Descoberto um ‘Rio de Rochas’ sob o Mar das Caraíbas
Há largos anos que os geólogos acreditam que as placas tectónicas se movem devido ao peso das porções que se afundam na astenosfera. Contudo, novos estudos indicam que podem existir outros fatores a atuar no movimento das placas tectónicas. Saiba tudo sobre este assunto, connosco!
Uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática da Universidade de Houston, no Estado do Texas, descobriu que a astenosfera (camada subjacente às placas tectónicas, à litosfera, contendo material pouco rígido a temperaturas elevadas), que se acreditava ser uma espécie de lubrificante passivo, afinal move-se vigorosamente e com velocidade suficiente para afetar e até impulsionar o movimento das placas tectónicas em determinadas áreas do planeta.
O estudo desta equipa de geólogos, publicado no portal científico Nature Communications, analisa mudanças minuciosas na atração gravitacional detetada por satélite, especificamente na região das Caraíbas. A deteção por satélite consiste na realização de tomografias computorizadas (TAC) ao manto e à astenosfera, processo muito semelhante ao exame médico de diagnóstico realizado aos seres vivos.
A análise das tomografias computorizadas permitiu identificar um ‘rio de rochas’ quente que está a ser “espremido” do Oceano Pacífico, na direção do Oceano Atlântico (Mar das Caraíbas) através de um canal/portal que se situa sob a América Central. Este rio subterrâneo começou a fluir há cerca de oito milhões de anos, permitindo que o fundo oceânico se elevasse várias centenas de metros, estando inclinado para Nordeste em direção a um conjunto de ilhas, as Pequenas Antilhas.
As Pequenas Antilhas consistem num conjunto de ilhas que são picos de um arco de 18 vulcões, tendo cerca de 700 km de extensão, localizados numa zona de subducção entre as placas tectónicas do Caribe e da América do Sul. Uma zona de subducção consiste numa área de convergência de placas tectónicas em que uma desliza para debaixo de outra.
A presença deste fluxo subterrâneo é o suporte dos territórios da América Central. Sem ele, grandes porções de território estariam abaixo do nível do mar e não haveria uma divisão entre os Oceanos Pacífico e Atlântico (estão artificialmente ligados através do Canal do Panamá).
Implicações deste estudo no território
Este estudo revela-se importante pois permite, por um lado, compreender a forma como a superfície terrestre evoluiu ao longo do tempo, e por outro, compreender as forças que movem as placas tectónicas, responsáveis pelo vulcanismo e pela atividade sísmica.
Ainda neste estudo é realizada análise do movimento da astenosfera naquela área. Segundo Jonny Wu, um dos autores deste estudo, ela está a mover-se cerca de 15 cm por ano, ou seja, três vezes mais rápido que a velocidade média de uma placa tectónica. Assim, entende-se que para além das dinâmicas conhecidas de subducção, há uma dinâmica a atuar no interior da Terra, na astenosfera, que pode ajudar a modelar a superfície terrestre.
A atividade sísmica é bastante frequente naquele arco vulcânico. Há cerca de um ano, em janeiro de 2020, um violento sismo afetou todas as pequenas ilhas desde a América Central até à América do Norte. Para além da destruição causada por um evento sísmico, o potencial de ocorrerem deslizamentos de terras ou mesmo um tsunami é enorme.