“Ciclogénese ibérica” chega a Portugal nas próximas horas: chuva e neve entre os efeitos previstos
A depressão Irene trouxe chuva forte, vento intenso e temperaturas amenas. Entre quinta e sexta-feira, uma nova tempestade atingirá Portugal continental, trazendo chuva, neve e descida das temperaturas. Saiba que regiões poderão ser mais afetadas pela “ciclogénese ibérica”.
Desde terça-feira (16) que a depressão Irene tem estado a descarregar chuva de norte a sul de Portugal continental, de maneira por vezes forte e persistente, e pontualmente acompanhada de trovoada. Além da principal unidade territorial portuguesa, Irene também gerou muita instabilidade ao passar pelos Arquipélagos dos Açores e da Madeira, sobretudo neste último, onde se desencadearam numerosas descargas elétricas brutais na noite passada.
Até à manhã desta quarta-feira (17), no Continente, já tinham sido registadas mais de 300 ocorrências, algo para o qual os ventos fortes de Sudoeste também contribuíram. A precipitação alcançou inclusive o Algarve, o que constituiu um breve alento para a situação de seca extrema e de crise na água, algo que está a sufocar a região mais meridional da geografia continental.
As temperaturas mantiveram-se amenas entre ontem e hoje, registando-se valores acima da média climatológica de referência. Irene deixará de influenciar as condições meteorológicas ao final desta quarta-feira, 17 de janeiro.
“Ciclogénese ibérica” e ar polar: chuva, vento, possibilidade de queda de neve e descida das temperaturas
Nas próximas horas, em pleno Atlântico, uma nova depressão formar-se-á vertiginosamente a oeste de Portugal continental. Assim, entre o início da tarde de quinta (18) e o meio da tarde de sexta-feira (19) prevê-se que uma ciclogénese atravesse o nosso país, descrevendo uma trajetória de sudoeste para nordeste. Os mapas apostam num cenário que contempla o impacto desta ciclogénese em praticamente toda a geografia da Península Ibérica, daí a designação “ciclogénese ibérica”.
No referido período, de quinta (18) para sexta (19), um dos efeitos previstos é chuva fraca a moderada, pontualmente intensa e que deverá cair em quase todo o território do Continente. O vento soprará moderado a forte nos próximos dias, inicialmente de Sudoeste e depois com tendência a soprar de noroeste, especialmente a partir de sexta (19).
A partir de sexta-feira (19) as temperaturas vão descer, notando-se esse arrefecimento sobretudo no período noturno, em comparação com os dos dias anteriores. A atmosfera mais fria dever-se-á, essencialmente, à chegada de ar polar procedente de norte.
O foco da atenção estará centrado nas zonas do interior Norte e Centro: a interação do ar frio (polar) vindo de norte com o ar quente e húmido (subtropical) trazido pela “ciclogénese ibérica” pode vir a dar origem a um interessante episódio de queda de neve. A dúvida reside, isso sim, nas cotas a partir das quais tal poderá ocorrer.
Devido à complexidade do panorama em questão e à incerteza inerente a este tipo de situações muito dinâmicas, a previsão de queda de neve está a revelar-se um quebra-cabeças para os meteorologistas e climatologistas da Meteored Portugal.
Assim sendo, com a devida cautela, prevê-se a possibilidade de queda de neve em zonas dos distritos do interior Norte e Centro, nomeadamente nos de Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda. Ainda assim, caso ocorra queda de neve, a acumulação será residual e apenas a partir do meio da manhã de sexta-feira (19).
Irá o tempo manter-se instável no fim de semana?
Para sábado (20) e domingo (21) prevê-se tempo mais estável. Tal como já avançámos na nossa previsão para a segunda quinzena de janeiro, é esperado um gradual estabelecimento das altas pressões que afastariam, por completo, os sistemas de baixas pressões e as áreas de instabilidade.