Chineses lançam sonda com o objetivo de redescobrir a Lua

O único satélite natural do planeta Terra, apesar de já ter contado com a presença humana, continua a ser um território por descobrir. Fique a saber mais, connosco!

Sonda.
Imagem de um módulo de aterragem de uma sonda espacial a explorar a superfície lunar mais próxima da Terra.

No início do mês de maio, a China enviou um veículo espacial com destino à Lua: o objetivo seria aterrar no lado oculto e retirar amostras de solo e rochas. Segundo a Administração Espacial Nacional da China, pretende-se conhecer melhor a parte da Lua que está menos explorada e comparar essa região com as que já estão mais estudadas. Esta sonda aterrou no passado domingo, 2 de junho, às 06:43 de Pequim (23:43 de sábado, 1 de junho, em Lisboa).

(...) a cratera “Polo Sul – Aitken” é a maior e a mais antiga da Lua e pode revelar alguns dos mistérios relacionados com a formação e desenvolvimento do único satélite natural do nosso planeta!

A sonda pousou no lado mais afastado da Lua, em relação à superfície terrestre, numa enorme cratera conhecida como “Polo Sul – Aitken”. Esta cratera, criada pelo impacto de um asteroide há mais de 4 mil milhões de anos, tem aproximadamente 13 km de profundidade e um diâmetro de 2500 km. Sabe-se que este lado oculto, mais afastado da superfície terrestre, é uma área ideal para a radioastronomia e para outros trabalhos científicos já que está livre da exposição à Terra e às interferências consequentes.

Caracterização da missão

A missão que chegou à Lua no passado fim de semana é a sexta enquadrada no programa de exploração lunar “Chang’e”, batizado com o nome de uma deusa lunar chinesa. A missão anterior, “Chang’e 5”, fez o mesmo (retirar amostras do solo e de rochas) há cerca de 4 anos (2020), mas na superfície lunar mais próxima da superfície terrestre.

O módulo de aterragem da sonda “Chang’e 6” vai utilizar um braço mecânico em conjugação com uma broca de forma a conseguir recolher cerca de 2 kg de material superficial e subterrâneo, operação que demorará dois dias. O material recolhido voltará ao módulo que se manteve a orbitar a Lua e a sua reentrada na atmosfera está prevista para o final deste mês, por volta do dia 25 de junho, nos desertos da Mongólia Interior, uma região autónoma no Norte da China.

Lua.
O satélite natural da Terra reflete a luz solar e tem interferência na vida da Terra, a vários níveis.

A atual luta espacial e os objetivos futuros

Estas missões lunares, desenvolvidas pela China, fazem parte de uma rivalidade renascida, entre o Este e o Oeste, entre os Estados Unidos e a China, como com outros países emergentes do ponto de vista aeroespacial, como a Índia e o Japão. A China pretende colocar um ser humano na Lua, até 2030, isto depois de já ter a sua própria estação espacial com tripulações fixas.

Já os Estados Unidos planeiam voltar a colocar um ser humano na superfície lunar, mais de 50 anos depois, mas este plano foi adiado no início deste ano, para 2026, devido essencialmente a várias dificuldades técnicas, relacionadas com a utilização de veículos espaciais de empresas privadas, sem que estes tenham sido devidamente testados.

O lado oculto da Lua é o hemisfério lunar que não pode ser visto da Terra em decorrência da Lua estar em rotação sincronizada com a Terra. Sabe-se que o lado oculto da Lua tem uma crosta grossa e com mais crateras que a parte visível da Terra.

Apesar de este tipo de missões ser mais perigoso e com um grau de dificuldade maior, devido à maior dificuldade em manter as comunicações com a Terra e ao facto do terreno ser mais acidentado, dificultando a chegada em segurança à superfície lunar, esta missão reveste-se de extrema importância: a cratera “Polo Sul – Aitken” é a maior e a mais antiga da Lua e pode revelar alguns dos mistérios relacionados com a formação e desenvolvimento do único satélite natural do nosso planeta!