Clima de fevereiro foi quente e chuvoso: meteorologista Teresa Abrantes analisa os dados mais surpreendentes em Portugal
O mês de fevereiro de 2025, em Portugal continental, classificou-se, do ponto de vista climatológico, como um mês muito quente em relação à temperatura do ar e normal em relação à precipitação.

Em fevereiro, o estado do tempo no continente foi condicionado predominantemente pela passagem de perturbações frontais e por linhas de instabilidade, associadas a depressões embebidas na circulação de oeste, que originaram episódios de precipitação intensa, trovoada e vento forte. Por períodos temporários, o território ficou sob a ação de anticiclones localizados na Península Ibérica, nas Ilhas Britânicas ou na região a sul.
Temperatura muito acima dos valores normais para o mês de fevereiro
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IPMA, em Portugal continental, no mês de fevereiro, o valor médio da temperatura média do ar, 11.17 °C, foi 1.30 °C superior ao valor da normal 1991-2020.
Fevereiro de 2025 foi o 7º fevereiro mais quente desde 2000, sendo o mais quente o de 2024, com uma média de 12.47 °C.

O valor médio da temperatura máxima do ar, 15.93 °C, foi 1.23 °C acima do valor médio no período 1981-2010.
O valor médio da temperatura mínima do ar, 6.40 °C, foi superior ao valor médio, com uma anomalia de 1.37 °C, tendo sido o 8º valor mais alto desde 2000. Desde 1931, valores de temperatura mínima do ar superiores ao deste mês ocorreram em 25% dos anos.
O maior valor da temperatura máxima do ar foi 22.5 °C, que se registou em Alcácer do Sal, no dia 19, o menor valor da temperatura mínima, -5.9 °C em Sabugal.
Valores de temperatura máxima do ar foram predominantemente superiores ao valor médio mensal, exceto dias 2, 11 e 27, destacando-se o dia 20, com uma anomalia a chegar a 4.0 °C.
A temperatura mínima do ar registou desvios acima de 3.5 °C nos dias 9 a 11, 18, 19, 21 e 28, destacando-se o dia 19 com uma anomalia de 4.5 °C. No entanto o período frio de 4 a 6 de fevereiro teve mais de 20% das estações meteorológicas com valores de temperatura mínima do ar inferiores a 0 °C.
A precipitação esteve dentro dos valores normais para esta altura do ano
Ainda de acordo com o IPMA, o mês de fevereiro de 2025 registou um total de precipitação mensal de 64.2 mm, que corresponde a 88% do valor médio 1991-2020, com uma anomalia de -9.1 mm.
Valores de precipitação inferiores aos registados neste mês ocorreram em 45% dos anos desde 1931.

A precipitação em fevereiro esteve próximo dos valores normais (1991-2020), apesar de se terem registado novos extremos de precipitação em 24 horas (09-09 UTC), todos no dia 28, com exceção da estação meteorológica de Portel, que atingiu o seu máximo absoluto no dia 12.
Em relação à distribuição espacial da precipitação total, os maiores desvios em relação à média (1991-2020) ocorreram em grande parte na região de Lisboa e Vale do Tejo e no Alentejo Litoral.
O maior valor da quantidade de precipitação em 24h foi 77.3 mm, que se registou em Lisboa/Relógio, no dia 27; o maior valor mensal da quantidade de precipitação, 165,7 mm, foi registado na mesma estação e o menor valor mensal na estação meteorológica de Cabo Carvoeiro, 28.8 mm.
Monitorização da Seca – Índice PDSI
O valor da quantidade de precipitação acumulada no final de fevereiro referente ao ano hidrológico 2024/2025 (1 de outubro de 2024 a 30 setembro de 2025) é de 486.8 mm, que corresponde a 94 % do valor normal 1991-2020.
Em termos espaciais, os valores da quantidade de precipitação acumulada no ano hidrológico 2024/2025 são inferiores ao normal em toda a região litoral oeste, em alguns locais de altitude da zona Centro e em grande parte do Baixo Alentejo e Algarve. No restante território os valores de precipitação acumulados desde outubro estão próximos do valor médio 1991-2020.
De acordo com o Índice Meteorológico de Seca, PDSI, índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca, no final de fevereiro verificava-se uma diminuição significativa da área que se encontrava em seca meteorológica.
Em termos de distribuição percentual por classes do índice PDSI no território continental, no final de fevereiro verificava-se: 0.6% na classe de chuva moderada, 33.3% na classe de chuva fraca, 65.5% na classe normal e 0.6% na classe de seca fraca.