O clima em 2019: indicadores globais
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou no passado dia 10 de março a Declaração da Organização Meteorológica Mundial (OMM) sobre o estado do clima global em 2019. Contamos-lhe mais aqui.
O relatório principal desta Declaração inclui contribuições dos serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais de todo o mundo, dos principais especialistas internacionais, das instituições científicas e das agências das Nações Unidas. O relatório fornece informações confiáveis para os gestores políticos sobre a necessidade de Ação Climática.
Indicadores Climáticos Globais
O clima global e as alterações climáticas são analisados com base em determinados indicadores, tais como, a temperatura do ar, gases de efeito de estufa, oceano e criosfera, entre outros.
Temperatura do ar
A temperatura média global de 2019 foi 1,1 °C acima dos níveis pré-industriais. O ano de 2019 é o segundo mais quente em registos instrumentais.O ano de 2016, que começou com um excecionalmente forte El Niño, continua a ser o ano mais quente desde que há registos. As fracas condições do El Niño na primeira metade de 2019 podem ter dado uma pequena contribuição para as altas temperaturas globais em 2019, mas não houve um aumento claro da temperatura no início do ano, como ocorreu no início de 2016.
Os últimos cinco anos são os cinco mais quentes desde que há registo e a última década, 2010-2019, é também a mais quente registada. Desde 1980, cada década tem sido sucessivamente mais quente do que qualquer outra anterior desde 1850.
Gases com efeito de estufa
As frações de moléculas atmosféricas globais de gases com efeito de estufa alcançaram um recorde em 2018 com o dióxido de carbono (CO2) a atingir 407,8±0,1 partes por milhão (ppm), o metano (CH4) a atingir 1869±2 partes por bilhão (ppb) e o óxido nitroso (N2O) a alcançar 331,1±0,1 ppb. Estes valores constituem, respetivamente, 147%, 259% e 123% do níveis pré-industriais. No entanto para o ano 2019, as primeiras indicações mostram aumento em todos os três gases - CO2, CH4 e N2O.
Oceano
O oceano absorve cerca de 90% do calor da atmosfera devido a concentrações crescentes de gases com efeito de estufa. O conteúdo do calor oceânico, que é uma medida que reflete a acumulação de calor, atingiu novamente em 2019 níveis recordes. À medida que o oceano aquece, expande-se e o nível do mar sobe. Esta subida é ainda maior devido ao derretimento do gelo em terra, que depois flui para o mar.
O nível do mar tem aumentado progressivamente, mas recentemente o nível do mar subiu a uma taxa mais elevada, devido em parte ao derretimento das camadas de gelo na Gronelândia e na Antártida. Em 2019, o nível médio global do mar atingiu o seu maior valor desde o início dos registos através da utilização de altimetria de alta precisão (janeiro de 1993).
Durante a década de 2009-2018, o oceano absorveu cerca de 23% das emissões anuais de CO2, diminuindo assim o aumento das concentrações na atmosfera. No entanto, as concentrações de CO2 absorvidos na água do mar diminuem o seu pH, um processo chamado acidificação do oceano. Observações de fontes oceânicas durante os últimos 20 a 30 anos mostram um claro decréscimo na média do pH a uma taxa de 0,017-0,027 unidades de pH por década desde o final dos anos 80.
Criosfera
O ano de 2019 foi marcado pela baixa extensão de gelo tanto no Ártico como na Antártida. A extensão mínima diária de gelo no Ártico em setembro de 2019, foi a segunda mais baixa identificada pelos registos obtidos através de satélite. Na Antártida a variabilidade nos últimos anos tem sido elevada, com uma grande queda na extensão no final de 2016. Desde então, as extensões permaneceram baixas e 2019 registou extensões recordes em alguns meses.