Como irá a indústria alimentar trabalhar no futuro? Congresso debateu o crescimento e a sustentabilidade do setor

“Crescimento e Sustentabilidade” foi o mote do 9º Congresso da Indústria Agroalimentar, que teve lugar nesta segunda-feira, em Lisboa. As exportações da indústria alimentar e bebidas aumentaram 9,46% no primeiro semestre de 2024, somando 3991 milhões de euros.

Indústria de chocolates
Os últimos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que as exportações da indústria alimentar e das bebidas aumentaram 9,46% no primeiro semestre deste ano face ao período homólogo do ano passado, somando 3991 milhões de euros.

Que papel haverá no futuro para a indústria de transformação dos alimentos? Como irá trabalhar? Que perspetivas globais há para esta indústria – que fatura 22,4 mil milhões de euros e representa 14,3% do volume de negócios das indústrias transformadoras do país - e para o seu crescimento externo? Como capacitá-la para o crescimento e sustentabilidade ambiental?

Estes foram os temas centrais em debate no 9º Congresso da Indústria Portuguesa Agroalimentar. O evento, organizado pela FIPA - Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares, decorreu esta segunda-feira, no Centro de Congressos de Lisboa.

Dirk Jacobs, diretor-geral da FoodDrinkEurope, falou das perspetivas globais da indústria alimentar. Francisco Mendes da Silva, coordenador da área fiscal da sociedade de advogados Morais Leitão, discursou sobre “competitividade fiscal e crescimento”.

Ricardo Arroja, o novo CEO da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, que é a entidade pública que promove a captação de investimento produtivo e a internacionalização da economia portuguesa, trouxe aos participantes a sua “visão para o crescimento externo da indústria alimentar”.

O papel da transformação dos alimentos esteve em discussão durante a manhã. Conceição Calhau, docente da NOVA Medical School, Luís Lourenço, inspetor-geral da ASAE, Ondina Afonso, presidente do Clube de Produtores Continente, e Rui Silva, CEO da Nobre Alimentação, foram os oradores.

Anna Lenz, CEO da Nestlé Portugal, Assunção Cristas, jurista e ex-ministra da Agricultura, Pedro Brinca, docente da Nova SBE, e o ex-ministro da Economia Pedro Siza Vieira debateram, da parte da tarde, as formas de capacitar a indústria alimentar para o crescimento e a sustentabilidade ambiental.

Volume de negócios de 22,4 mil milhões de euros

A FIPA, liderada por Jorge Tomás Henriques, agrega 16 associações de outros tantos subsetores, que exercem a sua atividade no ramo alimentar dentro do território nacional, também tendo associadas 16 das maiores empresas do setor agroalimentar e oito empresas ou as suas associações que, não atuando diretamente no setor agroalimentar, têm com a indústria relações privilegiadas.

No cômputo global, a FIPA representa em Portugal a indústria transformadora que mais contribui para a economia nacional, tanto em volume de negócios - 22,4 mil milhões de euros -, como em VAB (valor acrescentado bruto) - 3,8 mil milhões de euros. A par disso, esta é a indústria que mais emprega em Portugal, sendo responsável por mais de 112 mil postos de trabalho diretos e cerca de 500 mil indiretos.

Em maio, quando foi reeleito pela oitava vez consecutiva para presidir à FIPA, Jorge Henriques estava ciente de que “os próximos três anos não irão fazer abrandar a complexidade dos desafios que se têm vindo a colocar a toda a economia nacional e, em particular, à indústria agroalimentar”. O empresário disse, à data, que estamos perante “um novo e imprevisível ciclo legislativo, onde, mais uma vez, teremos novos interlocutores e novos compromissos”.

A Federação queixava-se das “incongruências no IVA” e dos “impostos especiais sobre o consumo”, que, segundo Jorge Henriques, “criam entraves às empresas, sobretudo no mercado interno, o que as leva a procurar alternativas noutras geografias".

Indústria de laticínios
Espanha é o país da UE que mais compra à indústria alimentar e das bebidas portuguesa. Até junho deste ano, adquiriu 1504 milhões de euros à indústria nacional, mais 12% face a igual período de 2023.

Certo é que, empurrado por essas dificuldades, o setor agroalimentar nacional “continua a crescer muito à custa do aumento das exportações e de ganhos de quota internacionais”, assume a FIPA.

Espanha é o principal mercado de exportação

Os últimos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que as exportações da indústria alimentar e das bebidas aumentaram 9,46% no primeiro semestre deste ano face ao período homólogo do ano passado, somando 3991 milhões de euros.

Nos primeiros seis meses de 2024, as vendas para países da União Europeia cresceram 13,87% face ao primeiro semestre de 2023, para 2700 milhões de euros. Já as vendas para fora da UE subiram 1,25%, cifrando-se em 1291 milhões de euros.

Espanha é o país da UE que mais compra à indústria alimentar e das bebidas portuguesa. Até junho deste ano, adquiriu 1504 milhões de euros à indústria nacional, mais 12% face a igual período de 2023.

França é o segundo maior comprador europeu (354 milhões de euros), o que significa um crescimento de 4% face ao primeiro semestre do ano passado.
Itália e Alemanha ocupam, respetivamente, o terceiro e quarto lugares nas exportações portuguesas da indústria alimentar e das bebidas.