Conheça o convento no Alentejo que se transformou em hotel-museu

Já imaginou passear pelos mesmos corredores onde, há séculos, monges de sandálias gastas e hábitos pesados caminhavam em silêncio? No Convento de São Paulo, na Serra d’Ossa, além de poder fazê-lo, pode mesmo lá dormir.

E não pense que vai encontrar apenas paredes frias e ecos do passado. Aqui, a história e modernidade cruzam-se. E o melhor de tudo? Em 2025, esta serra encantadora é também a Cidade Europeia do Vinho. Por isso, prepare-se para um brinde com vista para a eternidade.

Onde o tempo parou, mas o conforto avançou

“Há um lugar onde a tranquilidade do Alentejo, a diversidade do campo e o respeito pelo património se cruzam, permitindo uma experiência única pautada pela riqueza do passado, pela autenticidade da região e pela delicadeza dos detalhes que vão ao encontro das necessidades do século XXI”, lê-se no site do hotel.

Situado na Serra d'Ossa, entre Estremoz e Redondo, o Convento de São Paulo é uma verdadeira obra de arte perfeitamente preservada. Caminhar pelos claustros é quase como fazer uma viagem no tempo: as arcadas de pedra, os azulejos que cobrem as paredes com histórias em azul e branco, as capelas que ainda ecoam espiritualidade... Tudo convida à introspeção.

É que este convento, construído em 1182, foi durante séculos um refúgio para monges da Ordem de São Paulo. Aqui viviam numa rotina de oração, contemplação e trabalho, em total harmonia com a natureza que envolve a Serra d’Ossa.

Palco de histórias e lendas reais, local de passagem de nomes da História Portuguesa — D. Sebastião, D. João IV e D. Catarina de Bragança —, o Convento de São Paulo tornou-se um destino único, perfeito para quem procurava um lugar para descansar e repor energias. Tanto que, em abril de 1993, transformou-se em hotel.

Mas não se preocupe: apesar de manter os traços originais, os quartos luxuosos e a piscina exterior fazem-no regressar bem depressa ao presente.

Aliás, já mesmo na altura da inauguração, contou à ‘NiT’ Eduardo Bon de Sousa, o responsável pela unidade hoteleira, “foi o primeiro hotel de 4 estrelas do Alentejo e o único durante alguns anos”.

É, garantem os responsáveis, “uma experiência contemporânea”, que combina “alta gastronomia, harmonização de vinhos, quatro campos de padel, um campo de ténis, bicicletas e programas de caminhadas”.

Onde a história se serve com um copo de vinho

Com 27 quartos (a partir de €95) no edifício principal, a que se juntam outros 16 quartos e suítes e ainda um apartamento, há opções para todos os gostos. O mesmo acontece ao escolher como quer passar o dia.

Se, por um lado, quiser permanecer em tranquilidade neste hotel-museu, saiba que, entre vários artefactos religiosos, o convento conta ainda com uma coleção de tecido e um dos mais notáveis núcleos de painéis de azulejos do país.

“As paredes do Convento de São Paulo são compostas por 54 mil azulejos. Conhecido como o maior acervo particular do país, o azul-cobalto que reveste os corredores e escadarias do convento remonta aos reinados de D. João V (1706-1750) e D. José I (1750-1777), e conforma um conjunto monumental produzido pelas melhores oficinas de Lisboa.”

As fontes florentinas são outro ícone do Convento e podem ser encontradas tanto no interior como no exterior. Além disso, a herdade tem 750 hectares de terreno com acesso a três percursos, para percorrer a pé ou de BTT, que serpenteiam pela serra.

E para ganhar forças para o que lhe espera, o Restaurante do Hotel oferece uma rica viagem à gastronomia alentejana. No final, a doçaria conventual e uma boa carta de vinhos satisfazem a expectativa de qualquer bom foodie.

E por falar em vinhos, há uma novidade prestes a chegar a Serra d’Ossa. Não, não estamos a falar da vinha nova que o projeto tem planeado, nem mesmo da sala destinada às experiências vínicas, mencionada pelo jornal ‘Expresso’.

E o Hotel Convento de São Paulo, localizado na encosta sudeste da Serra d’Ossa, vai ser um dos epicentros desta iniciativa.

Serra d’Ossa: a Capital do Vinho em 2025

Como 2025 não é um ano qualquer, a Serra d’Ossa está pronta para celebrar a sua eleição como Cidade Europeia do Vinho. Imagine só: terminou o passeio pelo convento, aprendeu um pouco sobre a vida monástica e, depois, um copo de vinho alentejano espera por si.

Não é novidade que o Alentejo é famoso pelos seus vinhos encorpados, cheios de sabor e personalidade. Mas, nos próximos meses, ao visitar o Convento de São Paulo, vai estar no coração de uma região que respira vinicultura. Desde vinhas que se estendem até perder de vista até às adegas tradicionais que guardam séculos de saber fazer, cada gole de vinho será uma celebração da terra e da cultura alentejana.

“O programa de atividades da Cidade do Vinho 2025 é composto por eventos maioritariamente anuais e está ligado, sobretudo, ao vinho, bem como à gastronomia. Desta lista, foram destacados os chamados eventos-âncora: Festival do Peixe do Rio, a ter lugar em março, em Alandroal; a Festa da Vinha e do Vinho, a decorrer em novembro, em Borba; a Feira Internacional de Agropecuária de Estremoz, agendada para maio, as Ruas Floridas, que decorrem em agosto, em Redondo; e da Festa dos Capuchos, reservada para setembro, em Vila Viçosa”, nota o jornal ‘Expresso’.

“Com início em janeiro, com a Gala de Abertura, a decorrer em Borba, do calendário da Cidade do Vinho 2025, até ao verão, destacam-se ainda, em fevereiro, a Semana das Migas (Vila Viçosa), e a Semana do Feijão com poejos e bacalhau (Vila Viçosa), em abril, as semanas gastronómicas do Borrego (Redondo) e da Feira do Queijo (Borba), em maio, o Festival Gastronómico de Agricultura Biológica e Regenerativa (Alandroal), em julho, a Semana Gastronómica do Gaspacho (Redondo).”

Prepare-se para um ano recheado de provas de vinhos em todos os postos de turismo da região, passeios pedestres e visitas ao Museu Regional do Vinho (Redondo). A par de cursos de vinhos, haverá wine talks, wine sunsets, sessões de cante alentejano, noites de fado e exposições sobre a temática do vinho e da arte.