Como salvar o gelo ártico?
A região do Ártico continua a aquecer a um ritmo duas ou três vezes superior ao ritmo global. É necessário tomar medidas urgentes. Contamos-lhe mais aqui!
Nos últimos anos, a camada de gelo do Ártico tornou-se 40% mais fina e a sua área diminuiu 14%. Os cientistas preveem que daqui a cerca de 20 anos poderemos ver o gelo de verão do Ártico desaparecer, uma vez que a perceção de que as reduções de emissões e os programas de energia renovável existentes não serão suficientes para salvar o Ártico.
Deste modo têm aparecido cada vez mais projetos alternativos de forma a salvar o gelo ártico. Alguns deles parecem fantasiosos, mas os seus proponentes argumentam que existem poucas outras opções eficazes. Apresentam-se de seguida alguns desses projetos.
Camada de partículas de vidro
O projeto “Arctic Ice Project”, que propõe espalhar em algumas regiões do Ártico uma fina camada de partículas de vidro, tem por objetivo aumentar a refletividade da superfície, aumentando assim o arrefecimento à superfície, o que implicaria formar-se mais gelo.
As partículas de vidro têm 35 micrómetros de diâmetro e são feitas de sílica, um composto de oxigénio e silício, que é suposto refletir 90% do calor do sol. Este método já foi testado em lagos cobertos de gelo nas montanhas da Serra Nevada, Minnesota e Alasca e os resultados iniciais mostraram que aumentam a refletividade e a espessura do gelo.
Paredes marítimas subaquáticas
Outro dos projetos visa a construção de um muro marítimo que poderia impedir as correntes quentes do oceano de derreter o glaciar a partir de baixo. Os seus autores, da Universidade da Lapónia, propuseram este projeto para o glaciar Thwaites na Antárctida ocidental e o glaciar Jakobshavn na Gronelândia de forma a abrandar o degelo destes glaciares.
Reconstruir a tundra ártica
Os solos congelados "permafrost" (solo que passa todo o ano congelado) do Ártico, dos quais se espera que uma parte significativa venha à superfície até 2100 por causa do aquecimento global, de acordo com um relatório da ONU, ameaçam libertar vírus esquecidos e bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, com o risco de acelerar o aquecimento global.
O projeto de reconstrução da tundra no Ártico tem por objetivo reduzir o degelo do “permafrost” no Ártico, diminuindo assim as consequências nefastas que o degelo do “permafrost” pode causar.
O processo utilizado tem por base a introdução de grandes animais de pasto, tais como bisontes, renas e cavalos que podem alterar a paisagem pisando ou comendo as árvores muito jovens. Estes grandes herbívoros também pisam a cobertura de neve, reduzindo o seu efeito isolante e expondo a camada de “permafrost” a temperaturas mais baixas.
De acordo com um estudo preliminar, o aumento da população e da densidade dos grandes herbívoros nos ecossistemas de alta altitude das latitudes mais a norte poderia preservar 80% do “permafrost” do mundo.
Bombas de água movidas a vento
O projeto mais ambicioso até à data talvez seja o de instalar bombas de água eólicas de 10 m em todo o Ártico que distribuiriam continuamente a água do mar para a superfície do gelo, onde depois congelaria. Formava-se assim uma camada de gelo mais espessa que sobreviveria ao degelo no verão.
No entanto, existem investigadores que consideram que o uso de bombas eólicas atrasaria a perda total de gelo marinho durante algumas décadas, mas não oferece uma solução permanente.
Aerossóis na estratosfera
Este projeto procura explorar a ideia de refletir a radiação solar libertando carbonato de cálcio na estratosfera. Os investigadores de Harvard planeiam realizar testes iniciais libertando pequenas quantidades do aerossol na estratosfera utilizando um balão científico de alta altitude.Isto teve por base o efeito de arrefecimento que as erupções vulcânicas têm na superfície da Terra, quando libertam partículas para a atmosfera que bloqueiam a radiação solar.