Conheça os encantos da mais pequena ilha dos Açores
A ilha do Corvo ��, toda ela, um vulcão que dá origem ao território mais pequeno do arquipélago dos Açores. São 17 km2 de superfície, especiais para a biosfera e detentores de uma riqueza geológica invulgar, e distinguidos pela UNESCO. Venha descobrir os seus encantos!
Corvo localiza-se na ilha com a mesma designação e é um concelho, constituído por uma única freguesia - Vila Nova do Corvo. É a cidade mais pequena da Europa e, de acordo com os últimos Censos, realizados em 2021, registava 386 habitantes.
Este pequeno território insular situa-se no Grupo Ocidental do arquipélago dos Açores (Região Autónoma portuguesa) e ocupa exatamente uma superfície de 17,1 km². O território mais pequeno e setentrional dos Açores apresenta 6,5 km de comprimento por 4 km de largura.
O clima açoriano é bastante ameno e húmido, com temperaturas médias que oscilam entre os 14 ºC e os 22 ºC e uma reduzida amplitude térmica diária. A precipitação é muito regular e frequente ao longo do ano, sendo responsável pelos solos férteis e pela existência de alguns recursos hídricos, como por exemplo as ribeiras da Cancela do Pico, da Picada, do Cerrado das Vacas e da Ponte.
Quanto ao relevo, é predominantemente formado por basaltos, materiais de projeção e cones de escórias, entre outros que serão mencionados abaixo. Algumas das mais interessantes formações geológicas do Corvo são o Morro da Fonte (371 m), Morro dos Homens (715 m), o vulcão Monte Grosso (770 m), Malaguetas (442 m), Montinho do Queijo (425 m), Caldeirão (cratera vulcânica), Ponta Negra e Ponta do Marco.
Uma pequena ilha ‘dona’ de uma riqueza geológica invulgar. Como se formou o Corvo?
A ilha do Corvo é o resultado de um vulcão submarino que emergiu do fundo do oceano Atlântico, há cerca de 730 mil anos. Este vulcão pertence ao complexo vulcânico dos Açores, situado na junção das placas tectónicas Euroasiática, Africana e Norte-Americana. É composta principalmente por rochas basálticas, resultado de erupções vulcânicas repetidas ao longo de milhares de anos.
A história eruptiva do vulcão que deu origem à Ilha do Corvo divide-se em várias fases. A primeira fase da formação do Corvo ocorreu debaixo do mar, com vulcanismo basáltico a acumular-se gradualmente até emergir acima da superfície do oceano.
Posteriormente passou a outra fase, com erupções mais explosivas, de natureza traquítica, algumas associadas à fase de formação da caldeira. Nesta fase foram sendo expelidas cinzas e tefra, que formaram camadas de material piroclástico.
Por fim, após esta etapa mais explosiva, a atividade eruptiva volta a ser essencialmente basáltica, alternando entre uma fase havaiana (efusiva) - mais predominante - e a estromboliana (explosiva) - menos predominante. Na fase com atividade eruptiva efusiva (havaiana), a lava fluía de forma mais lenta, dando origem a amplos campos de lava basáltica pelos quais grande parte da ilha é constituída.
A característica geológica mais pronunciada da Ilha do Corvo é o Caldeirão. Esta caldeira vulcânica, que conta com 2,5 km de diâmetro e 300 metros de profundidade, é o resultado do colapso do topo do vulcão. No seu interior, alberga várias lagoas e pequenas ilhotas - que são vestígios de cones de cinza e de lava -, com todo este manancial geográfico e geológico a traduzir-se numa paisagem verde e idílica.
Eis alguns dos locais encantadores a visitar no Corvo
O Corvo, pequeno que é, apresenta uma única povoação. Situa-se numa fajã lávica que concentra todas as casas dos seus menos de 500 habitantes. Trata-se de um articulado ímpar, com habitações basálticas. Muitas delas estão separadas por canadas: pequenas ruas onde só se passa a pé. Alguns dos alojamentos onde pode ficar hospedado durante a sua estadia no Corvo são o Hotel Comodoro ou o Joe & Vera's Place.
Sendo o Corvo uma geografia insular muito exposta aos ventos fortes do Atlântico, apresenta elevados índices de erosão que provocam grandes alterações na paisagem, detentora de singularidades. É disto exemplo a Ponta do Marco, uma imponente falésia situada no extremo noroeste do território. Este é um dos locais mais altos no Atlântico (720 metros de altura) e é um magnífico miradouro a partir do qual se tem uma vista privilegiada sobre a natureza selvagem da ilha.
Alguns outros ‘spots’ de paragem obrigatória na mais pequena ilha dos Açores incluem o Caldeirão, a única caldeira da ilha, vestígio do vulcão que originou o Corvo, que contém algumas das lagoas mais deslumbrantes dos Açores e a Praia da Areia.
Esta praia, de areal negro (origem vulcânica), foi assim designada precisamente por ser a única praia de areia da ilha, situada no sul do Corvo. Nadar ou chapinhar os pés no Atlântico junto à única praia do Corvo é um ato condicionado pela presença, ou ausência, de águas-vivas e caravelas portuguesas.
Para enriquecer um pouco mais o seu conhecimento histórico e cultural acerca do Corvo e dos corvinos, dedique um pouco do seu tempo a visitar o Museu do Corvo, onde muitas vezes existem exposições sobre a vida tradicional dos habitantes da ilha e as suas atividades económicas (agricultura, pecuária, entre outras).
Também merece uma visita a Igreja de Nossa Senhora dos Milagres, um monumento histórico, que é símbolo central da fé e cultura da comunidade corvina.
Se é fã de caminhadas, o trilho PRC02 COR Caldeirão é perfeito para si. Comece por iniciar o percurso circular junto ao Miradouro do Caldeirão, mesmo local onde irá terminar a sua caminhada. No total serão cerca de 5 km feitos em 3h de caminhada de dificuldade média.
Outra das atividades que pode fazer no Corvo é a observação de aves (ou 'birdwatching'). O Corvo é um local privilegiado para o 'birdwatching', uma vez que as suas escarpas de lava salientes no meio do oceano são ponto de paragem para as aves migratórias, especialmente no outono, quando inúmeras espécies passam pela ilha. Se quiser ficar a conhecer o Parque Natural e a Reserva da Biosfera da Ilha do Corvo, um outro local que deve visitar é o Centro de Interpretação de Aves Selvagens do Corvo.
Por último, o mergulho e o snorkeling. As águas cristalinas do Corvo são ideais para estas atividades aquáticas, repletas de vida marinha para explorar. Nas suas viagens migratórias entre a América do Norte e África, as espécies marinhas encontram acolhimento em áreas protegidas e monitorizadas, o que faz do Corvo um local de excelência para a sua preservação.