Da devastação ao encanto: depois da tragédia, este destino voltou a brilhar
O Vale do Ahr, na Alemanha, ficou destruído pelas inundações em 2021. Agora foi eleito uma das melhores regiões para visitar em 2025.
Há lugares no mundo que parecem resistir a tudo, até às forças mais implacáveis da natureza. O Vale do Ahr, na Alemanha, é um desses destinos.
Quem diria que este pequeno paraíso, conhecido pelos seus vinhos tintos — algo raro no país das cervejas e das salsichas —, seria arrasado por inundações devastadoras? Foi isso que aconteceu na noite de 14 de julho de 2021.
A outrora encantadora região vinícola na Alemanha — e um dos destinos turísticos de eleição no país —, passou por tempos verdadeiramente difíceis.
“O Ahr transformou-se num rio furioso — com enchentes, inundações repentinas e maremotos resultando em tragédia generalizada”, lê-se na revista ‘Condé Nast Traveler’. Mas, como dizem por lá, “a vida é muito curta para beber vinho mau” — e, aparentemente, para não renascer das cinzas. Apenas três anos depois do desastre, o Vale do Ahr ressurgiu com força e voltou a atrair turistas.
“Foi uma das maiores catástrofes naturais da história da Alemanha, mas, aos poucos, a região começa a reerguer-se”, escreveu a revista ‘NiT’.
Aliás, a revista de viagens ‘Condé Nast Traveler’ elegeu, recentemente, a localidade como uma das melhores regiões para visitar em 2025. Sim, a mesma revista que define os destinos-tendência e faz com que todos queiramos fazer as malas.
Um dos melhores lugares para visitar na Europa em 2025
E o porquê desta distinção? Porque, apesar de ainda não estar totalmente reconstruído, o Vale do Ahr não só recuperou o seu charme, como também provou ser resiliente e criativo. O cenário é agora uma mistura inspiradora de história e reconstrução.
As vinhas foram restauradas (os tintos continuam deliciosos), as aldeias reergueram-se com um toque moderno, e os habitantes — esses, sim, verdadeiros heróis — encheram a região de uma energia contagiante que só quem passou por grandes desafios pode transmitir.
Passear pelo Vale do Ahr hoje é um convite a descobrir uma paisagem cheia de alma. Há trilhos que serpenteiam pelas vinhas, onde é impossível não parar para tirar uma foto ou duas, e aldeias acolhedoras com aquele toque germânico que faz parecer que estamos numa pintura. E claro, não faltam adegas para provar os famosos Pinot Noir (uma das castas da região).
Muitas novidades
Entre várias novidades, o regresso do comboio que atravessava o vale (previsto para o final de 2025) é uma das mais aguardadas. “As enchentes de 2021 afetaram severamente a estação ferroviária, que está a passar por uma reconstrução enorme desde então”, nota a ‘NiT’.
O transporte vai ligar as vilas a um trilho de caminhada de vinho tinto com cerca de 35 quilómetros. Ao longo do percurso, os passageiros vão percorrer as encostas íngremes da região vinícola e poderão parar para beber um Pinot Noir, que, junto com o Blanc de Noir, é a especialidade da região. “Não deixe de experimentá-lo nas vinícolas de Jean Stodden, Meyer-Näkel e na cooperativa de viticultores, Mayschoss”, recomenda a ‘Condé Nast Traveler’.
Sim, porque a verdade é que os produtores de vinho, proprietários de restaurantes e responsáveis por hotéis arregaçaram as mangas e não só lideraram a reconstrução do Vale do Ahr como também impulsionaram o seu crescimento.
Hoje, cerca de 80% dos estabelecimentos que tiveram de fechar depois da destruição estão novamente abertos, e o número de hotéis está também a aumentar. E não nos surpreende.
Apesar de ser uma das regiões vinícolas mais pequenas da Alemanha (com apenas 529 hectares), é uma das melhores e mais valorizadas. “As vinhas são cultivadas no Vale do Ahr desde os tempos romanos e as várias castas continuam a prosperar nos terrenos íngremes.”
Visitar o Vale do Ahr em 2025 é muito mais do que uma oportunidade de turismo; é uma celebração da capacidade humana de reconstruir o que parecia perdido. E, sejamos honestos, que melhor forma de brindar à vida do que com um copo de vinho, numa região que é o exemplo perfeito de superação e beleza? Saúde — ou, como dizem os alemães, Prost.