclones tropicais, tempestades e inundações costeiras.

Os glaciares tropicais localizados na Papua, na Indonésia, que existem há mais de 5 mil anos, correm o risco de desaparecerem. Prevê-se o derretimento total do gelo para os próximos cinco anos.

Clima extremo

As tempestades, ciclones tropicais e inundações têm sido os acontecimentos climáticos extremos mais devastadores da região. Eventos climáticos extremos, como ciclones tropicais, provocaram em 2020 cerca de 500 mortes e mais de 11 milhões de pessoas foram afetadas.

Incêndio
Os incêndios florestais sem precedentes que devastaram a Austrália no fim de 2019 e começo de 2020, foram considerados como um dos piores desastres para a fauna na história moderna.

A época de incêndios sem precedentes de 2019-2020 no leste da Austrália levou a uma grave situação de poluição atmosférica devido ao fumo. Mais de 10 milhões de hectares foram queimados, 33 pessoas morreram, mais de 3.000 casas foram destruídas e milhões de animais morreram.

Em janeiro de 2020, Sidney atingiu 48,9 °C, a temperatura mais alta registada em qualquer grande área metropolitana australiana, e Camberra atingiu 44,0 °C, mais de um grau Celsius acima do recorde anterior da cidade. As áreas terrestres australianas aqueceram cerca de 1,4 °C desde 1910, acima da média global.