Debater a gestão da água na época das chuvas. Alcobaça acolhe Congresso Nacional de Rega e Drenagem

A Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio, que vai ser apresentada no Congresso Nacional de Rega e Drenagem, quer ser “um farol para a criação de políticas públicas” relacionadas com a rega e o regadio em Portugal.

Sistema de rega
Em Portugal o regadio é responsável por 60% da produção agrícola e mais de metade das explorações agrícolas depende dele. No entanto, apenas 16% dos 3,7 milhões de hectares de superfície agrícola utilizável estão equipados para regadio.

No ano em que assinala 25 anos de existência, o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR) vai apresentar, de 13 a 15 de novembro, no X Congresso Nacional de Rega e Drenagem, em Alcobaça, a Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio. Tem o “propósito de contribuir para o desenvolvimento e modernização de um regadio eficiente e sustentável em Portugal”.

O evento coincide com a preparação, por parte do Governo, da estratégia interministerial “Água que nos Une, e do respetivo cronograma, que o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, garante estarão finalizados até ao fim do ano.

Canais de rega
No ano em que assinala 25 anos de existência, o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR) vai apresentar a Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio.

Para o efeito, foi constituído um grupo de trabalho, liderado pelo presidente da Águas de Portugal, Carmona Rodrigues, e que integra, entre outras entidades, a EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, a APA - Agência Portuguesa do Ambiente e a DGADR - Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

“Água que nos Une” financiado por vários instrumentos

Em cima da mesa, na sequência dos vários estudos já realizados, está um novo Plano Nacional da Água (PNA 2035), que será financiado através de diversos instrumentos, entre os quais o PT2030, PRR – Programa de Recuperação e Resiliência, Fundo Ambiental, InvestEU e o BEI – Banco Europeu de Investimento.

Questionado pelos jornalistas em Braga, a meados de outubro, à margem de uma visita ao Banco Português de Germoplasma Vegetal, o ministro José Manuel Fernandes revelou que a iniciativa “Água que nos Une” vai “ajudar todos os setores económicos a usarem a água de maneira inteligente”. “Queremos um sistema que respeite o ambiente, que proteja as pessoas e que, em simultâneo, consiga ter água para a população e para a agricultura, uma água que deve ser distribuída de forma eficiente”.


Ciente disso, o COTR apresenta já este mês de novembro uma Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio, que “reúne contributos e visões das entidades e dos profissionais do setor/fileira do regadio” e identifica quais as áreas de investimento e investigação a privilegiar.

O seu presidente, Gonçalo Morais Tristão, fala de “um marco no contexto das políticas públicas, em particular pela crescente relevância que a gestão dos recursos hídricos na agricultura está a ganhar a nível nacional, quer pelo impacto das alterações climáticas, quer pelas características específicas do nosso país”.

Em Portugal o regadio é responsável por 60% da produção agrícola e mais de metade das explorações agrícolas depende dele. No entanto, apenas 16% (620 mil hectares) dos 3,7 milhões de hectares de superfície agrícola utilizável estão equipados para regadio.

A Agenda de Investigação e Inovação para o Regadio constitui, assim, “um instrumento valioso no desenho de políticas publicas e estratégias de investimento mais eficientes e adaptadas ao setor”, garante o COTR.

E quer ser ainda “uma referência para a orientação” dos respetivos instrumentos financeiros, nomeadamente daqueles que dependem da gestão do Ministério da Agricultura e Pescas, tais como o PDR2020 e o programa de desenvolvimento rural da Política Agrícola Comum (PAC).

Gonçalo Morais Tristão considera esta agenda “um poderoso alicerce para o desenvolvimento sustentável e modernização do setor nacional do regadio”. Tanto mais porque “nela estão vertidos os contributos do setor, que se reuniu num verdadeiro think tank com a ambição de aproximar as políticas públicas e os investimentos das reais necessidades do país”.

Alqueva
O grupo de trabalho para a estratégia “Água que nos Une” integra, entre outras entidades, a EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva.

Alterações climáticas, gestão da água, inovação e tecnologia e comunicação

A discussão que vai ter lugar durante o X Congresso Nacional de Rega e Drenagem, de 13 a 15 de novembro, dará, assim, um “contributo para promover a sustentabilidade económica e ambiental das explorações agrícolas nacionais”, incentivando também “a implementação de sistemas que visem o uso eficiente da água e da energia nas atuais e novas áreas de regadio, em todo o território nacional”.

Com a presença já confirmada do ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, o X Congresso Nacional de Rega e Drenagem vai debater as alterações climáticas, a gestão integrada da água, a inovação e a tecnologia e a comunicação neste setor.

O Congresso Nacional de Rega e Drenagem é organizado bianualmente, desde 2005, pelo COTR.

O programa deste ano inclui ainda a participação de três ‘keynotes’, assim como de apresentações e várias mesas redondas. Está igualmente prevista uma visita técnica e um fórum de comunicações, que dará destaque a trabalhos técnicos e científicos enquadrados neste âmbito.