Fogo bacteriano em Portugal. CONFAGRI exige ao Governo reconhecimento da doença como catástrofe natural
Contabilizando as campanhas agrícolas de 2023 e 2024, o fogo bacteriano gerou uma quebra de 700 hectares na área de pomar, sobretudo de Pera Rocha do Oeste, e 35 milhões de euros de prejuízo.
O fogo bacteriano, provocado pela bactéria Erwinia amylovora (Burr.) Winsl. et al., é um problema que afeta pomares comerciais de Pera Rocha, mas, também, pomares já desativados, outras árvores de fruto em hortas e quintais. Todos estes hospedeiros são possíveis focos de contaminação da doença e exigem uma ação de erradicação generalizada.
O fogo bacteriano assume esta designação em virtude dos sintomas nas plantas doentes, com gomos e raminhos que mostram manchas de cor castanha a negra a fazer lembrar um aspeto queimado. Os raminhos necrosados mantêm-se aderentes à planta, adquirindo uma posição arqueada em forma de bordão.
Após anos de menor incidência, em 2021 o fogo bacteriano surgiu outra vez em força na região Oeste.
A Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP) assumiu na última semana que, contabilizando apenas as campanhas agrícolas de 2023 e 2024, a doença gerou uma quebra de 700 hectares na área de pomar, sobretudo de Pera Rocha na região do Oeste, e 35 milhões de euros de prejuízo.
Esta semana, a CONFAGRI - Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal veio a terreiro alertar que a doença “já conduziu ao desaparecimento de perto de um milhar de hectares de pomares de Pera Rocha”, causando “elevados prejuízos aos fruticultores e à economia das regiões afetadas”.
Um facto que, na opinião da Confederação, a que preside Idalino Leão, “merece total atenção e diligência por parte do Ministério da Agricultura e Pescas”.
Arranque e queima das árvores infetadas
“Face à inexistência de tratamentos eficazes, a remoção e destruição por queima das partes das plantas com sintomas, com corte efetuado a pelo menos 50 centímetros abaixo das zonas afetadas, e o arranque e destruição imediata por queima das árvores com sintomas no tronco, têm sido os procedimentos adotados para reduzir a propagação da doença”, constata a CONFAGRI.
Porém, estas são “soluções que levam à redução do potencial produtivo dos pomares, assim como ao seu desaparecimento, quando a sua existência deixa de ser economicamente viável”.
Fogo bacteriano como catástrofe natural
Ora, para esta organização, é “imprescindível o restabelecimento do potencial produtivo do pomar de Pera Rocha”.
Ademais, avisa a Confederação, “devem ser fornecidos apoios para as estratégias de proteção das plantas ainda sem sintomas, sob pena do desaparecimento de uma variedade de Pera com denominação de origem protegida (DOP) que é única no mundo”.
Por todas estas razões, a CONFAGRI, “em defesa da produção da Pera Rocha - que, nos últimos anos, perdeu metade da sua produção -, solicita o reconhecimento da doença do fogo bacteriano como catástrofe natural” em Portugal.
Em simultâneo, defende “a abertura, com carácter de urgência”, de candidaturas à Operação 6.2.2 - Restabelecimento do Potencial Produtivo do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC 2023-2027), para os produtores com pomares afetados pela doença ou objeto de arranque nos últimos anos.
A Confederação liderada por Idalino Leão exige, por último, a abertura de um aviso, também no âmbito do PEPAC, dedicado à plantação e modernização de pomares de Pera Rocha, no âmbito da Operação C.2.1.1 – Investimento Produtivo Agrícola – Modernização.