Ciclone Fabien, um evento incomum nesta altura do ano na região equatorial
Nesta altura do ano, a formação de um ciclone em latitudes tão a Sul está a deixar a comunidade científica espantada. Mas afinal, porque está a acontecer isto e quais são os impactes que pode ter?

O recém-nomeado ciclone tropical Fabien é um exemplo pouco comum deste tipo de fenómenos, nesta altura do ano, tão perto da linha do Equador. Apesar de estar apenas 4° a Sul da referida linha, no Índico central, é o equivalente, em ternos de intensidade, a ter um grande furacão, no início de dezembro, no Oceano Atlântico.
O mais surpreendente é que este ciclone tropical pode vir a ter a força equivalente a um grande furacão, nos próximos dias. Este fenómeno iniciou-se, segundos os dados do nosso portal, no passado dia 12 de maio, sexta-feira, como depressão tropical, com ventos sustentados de apenas 28 km/h, a Oeste de Padang, na Ilha indonésia de Sumatra.
Apenas 24 horas volvidas, já no dia 13, o Fabien, na sua trajetória Este-Oeste, passou de depressão tropical a tempestade tropical, já que a velocidade dos ventos máximos sustentados superou os 56 km/h. No passado domingo, por volta das 13:00 locais, a tempestade tropical transformou-se em ciclone tropical com força equivalente à categoria 1. Entre esta hora e as 19:00, os ventos máximos sustentados passaram de 93 km/h para 111 km/h.
Por incrível que pareça, a fúria do Fabien não acabou por aqui. Na manhã da última segunda-feira subiu à categoria 2, com vento máximo sustentado na casa dos 139 km/h. No espaço de uma manhã ascendeu à categoria 3 onde a velocidade do vento já superava os 157 km/h. Na terça-feira manteve-se o padrão de intensificação já que o vento sustentado estava entre os 167 km/h e os 185 km/h, com rajadas que variavam entre os 204 km/h e os 231 km/h.
#Fabien has intensified and shrugged off that shear it was feeling. Very nice clear eye. However the CDO is rather warm. This is probably thanks to thermodynamics not being all that great this late in the season pic.twitter.com/D0c4G2utqB
— Alex Boreham (@cyclonicwx) May 16, 2023
O futuro e os impactes do Fabien
Segundo a previsão do nosso portal, este evento estará na sua força máxima durante o dia de hoje, quarta-feira, quando o vento máximo sustentado estiver próximo dos 213 km/h, com rajadas que podem chegar aos 259 km/h. A partir deste dia e até ao fim da semana o Fabien perderá força no decorrer da sua trajetória Este-Oeste.
Sem previsão de vir a afetar áreas densamente povoadas, estima-se que os territórios mais afetados por chuvas e ventos fortes, bem como por marés de tempestade, seja o Território Britânico do Oceano Índico, um território insular ultramarino de pequenas dimensões (cerca de 60 km2) que é habitado por entre 2500 a 4000 pessoas, maioritariamente ligadas aos militares, tanto britânicos como norte americanos.
A capital deste território, Diego Garcia, que é também o nome da maior ilha, foi assim nomeada por ter sido descoberta por portugueses, no séc. XVI. Prevê-se que, no próximo fim de semana, entre sábado e domingo, este evento já se tenha extinguido algures no meio do Oceano Índico, a Norte das Ilhas Maurícias, a Nordeste de Madagáscar e a Este do continente africano.

As tempestades que se têm formado no Índico Sul, como foi o caso da Freddy que afetou Moçambique por duas vezes, têm a particularidade de afetar regiões muito mais a Sul, em relação ao Equador. As razões para esta ocorrência estão a ser estudadas pelos meteorologistas, que continuam espantados por um fenómeno desta intensidade estar a ocorrer numa localização invulgar quando já está iminente o fim da temporada de ciclones no Índico Sul e Sudoeste.