Chuva de estrelas Líridas ilumina céu de abril: quando e como observá-las?
Mais uma vez abril traz-nos a oportunidade de contemplar a chuva de estrelas das Líridas. Neste 2023, quando será o seu pico de atividade? Haverá boas condições de observação? Descubra tudo aqui!
A segunda metade de abril guarda-nos mais um “deleite” astronómico. No passado 6 de abril pudemos contemplar a Lua Cheia Rosa da Páscoa e, em breve, a chuva de estrelas das Líridas iluminará de novo o céu noturno de abril. Será 2023 um bom ano para desfrutar delas?
Origem das Líridas e o porquê do seu nome
O nome atribuído à chuva de meteoros Líridas resulta do facto das estrelas cadentes parecerem emanar dum ponto da constelação de Lira, onde está situado o radiante.
Segundo Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço), “esta constelação nasce por volta das 22:00, com o crescente da Lua a pôr-se cerca de 1h15min mais tarde”. Mas na verdade, o cometa Thatcher é a origem destes meteoros.
Anualmente, em abril, o planeta Terra aparece na trajetória orbital deste cometa que esteve cá pela última vez na primavera de 1861. Um pouco mais tarde, em 1867, o professor Edmond Weiss, de Viena, percebeu que a órbita do cometa Thatcher iria coincidir com a Terra por volta do dia 20 de abril e posteriormente, ainda em 1867, o astrónomo Johann Gottfried Galle validou a ligação entre o Thatcher e as Líridas.
Assim, sempre que em abril a trajetória orbital do Thatcher é atravessada, fragmentos expelidos por este cometa invadem a parte superior da atmosfera da Terra a cerca de 177.000 quilómetros por hora.
É no momento em que a Terra passa por um conjunto compacto de destroços do cometa que um número significativo de meteoros pode ser observado. As Líridas originam, geralmente, entre 10 a 20 estrelas cadentes por hora que se deslocam a uma velocidade de 49 quilómetros por segundo.
Que se prevê para este ano e como observá-las?
Na noite de 22 para 23 de abril prevê-se o pico da “chuva” de meteoros das Líridas no Hemisfério Norte, com o máximo previsto cerca da 1:00 da madrugada (Portugal continental e Madeira, menos uma hora nos Açores).
Estando a Lua numa delgada fase crescente, o que resultará num céu pouco iluminado pelo luar, 2023 poderá ser um ano perfeito para observar alguns meteoros das Líridas, ainda que esta chuva de estrelas seja bastante modesta se a compararmos com as Perseidas em agosto (200 meteoros por hora).
Esta “chuvada” de meteoros requererá então um olhar atento para o céu (18 meteoros por hora, talvez um pouco mais na noite com taxa de atividade máxima).
A visibilidade destes meteoros depende não só do nosso satélite natural (Lua) como também das condições meteorológicas dessa mesma noite. Resta esperar por uma noite limpa, sem nuvens a atrapalhar a observação dos meteoros.
A melhor coisa a fazer para observar uma estrela cadente é: procurar um local longe da poluição luminosa que permite que os seus olhos se adaptem à escuridão do firmamento noturno, elevado e sem obstáculos no seu campo de visão.