Doenças diarreicas podem ser cada vez mais comuns com as alterações climáticas
Sabe-se que as alterações climáticas têm implicações a vários níveis, na vida dos seres humanos. Umas das mais conhecidas e estudadas tem a ver com a saúde. Fique a saber mais sobre este assunto connosco!
Um estudo recentemente publicado por investigadores da Universidade de Surrey, indica que certos fatores, como a temperatura, duração do dia e humidade podem ter influência na propagação de doenças diarreicas. Este tipo de trabalhos pode contribuir para a prevenção de novos surtos deste tipo de doenças levando, por outro lado, a uma melhor preparação por parte dos serviços de saúde.
Os investigadores da Escola de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde centraram este estudo no impacte que o clima tem na transmissão da campilobacteriose, uma infeção bacteriana que tem como sintomas a diarreia e dores no estômago. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) as infeções por campilobacter são a causa mais comum da gastroenterite bacteriana no mundo. Apesar de serem infeções que apresentam sintomas geralmente leves, podem ser fatais quando incidem em crianças muito jovens, idosos e imunodeprimidos.
Desde os primórdios da medicina que se sabe que os estados do tempo e o clima influenciam a propagação de doenças. Durante séculos tentou-se compreender quais são os fatores ambientais específicos que impulsionam a propagação de doenças. Agora que se sabe o como, o desafio dos investigadores britânicos passava por compreender o porquê, e foi nesse sentido que se desenvolveu a pesquisa.
Resultados práticos
A maioria das doenças diarreicas, para além dos óbvios problemas de saúde, têm graves impactes ao nível económico e social, já que provocam elevado absentismo laboral e uma pressão adicional nos sistemas de saúde. Assim, de forma a desenvolverem um estudo completo e abrangente, os investigadores analisaram mais de um milhão de casos de campilobacteriose em Inglaterra e no País de Gales, num período superior a 20 anos.
Associado a isto, foram analisados dados fornecidos pelo Met Office, o instituto meteorológico local, que resultou num conjunto de conclusões curiosas. Quando as temperaturas estavam abaixo dos 8 °C, verificaram-se bastantes casos de campilobacteriose. Para além disso, registou-se um aumento significativo de casos de doença por cada subida de 5 °C em áreas onde as temperaturas variavam entre os 8 °C e os 15 °C.
Para além disso, o elemento climático humidade também tem uma elevada preponderância já que foram registadas mais infeções quando os níveis de vapor de água estavam entre os 75% e os 80%. A duração do dia natural também é importante, pois na altura do ano em que o dia tem uma duração superior a 10 horas verificou-se um aumento do número de casos da doença.
Em suma, o aumento das temperaturas, da humidade e da duração do dia natural estão associados à propagação da campilobacteriose, por um lado porque promove a propagação e a sobrevivência da bactéria, por outro porque bom tempo altera os padrões de comportamento e a forma como as pessoas socializam. Assim, as alterações climáticas podem ter o poder de afetar a saúde dos seres humanos, facilitando a propagação de doenças infeciosas.