Divulgada nova imagem surpreendente do buraco negro supermassivo da Via Láctea com o seu campo magnético!
A colaboração EHT publicou esta semana uma nova imagem do buraco negro supermassivo do centro da Via Láctea. Na imagem, é possível mapear os campos magnéticos.
A colaboração EHT é responsável pelas imagens dos buracos negros Sgr A* e M87* que habitam o centro da Via Láctea e da galáxia M87, respetivamente. Através de técnicas de radioastronomia, eles conseguiram observar os dois buracos negros em campanhas realizadas desde 2017. A colaboração utiliza um conjunto de telescópios espalhados pela Terra.
Em abril de 2019, os investigadores do EHT pararam o mundo ao mostrar a primeira foto de um buraco negro. O trabalho de anos resultou numa das fotos mais famosas dentro da Astronomia e um marco importante na história da Ciência. Para obter mais informações e estudar mais detalhadamente, outras campanhas de observação foram feitas nos últimos anos.
Esta semana, a colaboração EHT mostrou mais um dos resultados importantes das observações. Eles utilizaram a polarização da luz para conseguir mapear os campos magnéticos que estão no ambiente do buraco negro Sgr A*. Entender a dinâmica de campos magnéticos é importante pois são cruciais nos processos físicos que acontecem no ambiente do buraco negro.
Sgr A*
O buraco negro supermassivo da Via Láctea chama-se Sagittarius A* ou Sgr A* pois localiza-se na direção da constelação de Sagitário. Este objeto possui cerca de 4 milhões de massas solares e um diâmetro um pouco menor que o da órbita de Mercúrio. Ele está localizado numa distância de 26 mil anos-luz da Terra.
Compreender o Sgr A* pode dar-nos insights importantes sobre como aconteceu a evolução da Via Láctea. Os buracos negros que habitam os centros das galáxias aparentam ter uma coevolução com a própria galáxia. Além disso, a habitabilidade de uma galáxia pode ser relacionada com o buraco negro supermassivo que controla processos como a quantidade de estrelas.
Colaboração EHT
A colaboração Event Horizon Telescope (EHT) surgiu com a missão de fazer a primeira fotografia de um buraco negro da história. A primeira campanha aconteceu em abril de 2017 que originou a foto do M87* divulgada em abril de 2019. Na mesma campanha, o Sgr A* foi observado e a foto foi divulgada em 2022.
O EHT consiste em 11 telescópios espalhados em 9 pontos da superfície terrestre. Alguns exemplos são o South Pole Telescope localizado na Antártida, o ALMA localizado no Chile e o Submillimeter Telescope nos Estados Unidos. Os dados são tratados e analisados no MIT também localizado nos Estados Unidos.
Campos magnéticos do Sgr A*
No dia 27 de março de 2024, a colaboração EHT divulgou mais uma imagem do Sgr A* que continha os campos magnéticos do ambiente. Mapear campos magnéticos é um desafio para ambientes tão variáveis e dinâmicos como o Sgr A*. A equipa de investigadores utiliza técnicas de polarimetria que consiste em medir a polarização da luz.
A luz consiste numa onda eletromagnética a oscilar, que algumas vezes pode ter uma orientação preferencial. Ao serem utilizados instrumentos capazes de observar certas orientações, é possível mapear como o campo magnético está distribuído. Isto é possível porque os campos elétricos e campos magnéticos são perpendiculares.
Importância dos campos magnéticos
Os campos magnéticos possuem um papel crucial para entender buracos negros pois estão relacionados numa variedade de processos. Um deles é o próprio processo de acreção onde o transporte de momento angular é causado por fricção dos campos magnéticos fazendo com que o material espirale para o buraco negro.
Outro processo importante associado com campos magnéticos é a produção de jatos relativísticos. Segundo o site oficial do EHT, a similaridade dos campos magnéticos do Sgr A* e M87* poderia indicar um jato escondido emitido pelo Sgr A*. Já que o M87* possui um jato bem conhecido desde os anos 2000.
Perguntas em aberto
Tanto o processo de acreção como a produção dos jatos relativísticos ainda são processos que possuem perguntas em aberto. Simulações computacionais que utilizam equações de relatividade geral, eletromagnetismo e hidrodinâmica tentam responder a estas perguntas com modelos teóricos. Contudo, as observações são necessárias para o embasamento científico.
Referência da notícia:
EHT Collaboration 2024. First Sagittarius A* Event Horizon Telescope Results. VII. Polarization of the Ring. The Astrophysical Journal Letters.