Difusão de informação global: a importância das teleconexões atmosféricas

As teleconexões atmosféricas são extremamente importantes para uma melhor compreensão do sistema climático da Terra. Saiba aqui o que são e como funciona a difusão de informação.

teleconexões
Os padrões climáticos interligados - teleconexões - viajam ao longo do jet stream como veículos numa autoestrada. Fonte: NOAA.

Quando olhamos para a previsão do estado do tempo, pode ser difícil imaginar que esta possa estar ligada às condições atmosféricas e oceânicas em todo o mundo. Felizmente para nós, estas ligações podem permitir-nos fazer previsões com semanas a meses de antecedência. Como é que isto é possível?

O que é uma ligação por teleconexão?

As teleconexões são relações ou ligações significativas entre fenómenos meteorológicos em locais amplamente separados na Terra, que normalmente implicam padrões climáticos que se estendem por milhares de km.

Muitos padrões de teleconexão comportam-se como um balançar, com a massa/pressão atmosférica a deslocar-se para trás e para a frente entre dois locais distantes - um aumento da pressão atmosférica num local resulta numa diminuição da pressão num outro lugar distante.

Um dos condutores mais famosos dos padrões de teleconexão é o ENSO (El Niño/Oscilação do Sul). A "Oscilação do Sul" refere-se a mudanças nas pressões ao nível do mar que estão centradas, essencialmente, no Pacífico tropical oriental.

As teleconexões são extremamente importantes para as previsões meteorológicas, mesmo a longo prazo.

Como é que estas teleconexões se relacionam com os padrões meteorológicos em todo o mundo?

Ondas de Rossby: o serviço de entrega global

Os padrões fundamentais dos padrões de teleconexão são ondas atmosféricas em larga escala, especificamente ondas de Rossby, nome dado em homenagem ao meteorologista Carl-Gustaf Rossby.

As ondas de Rossby podem persistir de dias a meses e podem variar entre algumas centenas de km de comprimento até abranger todo o planeta. Os investigadores chamam às rotas que as ondas de Rossby percorrem de "superestradas da informação", uma vez que as ondas transportam informações que podem afetar o estado do tempo ao longo do seu caminho.

ondas de Rossby
O jet stream torna-se um guia de onda que orienta a oscilação da onda de Rossby. Fonte: NOAA Climate.

De onde vêm as ondas de Rossby?

As ondas de Rossby diferem um pouco das grandes ondas que estamos habituados a ver no oceano, que se movem verticalmente. Em vez disso, as ondas de Rossby na atmosfera viajam na direção norte-sul (horizontalmente), devido à rotação da Terra mais rápida no equador do que nos polos.

Este processo leva à força de Coriolis, que faz com que os pacotes de ar em movimento girem para a direita à medida que se afastam do equador em direção ao Polo Norte, onde o efeito (ou seja, a aparente deflexão) da força de Coriolis é mais forte.

As ondas de Rossby formam-se especificamente a partir da conservação de potencial do vórtice. À medida que os fluidos se deslocam do equador para os pólos e são influenciados pela força de Coriolis, a conservação da vorticidade potencial atua como uma força restauradora para manter a direção norte-sul da onda oscilante.

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Contudo, as ondas de Rossby não existem apenas na atmosfera, estas também se podem formar no oceano. As ondas oceânicas de Rossby são ondulações maciças de água que viajam horizontalmente através das bacias oceânicas, levando geralmente meses ou anos a fazer o seu percurso. Percurso este que à superfície pode ser impercetível, mas denota-se em profundidade.

Com isto, na comunidade científica atmosférica, as ondas de Rossby são consideradas como sendo um dos componentes mais fundamentais e importantes do nosso sistema climático e meteorológico. Guiadas pelo jet stream, estas ondas servem de base para padrões de teleconexão, que fornecem um caminho para a transferência de informação (como temperatura e pressão) e afetam os padrões meteorológicos em locais a milhares de km de distância entre si.