Consumir azeite reduz risco de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas e permite resistir melhor ao cancro
Se dúvidas houvesse quanto aos benefícios do consumo do azeite, três estudos divulgados pelo Conselho Oleícola Internacional revelam que o ‘ouro líquido’, que é indissociável da dieta mediterrânea, retarda o envelhecimento, melhora a saúde a longo prazo e até permite resistir melhor a certos tipos de cancro.
O azeite é um produto alimentar com séculos de história e a principal fonte de gordura na dieta mediterrânica. É obtido a partir da moagem da azeitona, através de processos mecânicos ou físicos e em condições que não alterem o produto.
Cerca de 98% da composição química desta gordura líquida é constituída por triglicéridos, fosfolípidos e ácidos gordos livres. O azeite virgem extra é o mais recomendado por nutricionistas e demais profissionais de saúde.
Os benefícios do azeite para a saúde humana estão identificados há décadas, mas há, amiúde, novas investigações, em Portugal, na Europa e noutras geografias.
O mais recente boletim do Conselho Oleícola Internacional (COI) dedicado à saúde revela três novos estudos que reiteram, não só o papel essencial do azeite na dieta mediterrânea e as evidências positivas deste padrão alimentar desde a infância até a velhice, como ainda associa o consumo continuado deste alimento a melhores resultados na resistência do organismo humano a certos tipos de cancro.
O primeiro estudo, divulgado na última semana pelo COI, fala do ensaio PREDIMED, cujas conclusões prometem aumentar a consciencialização sobre as propriedades do azeite extra virgem EVOO [sigla em inglês de extra virgin olive oil].
A investigação, que decorreu durante 12 meses, incluiu amostras de células nucleares do sangue recolhidas em 134 pessoas. Permitiu descobrir que a dieta mediterrânea, especialmente quando suplementada com EVOO, modula os genes associados às doenças cardiovasculares e neurodegenerativas em adultos mais velhos.
As alterações mais significativas na expressão dos genes desde o início do estudo e até ao fim dos 12 meses de análise “foram observadas nos participantes alocados para o MedDiet-EVOO, particularmente em CDKN2A, IFNG, NLRP3, PIK3CB e TGFB2”, lê-se nas conclusões da investigação.
Retardar o envelhecimento biológico
Outro estudo divulgado pelo COI, baseado em dados de mais de 16 mil participantes, dedicou-se a explorar a conexão entre vários padrões alimentares saudáveis — incluindo a dieta mediterrânea — e o envelhecimento biológico.
A investigação abrangeu 16.666 participantes durante 10 anos (1999-2018) e incluiu quatro métricas dietéticas - índice inflamatório dietético, abordagens dietéticas para parar o índice de hipertensão, pontuação alternativa da dieta mediterrânea e índice de alimentação saudável. Também foram utilizados doze parâmetros químicos do sangue para calcular quatro indicadores de idade biológica.
Sobreviver ao cancro do ovário
A terceira investigação, que envolveu 560 pacientes e que foi divulgada na última semana pelo COI, aborda o impacto da dieta mediterrânea na sobrevivência ao cancro de ovário.
A ingestão alimentar destas mulheres foi avaliada usando um questionário confiável de frequência alimentar composto por 111 itens. A sobrevida global das pacientes foi monitorizada através de um acompanhamento ativo até 16 de fevereiro de 2023.
Os investigadores começam por dizer que, “atualmente, há uma falta de evidências abrangentes sobre a correlação entre a dieta mediterrânea Alternativa (AMED, na sigla em inglês) e a sobrevivência de pacientes com cancro de ovário.
Depois, estes académicos explicam que o estudo avaliou, não apenas o pré-diagnóstico e o pós-diagnóstico, mas também a mudança do pré-diagnóstico para o pós-diagnóstico com a sobrevivência do cancro de ovário.
E os resultados são animadores. “Pacientes com maior ingestão de alimentos mediterrâneos, incluindo o azeite, antes e depois do diagnóstico, apresentaram melhores taxas de sobrevivência” ao cancro do ovário.
Essas descobertas sugerem, portanto, que “manter uma dieta mediterrânea consistente pode contribuir para melhores resultados" daquele tipo de cancro.Ao revelar as principais conclusões destes três estudos, o Conselho Oleícola Internacional divulga o conhecimento científico e a investigação nesta área.
Ao mesmo tempo, o COI enfatiza os benefícios para a saúde da dieta mediterrânea e, em especial, os contributos do consumo regular de azeite na promoção do envelhecimento saudável, na redução do risco de doenças e na melhoria dos resultados de saúde a longo prazo.
Região portuguesa com Denominação de Origem Protegida para a produção de azeite | Variedades |
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Azeites de Moura | Galega, Verdeal e Cordovil |
Azeites de Trás-os-Montes | Verdeal transmontana, Madural, Cobrançosa, Cordovil e outras |
Azeites da Beira Interior (Beira Alta e Beira Baixa) | Galega, Verdeal Cobrançosa e Cordovil, provenientes de duas áreas diferntes, Beira Baixa e Beira Alta |
Azeites do Norte Alentejano | Azeiteira, Blanqueta, Redondil, Carrasquenha e Cobrançosa |
Azeites do Ribatejo | Galega e Lentisca |
Azeites do Alentejo Interior | Galega Vulgar, Cordovil de Serpa e/ou Cobrançosa |
Fonte: Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) do Ministério da Agricultura. |
Em Portugal existem seis regiões com Denominação de Origem Protegida (DOP) para a produção de azeite, que podem ser consultadas no site da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) do Ministério da Agricultura.