As cidades estão cada vez mais quentes!
O processo de litoralização e consequente urbanização da população é contínuo e cada vez mais verificável. Assim, as cidades têm cada vez mais população, ou seja, há cada vez mais pessoas em risco tendo em conta as alterações climáticas. Fique a saber tudo sobre esta temática, connosco!
As cidades, com as suas áreas densamente construídas, conseguem atingir valores de temperatura muito superiores às áreas rurais adjacentes. O solo totalmente pavimentado e a elevada densidade de edifícios, conjugado com a falta de espaços verdes, contribui para o forte aumento da temperatura, com efeitos nefastos na saúde da população urbana.
O facto de a população urbana ser cada vez mais numerosa significa que existem cada vez mais seres humanos expostos a temperaturas prejudiciais. Um novo estudo sugere que este indicador triplicou nas últimas décadas, com tendência a aumentar e de forma muito mais rápida do que era expectável pelos especialistas.
Investigadores do Instituto da Terra, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos da América sugerem, através deste estudo pioneiro, uma análise diferenciada para cada cidade com dois parâmetros que servem de guia: por um lado, analisam a importância do crescimento populacional; por outro, estudam os fenómenos físicos que levam ao aquecimento das cidades (combinação da temática das alterações climáticas e das ilhas de calor urbano).
Os resultados deste estudo serão úteis e poderão ser utilizados de várias formas e de vários pontos de vista. A nível global, as áreas que experimentam valores de temperatura e humidade muito elevados tendem a ser áreas menos desenvolvidas, em que a exposição da população ao calor intenso não é estudada, logo, não existem políticas públicas que respondam às necessidades específicas, a curto prazo.
Principais conclusões
Algumas conclusões deste estudo são já sobejamente conhecidas. Os efeitos do calor intenso na saúde dos humanos são extremamente nefastos. O calor leva à desidratação, potenciando situações de insuficiência cardíaca. Nas pessoas com outras complicações de saúde, o calor extremo pode ser particularmente perigoso, mas mesmo em pessoas consideradas saudáveis, certos valores de temperatura e de humidade relativa podem levar a situações de hospitalização.
Os eventos extremos de calor, especialmente em áreas urbanas, são assuntos que exigem respostas cada vez mais urgentes. Estudos anteriores indicavam que certas cidades só atingiriam um determinado valor de temperatura e humidade relativa no fim do século. No entanto, os últimos dados apontam para um cenário mais assustador: algumas cidades estão já, esporadicamente, no limiar do que é sustentável para o ser humano.
Através da análise mais detalhada de dados de mais de 13.000 cidades, entre os anos de 1983 e 2016, os investigadores norte-americanos compreenderam que a exposição ao calor urbano aumentou quase 200%, afetando assim cerca de 1700 milhões de pessoas, aproximadamente 1/4 da população mundial. O aumento de população urbana foi responsável por cerca de 2/3 do aumento da exposição. O aquecimento físico foi responsável por 1/3.
O aumento da exposição, ou seja, a ponderação dos dois principais fatores anunciados anteriormente, variou de cidade para cidade e de região para região. Esta conclusão reveste-se de especial importância, pois permite que as cidades se comparem e desenvolvam políticas urbanas (principalmente as relacionadas com a saúde) que possam rapidamente responder a este problema.
Em suma, é importante que os decisores políticos, a todos os níveis, estejam conscientes do problema, da sua urgência e dos tipos de resposta que podem ser desenvolvidos, sempre com o foco de salvaguardar a saúde da população urbana, numa fase pós-pandemia que se espera cheia de desafios.