Congresso Ibérico Agropecuário e Florestal debate em Cáceres a gestão da água, o montado e a pecuária extensiva

O Congresso é uma organização conjunta da Associação Espanhola de Jovens Agricultores (ASAJA) e da Confederação dos Agricultores de Portugal. Luís Mira, secretário-geral da CAP, fala de “uma plataforma fundamental” para o trabalho colaborativo entre os agricultores portugueses e espanhóis.

Gestão e armazenamento de água
A gestão e armazenamento de água, a preservação do montado, assim como a pecuária extensiva enquanto fator de mitigação das alterações climáticas são alguns dos temas em destaque no IV Congresso Ibérico Agropecuário, em Cáceres (Espanha).

A agricultura portuguesa e espanhola querem falar “a uma só voz” junto das instituições europeias, porque a Península Ibérica enfrenta “desafios ambientais específicos, como a desertificação e a perda de biodiversidade”, que podem ser mitigados através de uma abordagem colaborativa” entre agricultores e respetivas associações de ambos os países.

O IV Congresso Ibérico Agropecuário e Florestal que decorre hoje e amanhã em Cáceres é o palco para debater em conjunto. E para encontrar respostas.

O secretário-geral da CAP, Luís Mira, traça uma antevisão deste evento, que reúne no Complejo Cultural San Francisco personalidades da esfera pública e privada portuguesa e espanhola para dois dias de partilha de conhecimento e discussão sobre o setor agroflorestal ibérico.

O ministro da Agricultura de Portugal, José Manuel Fernandes, e a secretária de Estado da Agricultura e Alimentação de Espanha, Begoña García Bernal, marcam presença no congresso.

“Prioritários” neste diálogo ibérico em Cáceres serão também os benefícios económicos da união agrícola Portugal-Espanha, assim como os desafios e as oportunidades conjuntos no comércio internacional em matéria de agricultura e do complexo agroflorestal, refere a CAP, em comunicado enviado à comunicação social.

O objetivo, refere a Confederação a que preside Álvaro Mendonça e Moura, é “identificar temas em que Portugal e Espanha podem e devem concertar posições comunitárias”. E, a partir daí, “ter uma voz mais audível em Bruxelas, à semelhança do que acontece noutras regiões da Europa, em que vários países com interesses e contexto semelhantes falam a uma só voz”.

Comissário da Agricultura é do Luxemburgo

Recorde-se que, nesta terça-feira, foi conhecida a lista dos novos comissários europeus para os próximos cinco anos de mandato na Comissão Europeia, indicados pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Christophe Hansen (nascido a 21 de fevereiro de 1982, no Luxemburgo) será o novo comissário para a Agricultura e Alimentação.

A Associação Espanhola de Jovens Agricultores (ASAJA) tem estado na linha da frente, em Espanha, nos últimos meses, nas manifestações contra as políticas europeias para a agricultura.

Em janeiro, em fevereiro e em março deste ano, milhares de agricultores vieram para as ruas de Leão, Zamora e Madrid, muitos conduzindo tratores e outras alfaias agrícolas, levando a que o ministro espanhol da Agricultura, Luís Planas, tenha agendado reuniões para ouvir as suas reivindicações. A ASAJA foi uma das associações que reuniu, em vários momentos, com o governante espanhol.

A ASAJA é uma das três grandes confederações de agricultores em Espanha, a par com a UPA - União de Pequenos Agricultores e Ganadeiros e Coordenadora de COAG - Organizações de Agricultores e Ganadeiros.

Promover a união, sinergias e trabalho colaborativo

“O IV Congresso Ibérico Agropecuário e Florestal constitui uma plataforma fundamental para promover a união, sinergias e trabalho colaborativo entre os agricultores portugueses e espanhóis”, sublinha ainda Luís Mira.

Com este congresso ibérico, a CAP e a ASAJA “pretendem, uma vez mais, juntar personalidades da esfera pública e privada de ambos os países numa discussão alargada pelo desenvolvimento do setor agroflorestal”.

Pecuária
“O IV Congresso Ibérico Agropecuário e Florestal constitui uma plataforma fundamental para promover a união, sinergias e trabalho colaborativo entre os agricultores portugueses e espanhóis”, sublinha Luís Mira, secretário-geral da CAP.

Para a Confederação portuguesa não há dúvidas: é preciso “continuar a construir ‘pontes’ entre Portugal e Espanha e identificar pontos comuns em que os dois países possam concertar posições face às políticas europeias”.

A gestão e armazenamento de água, a preservação do montado, assim como a pecuária extensiva enquanto fator de mitigação das alterações climáticas são alguns dos temas em destaque no IV Congresso Ibérico Agropecuário. A CAP está confiante que “Portugal e Espanha podem encontrar estratégias conjuntas para a melhor defesa do setor agroflorestal a nível europeu”.

“A colaboração entre os dois países permite otimizar recursos, adotar as melhores práticas e defender políticas agrícolas importantes a nível comunitário, apresentando vantagens significativas em termos de estabilidade económica, competitividade do setor, eficiência agrícola e sustentabilidade ambiental”, afirma ainda Luís Mira, antecipando as apresentações e as discussões durante os dois dias de congresso.

Para o secretário-geral da CAP, “Portugal e Espanha, historicamente lado a lado, podem e devem concertar posições para garantir um futuro próspero e sustentável da agricultura na Europa”. E este é “o grande mote com que a CAP, em conjunto com a ASAJA, realiza o IV Congresso Ibérico”.

Em 2023, o III Congresso Ibérico Agropecuário, também organizado pela CAP e pela ASAJA, teve lugar a 6 de setembro, inserido no programa da feira Agroglobal, no CNEMA, em Santarém.