Cientistas esclarecem as origens da água a uma profundidade de 100 km abaixo da superfície da Terra

Um estudo recente lançou uma nova luz sobre as origens enigmáticas das águas termais naturais até 100 km de profundidade, revelando uma ligação a águas antigas aprisionadas nas profundezas da litosfera terrestre.

Imagem meramente ilustrativa.
Cientistas esclarecem as origens da água nas profundezas da Terra.


Uma investigação recente, que analisou as composições isotópicas estáveis do hidrogénio e do oxigénio nas moléculas de água, descobriu características que indicam a presença de água litosférica há muito retida, diferente das fontes meteóricas mais conhecidas, como a chuva e a neve.

As águas profundas da Terra

Os investigadores utilizaram modelos numéricos sofisticados para acompanhar a evolução isotópica desta água. Descobriram que vários tipos de água, como as que se encontram sob o fundo do mar em vulcões de lama submarinos, salmouras de campos petrolíferos offshore e vapor vulcânico de zonas de subducção de placas, partilham uma trajetória evolutiva comum.

Esta abordagem inovadora permitiu uma compreensão mais profunda da complexa estrutura tridimensional e da evolução da circulação de águas ultra-profundas, que se estende a profundidades superiores a 100 quilómetros.

Além disso, a equipa desenvolveu um método inovador para reconstruir a composição isotópica original da água litosférica. Esta técnica elimina efetivamente os efeitos da contaminação por água meteórica dos dados isotópicos das águas termais naturais. Utilizando este método, os investigadores calcularam a composição isotópica das águas litosféricas nas profundidades de várias termas e compararam estes valores com os reconstruídos a partir de águas termais naturais.

(...) os investigadores calcularam a composição isotópica das águas litosféricas nas profundidades de várias termas (...).

A distribuição geográfica das águas termais foi classificada em três grupos com base na sua evolução isotópica. Estas categorias ou estão alinhadas com a subducção da placa do mar das Filipinas ou da placa do Pacífico, ou apresentam uma evolução isotópica mínima, não estando alinhadas com nenhuma das placas. Esta categorização não é apenas uma curiosidade científica, mas tem profundas implicações para a nossa compreensão do papel da água nas atividades sísmicas e vulcânicas.

Os resultados do estudo são vitais para a previsão de terramotos e erupções vulcânicas. A compreensão das relações intrincadas entre as fontes de águas profundas e as atividades tectónicas fornece uma nova perspetiva para a dinâmica do interior da Terra.

Esta investigação cruza a geologia, a hidrologia e a geofísica, oferecendo novas perspetivas sobre os antigos ciclos da água nas profundezas do nosso planeta.

Referência da notícia:Ikuya Adachi I., Yamanaka T. Isotopic evolutionary track of water due to interaction with rocks and its use for tracing water cycle through the lithosphere. Journal of Hydrology, Volume 628, January 2024.