Concentração de CO2 na atmosfera a aumentar
O mais recente “Boletim de Gases com Efeito de Estufa” da Organização Meteorológica Mundial (OMM), aponta para uma concentração de dióxido de carbono na atmosfera terrestre, em 2016, com proporções históricas. A subida excedeu em 50% a média da última década.
Mudanças na composição atmosférica da Terra são uma preocupação para a humanidade, uma vez que causam impacto no tempo, no clima, na saúde humana, no abastecimento e qualidade da água, produção agrícola e muitos outros setores socioeconómicos.
Um dos maiores problemas relacionados com mudanças na composição da atmosfera tem a ver com a quantidade cada vez maior de gases de efeito estufa na atmosfera, especialmente dióxido de carbono, com implicações no clima.
Desde a era industrial, começando em 1750, vários factores contribuíram para aumentar a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera. Alguns desses factores foi o crescimento da população, a intensificação das práticas agrícolas, o aumento do uso da terra e o desflorestamento, a industrialização e uso de energia produzida a partir de fontes de combustível fóssil.
Sistema Global de Vigilância da Atmosfera
A Organização Meteorológica Mundial, no âmbito das suas competências tem diferentes Programas relacionados com o tempo e o clima, nomeadamente com o da composição da atmosfera.
Um aspecto importante deste Programa é o de organizar, participar e coordenar avaliações da composição química da atmosfera à escala global, através da análise dos dados obtidos da rede de estações do Sistema Global de Vigilância da Atmosfera, com elaboração de Boletins.
Segundo o último Boletim de Gases com Efeito de Estufa da Organização Meteorológica Mundial (OMM), organização que integra as Nações Unidas, o aumento de concentração de CO2, que se registou em 2016, foi o maior aumento observado em 30 anos de existência da rede de observação.
O boletim da OMM resulta de dados recolhidos em 51 países. As estações de observação mediram concentrações de gases como o dióxido de carbono (CO2), o metano e o óxido nítrico.
O ritmo do aumento do dióxido de carbono atmosférico nos últimos 70 anos é quase 100 vezes maior do que o do fim da última idade do gelo. Tanto quanto as observações diretas e por aproximação sugerem, nunca tinham sido registadas tais mudanças abruptas nos níveis atmosféricos de CO2.
Em 2016, a concentração de CO2 atingiu as 403,3 partes por milhão, acima das 400 de 2015. E os números da OMM são, na prática, aquilo que resta das concentrações atmosféricas depois de os oceanos e a biosfera absorverem e processarem largas quantidades de gases.
É referido mesmo para a quase impossibilidade, nesta fase, de se alcançar as metas internacionais de redução de emissões poluentes.
Ação do homem e do fenómeno El Niño
Os investigadores atribuem o aumento das concentrações de CO2 para níveis sem precedentes em 800 mil anos a uma combinação de fatores: a ação do homem e o fenómeno El Niño.
Enquanto que por um lado, as emissões resultantes de ações humanas parecem ter desacelerado nos últimos dois/três anos, o fenómeno El Niño produz efeitos nas concentrações de dióxido de carbono, sobretudo quando implica a existência de secas prolongadas. As secas diminuem a capacidade da flora para absorver o gás.
A OMM adverte para alterações imprevisíveis no sistema climático decorrentes da subida das concentrações de gases com efeito de estufa. As mudanças não vão demorar dezenas de milhares de anos, como no passado, mas podem acontecer rapidamente.