Como é a Caixa Preta da Terra, o aparelho que registará o fim da humanidade devido às alterações climáticas
Um monólito indestrutível preservará a história de como os humanos causaram o seu próprio colapso através de ações e omissões perante as alterações climáticas.
O que aconteceria se a humanidade desaparecesse? Como os visitantes de outros planetas saberiam que os humanos existiam? Além disso, como saberiam que os próprios humanos participaram na destruição do planeta e de si próprios?
Pensando num cenário pós-apocalíptico, um grupo de cientistas australianos está a desenvolver a Caixa Preta da Terra, um dispositivo que preservará evidências de que os humanos e os seus sistemas de produção e consumo acabaram por destruir a vida no planeta.
Trata-se de um monólito indestrutível de 9,7 metros de comprimento que contém discos rígidos para armazenar a evolução de dados sobre temperatura, precipitação, nível do mar, dióxido de carbono na atmosfera, acidificação dos oceanos, extinção de espécies, alterações no uso do solo e outros indicadores da atividade humana.
“Centenas de conjuntos de dados, medições e interações relacionadas com a saúde do nosso planeta serão recolhidos e armazenados com segurança para as gerações futuras”, anuncia o projeto, liderado pela empresa de marketing Clemenger BBDO e pela Universidade da Tasmânia, na Austrália.
A Caixa será capaz de armazenar dados durante as próximas três a cinco décadas, um período crítico para a humanidade reverter o aquecimento global antropogénico e as suas consequências.
“A menos que transformemos dramaticamente o nosso modo de vida, as alterações climáticas e outros perigos provocados pelo homem levarão ao colapso da nossa civilização. A Caixa Preta da Terra registará cada passo que dermos em direção a essa catástrofe”, afirma o site do projeto.
Caixa Preta: “ações, omissões e interações agora serão registadas”
A Caixa Preta terá, na sua parte superior, uma série de painéis solares que servirão como fonte de energia. A energia solar impulsionará o download de dados científicos. Além disso, um algoritmo irá buscar conteúdos da Internet que falem sobre os impactos das alterações climáticas, tais como websites de notícias e publicações nas redes sociais.
O dispositivo estará pronto e instalado ainda este ano. A sua localização exata ainda não foi revelada, mas sabe-se que ficará próximo à cidade de Hobart, na Tasmânia, na costa oeste entre Queenstown e Strahan.
Ainda há vários detalhes a serem definidos no seu desenvolvimento, mas os cientistas querem que quem encontrar a Caixa consiga compreender e interpretar “as instruções” que deixarão para a posteridade. Dessa forma, seres extraterrestres que chegarem à Terra e encontrarem-na desabitada também poderão descriptografar e ter acesso ao dispositivo.
“O objetivo é fornecer um relato imparcial dos eventos que levaram ao desaparecimento do planeta, responsabilizar as gerações futuras e inspirar ações urgentes. As suas ações, omissões e interações agora são registadas”, afirma o site Earth´s Black Box.