Com base em informação da NOAA, a meteorologista Teresa Abrantes apresenta o clima a nível global no mês de agosto
A NOAA divulgou a análise da temperatura global referente ao mês de agosto de 2024 e concluiu que se registou mais um mês a bater recorde de temperatura. Foi o agosto mais quente da Terra, desde 1850, ano em que se iniciaram os registos.
Os Centros Nacionais de Informação Ambiental (NCEI-National Centers for Environmental Information) da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos EUA calculam mensalmente a anomalia da temperatura média global tanto da superfície da terra como da superfície dos oceanos.
Quinze meses consecutivos de temperaturas recordes no globo
Segundo os cientistas dos Centros Nacionais de Informação Ambiental da NOAA, a temperatura média global da superfície terrestre e oceânica em agosto foi 1,27 °C acima da média do século XX, que é de 15,6 °C. Foi 0,01 °C acima do anterior recorde de agosto, estabelecido no ano passado.
Agosto de 2024 marcou o 46º mês de agosto consecutivo, desde 1979, com temperaturas globais acima da média do século XX.
Em agosto registaram-se temperaturas recordes elevadas em grande parte da Europa Central e Ocidental e do Norte de África. Também se registou um calor recorde em partes da América Central e das Caraíbas, bem como em zonas do sudoeste, centro e leste da Ásia e Austrália.
Noutros locais, as temperaturas muito mais altas do que a média estiveram presentes na maior parte do centro e norte da América do Sul, estendendo-se até à América Central, passando pelo México e pelo sudoeste dos EUA.
A Europa e a Oceânia tiveram o agosto mais quente de que há registo, enquanto a Ásia teve o segundo mais quente, a África e a América do Norte tiveram, cada uma, o terceiro agosto mais quente e a América do Sul o sexto agosto mais quente.
Nos oceanos, as temperaturas recordes elevadas da superfície do mar cobriram partes do Atlântico e grande parte das Caraíbas. Registaram-se também temperaturas recorde nas zonas centrais do Oceano Índico, em partes do Pacífico ocidental e no Oceano Antártico.
As temperaturas recordes elevadas cobriram aproximadamente 10,3% da superfície mundial, a percentagem mais elevada para agosto desde o início dos registos, em 1951, e 0,8% mais elevada do que o anterior recorde de agosto de 2023.
O calor recorde cobriu aproximadamente 11,4% da superfície terrestre global, que também foi a maior cobertura de temperaturas recordes de agosto.
As temperaturas recordes elevadas da superfície dos oceanos cobriram aproximadamente 9,8% dos oceanos do mundo, 0,9% a mais do que em 2023, foi assim, a maior percentagem para agosto desde o início dos registos em 1951.
Precipitação a nível global em agosto
O mês de agosto foi mais seco do que a média em grande parte da Europa, no Mediterrâneo e regiões do Norte de África. Outras áreas com precipitação abaixo da média incluíram regiões dos EUA, México, grande parte da Argentina, regiões da metade oriental da Rússia, centro e sul da China e grande parte do sul e centro da Austrália.
As áreas com mais precipitação do que a média foram as áreas afetadas por sistemas tropicais, como o sudeste dos EUA, partes do noroeste da Índia e sudeste do Paquistão, e partes do Japão. Outras áreas notáveis de precipitação acima da média incluíram áreas do sul do Sahel da África Ocidental, nordeste da China e leste da Mongólia, Ásia central, sul do Bangladesh, partes do centro da Argentina e grande parte do centro e oeste do Alasca.
No nordeste da China houve relatos de chuvas extremas e destrutivas na província de Liaoning, que provocaram danos consideráveis nas infraestruturas.
No sul e oeste do Chade e nas zonas vizinhas do Sahel, a precipitação de agosto foi muito superior à média. A continuação das chuvas torrenciais provocou inundações que terão afetado mais de 2 milhões de pessoas e criado uma crise humanitária com centenas de mortes e deslocações em grande escala de comunidades.
Na Suíça e na Áustria o mês de agosto, climatologicamente foi um mês seco, no entanto algumas tempestades pontuais provocaram inundações e deslizamento de terras com danos avultados.
Gelo no Ártico e na Antártida e ciclones tropicais
A extensão de gelo no Ártico, em agosto, foi a 4ª menor extensão. Por outro lado, na Antártida, a extensão de gelo foi a 2ª menor registada.
Em relação aos ciclones tropicais, é de referir, no Atlântico, a ocorrência do furacão Debby, que atingiu a região da Flórida com fortes chuvas provocando inundações, no Oceano Índico, a atingir a Índia, o ciclone Asna que causou dezenas de mortes na Índia devido às fortes inundações e o tufão Shanshan, no Oceano Pacífico, a atingir o Japão provocando também fortes inundações com perda de vidas humanas.