De que forma o ChatGPT pode apoiar o nosso conhecimento sobre clima?
Na tentativa de entender a forma como o ChatGPT está a afetar as nossas vidas e compreende todos os fenómenos que nos rodeiam, fomos pedir-lhe que nos explicasse alguns conceitos de climatologia e meteorologia. Saiba mais aqui!
O ChatGPT está a contribuir para a afirmação de uma nova era da informação, assente na inteligência artificial (IA). Pela primeira vez, é possível ao utilizador manter conversas semelhantes às que mantém com outro Ser Humano, mas com um computador. E o principal problema disto tudo, é que este sabe tudo (ou quase tudo)!
É inegável que os avanços na investigação em IA têm contribuído para a aproximação da máquina (computador) àquilo a que nós humanos tentamos chegar por via do estudo e de investigações que desenvolvemos.
Este novo tipo de mecanismo foi concebido pela OpenAI, uma empresa de investigação e implantação de inteligência artificial. De acordo com a empresa, a sua principal missão ao criar esta aplicação passa por garantir que a inteligência artificial pode beneficiar toda a Humanidade.
Se a OpenAI já tinha conquistado o mundo com o seu projeto DALL-E, agora com a conversação em formato textual para a IA, atingiu o apogeu, conseguindo chegar em poucos dias a todas as partes do mundo e a vários segmentos de público-alvo.
Quais são os novos desafios do ensino pós-ChatGPT?
Nos últimos dias, têm surgido inúmeras notícias que começam a colocar em causa o papel unilateral da sala de aula e de nós – enquanto professores universitários – na criação de conhecimento e no processo de aprendizagem. Mas, como não podia deixar de ser, quisemos testar as habilidades da IA e decidimos ir procurar respostas a algumas dúvidas climático-meteorológicas.
A primeira pergunta que fizemos foi para perceber se a IA sabe a diferença entre meteorologia e clima. Veja lá o que nos respondeu:
Num tom coloquial, o ChatGPT procurou definir climatologia e meteorologia. Além de se referir diretamente às matérias, ainda nos introduziu numa abordagem sobre as mudanças climáticas e os impactes na sociedade e no ambiente.
De qualquer forma, quisemos saber um pouco mais e perguntamos-lhe se sabia a diferenciação entre centros de altas e baixas pressões. Espantar-nos-ia que não soubesse responder à questão. E, então, eis a sua resposta:
A IA conseguiu responder a praticamente todas as nossas dúvidas. Decidimos, então, colocar novamente uma questão e aumentar o grau de exigência. Na área do Mediterrâneo existe uma teleconexão regional, que apenas se define no quadro sinótico da Bacia do Mediterrâneo e áreas envolventes. Procuramos, então, perceber se o computador sabe do que se trata a Oscilação do Mediterrâneo Ocidental (WeMO). A sua resposta foi a seguinte:
Embora não defina com toda a precisão o que se trata WeMO, o facto é que responde a qualquer leigo de forma eficaz. Para aqueles que necessitam de perceber com maior rigor o que se trata efetivamente, o Índice de Oscilação do Mediterrâneo Ocidental (WeMOi) é, então, definido como a diferença de pressões normalizadas entre Cádis – San Fernando e Pádua.
Este padrão de variação de baixa frequência apresenta uma correlação negativa com a precipitação durante os meses de inverno em Múrcia, Alicante e Valência, melhor do que aquela que se encontra na Oscilação do Atlântico Norte (NAO).
Para terminar a investigação, perguntamos quem foram os autores do WeMOi, ao qual nos respondeu o seguinte:
Sabendo que não se trata de um índice criado em 1997, na Universidade de East Anglia (Reino Unido), confrontamos a IA com o país de origem (Espanha). Apesar de tudo, a resposta não foi a pretendida.
De facto, o WeMOi foi publicado num artigo da International Journal of Climatology, em 2006, por Javier Martín-Vide e Joan-Albert Lopez-Bustins, onde se propôs este novo índice baseado num padrão de teleconexão que melhor correspondia às caraterísticas do Mediterrâneo Ocidental.
Por estas razões, é importante referir que a inteligência humana não pode – nem deve – ser substituída. A máquina pode apoiar eventuais pesquisas, mas nunca ser objeto para validação ou para eventuais decisões sobre teorias ou críticas realizadas.
Inteligência artificial já está a ser usada na meteorologia
Embora a IA esteja já a ser utilizada em diversas tarefas de investigação ou de prospetiva, o papel do ser humano continua a ser muito relevante. Aqui fica provado que as falhas são ainda significativas e o ser humano tem a capacidade de discernir a validade do conhecimento que resulta da máquina.
De qualquer modo, enquanto o ChatGPT continua a aprimorar as suas habilidades de conversação, o National Center for Atmospheric Research - NCAR, no Colorado (Estados Unidos) já desenvolveu uma ferramenta de previsão climática que usa a inteligência artificial, treinada a partir de 500 previsões anteriores de um modelo de alta resolução, sendo posteriormente combinada com as condições reais.