Citrinos do Algarve crescem 10% e atingem 335 mil toneladas. Previsões para 2025 são “muito idênticas”

A produção de citrinos no Algarve cresceu 10% na campanha que terminou em setembro, face à média dos anos anteriores. A AlgarOrange lamenta os “entraves ao aumento da área de regadio” e à expansão da área plantada.

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Cerca de 74% da área e 88% da produção de citrinos em Portugal está localizada no Algarve. Os Citrinos do Algarve estão reconhecidos com a certificação IGP - Indicação Geográfica Protegida.

Em Portugal, cerca de 74% da área e 88% da produção de citrinos está localizada no Algarve. Em junho último, a AlgarOrange – Associação de Operadores de Citrinos do Algarve, que agrega 12 associados e é a maior associação portuguesa de operadores de citrinos, já tinha avançado com boas estimativas de produção na última campanha (2023-2024).

Inclusive, a Associação apontou para “um ligeiro aumento das variedades de Inverno” e “um aumento mais acentuado das variedades de Primavera (Lane Late) e Verão (Valência Late e D. João)”, face à campanha anterior. Garantiu também “um abastecimento normal ao mercado nacional e internacional”.

E os dados da colheita foram confirmando as previsões. Só nos primeiros seis meses da campanha agrícola de citrinos - entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024 -, a quantidade de citrinos vendida pelos associados da AlgarOrange já tinha ultrapassado os 42 milhões de quilos.

Agora que se chegou ao fim da campanha, o balanço não deixa margem para dúvidas. “A produção deste ano poderá ter estado cerca de 10% acima do ano normal”, revelou o presidente da AlgarOrange, José Oliveira, em declarações à agência Lusa.

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O presidente da AlgarOrange, José Oliveira, lamenta “os impedimentos e entraves ao aumento da área de regadio e de plantação de citrinos” na região do Algarve.

A AlgarOrange promoveu esta semana, no Campus de Gambelas da Universidade do Algarve, uma conferência para fazer o balanço da campanha dos citrinos 2023-2024. O evento contou com intervenções de José Oliveira, representante da AlgarOrange, e de Carmo Martins, do Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN-CC).

“Utilizar água sem gastar água”

Na mesma sessão, foi oficializada a adesão formal da AlgarOrange à World Citrus Organisation (WCO), reforçando o “compromisso da organização com o desenvolvimento do setor”. E ainda houve lugar para uma mesa-redonda dedicada ao tema “Utilizar água sem gastar água” e para o lançamento do manual técnico “Poda de Citrinos na Região Mediterrânica”.

A campanha dos citrinos no Algarve “correu bem”, segundo José Oliveira. Apesar dos problemas que os produtores tiveram de enfrentar, nomeadamente a falta de água e as pragas que atacaram as árvores, a produção terá atingido as 335 mil toneladas. Da totalidade de citrinos produzidos, cerca de 84% foram laranjas, 8% tangerinas e clementinas e 7% limões.

O presidente da AlgarOrange lamenta é “os impedimentos e entraves ao aumento da área de regadio e de plantação de citrinos”, que decorrem sobretudo devido à escassez de água na região do Algarve.

“Nós não estamos em plano de igualdade com outros setores, como o do turismo, que continua a fazer projetos e a inaugurar ‘resorts’. O setor da agricultura está impedido de fazer novos pomares”, explicou o presidente da AlgarOrange.

Limitações à produção de citrinos

Apesar da “vontade” de aumentar as áreas de produção de citrinos, os produtores associados da AlgarOrange “estão completamente condicionados” nesse propósito.

José Oliveira comentou ainda, em declarações à Lusa, a evolução do preço das laranjas nos mercados internacionais. É “imprevisível”, assumiu, devido à existência de “muitos concorrentes”.

E as violentas cheias ocorridas na região de Valência, em Espanha, na última semana, vão impactar no mercado dos citrinos. “Provavelmente o desastre que aconteceu em Valência poderá ter influência nos preços”, admitiu José Oliveira, que também não esquece “as laranjas importadas do Egito e da África do Sul”, que influenciam os preços das transações a nível global.

Para a campanha 2024-2025, “as expectativas são muito idênticas” face à produção alcançada este ano e que terminou em setembro, revela o presidente da AlgarOrange.

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Para além de abastecer o mercado nacional, os citrinos do Algarve são dos frutos mais exportados por Portugal. Em 2023, as exportações ultrapassaram os 197 milhões de euros.

Para além de abastecer o mercado nacional, os citrinos produzidos no Algarve são dos frutos mais exportados por Portugal. Em 2023, as exportações destes produtos ultrapassaram os 197 milhões de euros, mais 10,4 milhões do que no ano anterior.

“Cerca de 74% da área e 88% da produção de citrinos do país está localizada no Algarve e é aqui que nascem laranjas, clementinas, tangerinas, limões, entre outros produtos”, refere José Oliveira, presidente da AlgarOrange.

Os Citrinos do Algarve, reconhecidos com a certificação IGP - Indicação Geográfica Protegida pela sua “casca fina, colorida e brilhante e um elevado teor de sumo e um sabor doce inconfundível”, são fruto do clima, do relevo e do solo. Em suma, são o resultado da sua origem de produção. “Não há laranja como a do Algarve e a origem deve ser valorizada pelo consumidor”, sublinha José Oliveira.