Devemo-nos preocupar com o novo vírus que se está a propagar na China? Confira toda a informação sobre o hMPV

Mais um inverno e mais preocupações de saúde vindas de Oriente. Fique a saber tudo sobre o vírus que se está a propagar no continente asiático e que está a preocupar os cientistas.

Obstrução nasal
Os sintomas da infeção por metapneumovírus humano podem variar, consoante os pacientes, podendo ser idênticas às da constipação e da gripe ou, em casos extremos, significar pneumonia ou mesmo outras doenças pulmonares.

Há cerca de 5 anos, o mundo abalava com os relatos de um misterioso vírus que se propagava pela China a uma velocidade estonteante e que provocava milhares de mortos. De um país para um continente, de um continente para outros, foi uma questão de tempo até se tornar uma pandemia e afetar a vida de biliões de seres humanos.

Há suspeitas que este vírus já estará em circulação há muito mais tempo.

A vida social em pausa, o teletrabalho, as reuniões online e a obrigatoriedade de permanência em casa marcaram as nossas vidas durante praticamente dois anos e deixaram marcas (tanto positivas como negativas) que se vão perpetuar por gerações. Mas será que há razões para alarme desta vez?

Características do hMPV

Este vírus já é preocupante para as autoridades chinesas desde 2023, quando foram emitidos os primeiros alertas sobre o metapneumovírus humano naquele país, mas foi nos últimos meses que ele voltou a gerar preocupação. Não se pode, contudo, afirmar que seja um vírus novo já que foi descoberto há mais de 20 anos (2001), no continente europeu (Países Baixos).

O Metapneumovírus humano (hMPV) é um RNA vírus da família Paramyxoviridae e está diretamente relacionado com o metapneumovírus das aves (aMPV).

Há suspeitas que este vírus já estará em circulação há muito mais tempo. Desde meados do séc. XX que um pouco por todo o mundo foram encontrados anticorpos que lutam contra este vírus, o que sugere que as infeções por hMPV já eram comuns há décadas.

Por exemplo, na Austrália, antes da pandemia de COVID, já se sabia que o hMPV era o terceiro vírus mais comum detetado em crianças e adultos com infeções respiratórias. Tal como qualquer outro vírus que cause infeções respiratórias, o metapneumovírus humano é mais consequente em jovens e idosos, principalmente os mais frágeis (os que têm sistemas imunológicos mais frágeis), nomeadamente os que sofrem de doenças cardíacas, crónicas ou oncológicas.

Internamento
Os internamentos poderão aumentar, mas ao que tudo indica, só uma parte da população poderá desenvolver uma doença grave, relacionada com este vírus.

Serão as consequências graves?

Do que se sabe deste vírus é que para a maioria das pessoas será o mesmo que ter uma constipação ou uma gripe. São mais raros os casos em que o hMPV leva a infeções graves que possam causar até a hospitalização. De forma geral, os sintomas das infeções provocadas pelo metapneumovírus humano desaparecem em 3 a 5 dias, nas crianças e em 1 a duas semanas, nos adultos.

O hMPV causa sintomas como o corrimento nasal e a febre, que começam três a cinco dias após a infecção. Se a infecção progredir, as crianças também podem desenvolver tosse, sibilos e falta de ar.

Em crianças com 1 ou 2 anos, o vírus provoca infeções no trato respiratório superior, apresentando sintomas como coriza, dor de garganta, febre e infeções no ouvido. Como comprovam alguns estudos, a maioria das crianças até aos 5 anos acaba por ser exposta a este vírus, o que leva ao desenvolvimento de anticorpos. As infeções subsequentes são potencialmente menos graves, devido a esta “construção” de defesas no organismo.


Assim, tendo em conta todo o conhecimento que há sobre este vírus, não se acredita que haja motivo para alarme. A população tem-se imunizado nas últimas décadas e as infeções manifestam-se de forma relativamente moderada, sem hospitalizações e vítimas mortais em massa, o que nos leva a crer que apesar do aumento dos casos deste e de outros vírus que provocam infeções respiratórias, não estaremos perante uma nova pandemia.

Referência da notícia:

A newly discovered human pneumovirus isolated from young children with respiratory tract disease. Nature medicine, 7(6), 719–724. van den Hoogen, B. G., de Jong, J. C., Groen, J., Kuiken, T., de Groot, R., Fouchier, R. A., & Osterhaus, A. D. (2001).