Com a chegada do Ano Novo, saiba porque deve evitar o uso de lantejoulas
Chegada a época do Ano Novo é a ocasião para comprar uma roupa nova e com quanto mais brilhantes melhor, já diz a tradição. Mas deixamos agora um alerta para o facto de as lantejoulas constituírem um perigo ambiental. Fique a saber mais aqui!
Com a chegada do Ano Novo, é altura de adquirir uma roupa para a entrada no ano de 2023. Por esta ocasião, milhões de jovens procuram a roupa mais brilhante que encontram nas lojas. O que poucos sabem é que muitas das suas escolhas podem acarretar sérios perigos ambientais. Entre outros, deixamos-lhe aqui alguns motivos pelos quais deve evitar usar as lantejoulas na passagem de ano.
As lantejoulas caem
As lantejoulas saem facilmente da roupa e caem em qualquer lugar. Saem quando se abraça alguém, no entra e sai do carro ou até enquanto se caminha ou dança.
O problema está no glitter. Todos os tipos de lantejoulas são feitos em plástico com um revestimento metálico. À medida que caem e vão, por exemplo, para o ralo, irão permanecer ao longo de milhares de anos, possivelmente fragmentando-se em pedaços mais pequenos ao longo do tempo.
E pese embora já tenham sido inventadas lantejoulas biodegradáveis, o facto de ainda não serem produzidas em grandes quantidades, faz com que os materiais feitos com produtos químicos tóxicos poluam os solos, a água e o ar.
A lantejoula está presente em roupas de moda descartável
A instituição de caridade Oxfam realizou um inquérito por entrevista a 2000 mulheres britânicas, com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos, em 2019, das quais 40% afirmaram que comprariam uma peça de roupa com lantejoulas para a época de final de ano.
O que é curioso é que apenas um quarto dessas mulheres tinham a certeza que voltariam a usar a peça de roupa e, em média, as entrevistadas disseram que usariam no máximo cinco vezes mais a roupa antes de descartar.
5% disseram que colocariam a roupa na lixeira assim que a descartassem, levando a que a Oxfam calculasse que 1.7 milhões de peças de roupa festivas do ano de 2019 acabariam em aterros sanitários.
Este facto é muito preocupante, já que o facto de os aterros receberem estas roupas, levará a que as mesmas gerem potencialmente microplásticos, com consequências nefastas para o ambiente.
As roupas não vendidas acabam também por ser descartadas
Viola Wohlgemuth, gerente de economia circular e dos componentes tóxicos da Greenpeace Alemanha diz que 40% dos itens de vestuário produzidos pela indústria têxtil nunca chegam a ser vendidos. Estes produtos podem então ser remetidos para outros países.
Entre esses lotes enviados para outros países, encontram-se as roupas com lantejoulas que chegam a mercados em segunda mão e, invariavelmente, algumas peças acabam por ir parar a aterros sanitários do Quénia e da Tanzânia.
Uma preocupação adicional é que estes produtos não são banidos como substâncias problemáticas segundo a Convenção de Basileia, tal como acontece com outros tipos de lixos (exemplo do lixo eletrónico ou plástico).
Existe desperdício no processo de fabrico das lantejoulas
Um outro problema prende-se com o facto de as lantejoulas serem perfuradas em folhas de plástico e o que é sobrante invariavelmente acaba por ser descartado no lixo.
Um proprietário de uma fábrica têxtil no Estado de Gujarat (Índia), Jignesh Jagani, refere ter tentado queimar o lixo nos seus incineradores, mas que isso “produziu um fumo tóxico e o conselho de controlo de poluição do Estado fez com que as empresas parassem de fazer isto. Manusear este lixo é realmente um desafio."
Uma das criadoras de lantejoulas em celulose compostável, Elissa Brunato, afirma que está a trabalhar na produção de lantejoulas em moldes individuais, de modo a tentar evitar o problema causado pelas peças sobrantes. A verdade é que ainda há um grande caminho pela frente, no sentido de encontrar boas soluções e rentáveis economicamente.
As lantejoulas são costuradas em fibras sintéticas
O último e não menor problema prende-se com o facto de estas lantejoulas serem geralmente costuradas em materiais sintéticos. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), aproximadamente 60% dos materiais usados em roupa são plásticos (nomeadamente, poliéster e acrílico). Neste tipo de peça de roupa, sempre que é lavada, soltam-se pequenas microfibras de plástico.
Mais uma vez, essas fibras acabam por ir parar aos cursos de água e, daí em diante, seguem a sua própria cadeia alimentar. Segundo uma estimativa da União Internacional para a Conservação da Natureza, os têxteis sintéticos são responsáveis por 35% das microfibras lançadas nos oceanos.
Este problema é preocupante, já que existe na indústria uma forte dependência por este tipo de matérias. Do mesmo modo, espera-se que a produção de roupas duplique até 2030, quando comparado com os níveis de 2015.