eDNA: A ferramenta que está a transformar a conservação dos oceanos

O DNA ambiental (eDNA) está a transformar a conservação dos oceanos ao permitir a identificação de espécies através de traços genéticos na água. A tecnologia oferece monitorização rápida, menos invasiva e eficaz para proteger a biodiversidade marinha.

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Organismos marinhos libertam fragmentos de DNA no ambiente, permitindo que o eDNA seja detetado em amostras de água para monitorização da biodiversidade.

A conservação dos oceanos está a entrar numa nova era com a chegada de uma tecnologia inovadora: o DNA ambiental (eDNA). Segundo um recente comunicado da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), esta técnica avançada está a ser utilizada para monitorizar ecossistemas marinhos de forma mais eficaz e menos invasiva.

Com o apoio da Minderoo Foundation, os cientistas agora conseguem identificar espécies apenas pela análise de traços genéticos deixados na água, uma abordagem que promete transformar a proteção da biodiversidade marinha.

Esta tecnologia permite detetar organismos que podem estar escondidos nas profundezas do oceano ou em ambientes de difícil acesso. Com isto, os investigadores podem acompanhar espécies ameaçadas, entender melhor os impactos da poluição e das alterações climáticas e criar estratégias mais eficazes para a conservação da vida marinha.

Como o eDNA funciona na prática?

O ADN ambiental é recolhido diretamente da água do mar, sem necessidade de capturar ou perturbar os animais. Cada organismo deixa fragmentos de ADN no ambiente através de pele, escamas, excrementos ou fluidos corporais. Estes traços são analisados em laboratório para identificar que espécies estão presentes em determinada região.

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A recolha de ADN ambiental (eDNA) é feita diretamente da água, permitindo identificar espécies sem capturá-las ou perturbar o seu habitat.

Os principais benefícios desta tecnologia incluem:

  • Monitorização rápida e precisa: O eDNA permite identificar espécies sem precisar de grandes expedições ou equipamentos caros.
  • Menos impacto ambiental: Diferente de métodos tradicionais, esta abordagem não interfere diretamente nos habitats marinhos.
  • Deteção de espécies raras ou em risco: Organismos que vivem em profundidades extremas ou têm populações reduzidas podem ser encontrados mais facilmente.
  • Combate à pesca ilegal e invasões biológicas: A tecnologia pode ser utilizada para identificar espécies invasoras e monitorizar a presença de peixes e frutos do mar explorados ilegalmente.
  • Mapeamento de mudanças ecológicas: O acompanhamento constante do eDNA permite detetar alterações nos ecossistemas e antecipar problemas ambientais.

Impacto global e aplicação no Brasil

A implementação do eDNA já está a ajudar a traçar um panorama mais detalhado da biodiversidade marinha em várias partes do mundo. Programas de conservação na Austrália, Europa e América do Norte estão a utilizar a tecnologia para entender os impactos da degradação ambiental e criar políticas mais eficazes.

No Brasil esta abordagem poderia ter um papel fundamental na preservação de ecossistemas como os recifes de coral do Nordeste, a região costeira da Amazónia e a biodiversidade da Baía de Guanabara, onde poluição e pesca excessiva ameaçam diversas espécies.

Além disso, a aplicação do eDNA poderia auxiliar na monitorização da fauna marinha em unidades de conservação, permitindo um acompanhamento mais preciso de espécies endémicas.

O que o ADN ambiental pode revelar sobre a vida marinha?

Com a adoção do eDNA, será possível monitorizar as condições destes ambientes de uma maneira mais rápida e acessível, auxiliando na criação de áreas protegidas e no combate à exploração descontrolada dos recursos marinhos. Ademais, a tecnologia também pode ser utilizada no desenvolvimento de planos de recuperação para espécies ameaçadas, oferecendo dados mais detalhados para a tomada de decisão por parte das autoridades ambientais.

Com esta nova ferramenta, a conservação dos oceanos pode tornar-se mais eficiente e proativa, prevenindo a perda de espécies antes que seja tarde demais. A monitorização constante com eDNA também pode fortalecer programas educativos sobre a preservação marinha, envolvendo escolas, investigadores e comunidades pesqueiras na consciencialização sobre a importância dos ecossistemas aquáticos.

Referência da notícia

Minderoo and IUCN accelerate ocean conservation with cutting-edge eDNA tools. 2 de fevereiro, 2025. International Union for Conservation of Nature (IUCN).