Charco artificial do Parque Urbano do Picoto, em Braga, contém algumas espécies que estão em risco de extinção
Este charco é a única massa de água doce de carácter permanente neste parque e desempenha um papel crucial na promoção da biodiversidade local. Saiba mais aqui!
Este charco, criado no Parque Urbano do Picoto, é um projeto pioneiro e alberga uma série de vantagens. Para além de poder servir de habitat para várias espécies aquáticas e terrestres, também pode ser um importante sumidouro de carbono, desempenhando, assim, um papel crucial na regulação climática.
Além disso, contribui significativamente para a qualidade ambiental e paisagística, local e regional. A presença do charco no Parque Urbano do Picoto resulta também num espaço único para a observação de fauna, tornando-se um ponto de interesse para os visitantes, mas também abre espaço para diferentes oportunidades educativas, de recreio e de valorização económica.
Os primeiros passos para a vida no charco
Numa fase inicial e de forma a favorecer a colonização por diversos organismos, foram instaladas no charco algumas espécies de vegetação aquática. Esta medida visa restaurar e melhorar as condições do charco, contribuindo para a qualidade da água e criando habitats adequados para diversas espécies aquáticas e terrestres. Além disso, a vegetação aquática pode também contribuir para a estabilização do fundo e das margens do charco.
Portanto, a monitorização e o acompanhamento por especialistas de diversas áreas são fundamentais para a definição e implementação de medidas que assegurem a manutenção das funções ecológicas e ambientais do charco.
Esta abordagem garante que as intervenções necessárias sejam adaptadas às especificidades locais, promovendo a conservação da biodiversidade e contribuindo para a estabilização das condições ecológicas do charco, a longo prazo. Em 2022 foram realizadas quatro ações de controlo e em 2023 mais cinco.
No entanto é importante ter em conta que estas pequenas massas de água são vulneráveis à invasão de espécies exóticas e infestantes, que podem comprometer a sua integridade ecológica.
A colonização do charco foi bem sucedida, especialmente por conseguir albergar espécies em vias de extinção
Após esta introdução da vegetação, o Relatório de Monitorização e Avaliação do Estado Ecológico do Charco, afirma que, das 44 espécies de vegetação aquática selecionadas, 39 espécies tiveram sucesso, o que revela uma elevada taxa de sucesso. A ausência de cinco espécies que foram instaladas na primeira ação e na última campanha de inventariação não estavam presentes, o que permite considerar que não foi viável a sua instalação.
A colonização do charco foi bem-sucedida, especialmente porque garantiu a presença de espécies com elevado valor de conservação, sendo que algumas delas são raras e ameaçadas.
O charco do Picoto atualmente é dos charcos com maior diversidade de vegetação aquática numa área urbana, em todo o Minho. Importa referir, ainda que algumas espécies estão adaptadas a períodos mais secos, pelo que a reposição de água artificialmente deve ser mantida, nos meses mais secos.
Para além disto, e devido às inspeções periódicas, têm sido capturadas espécies consideradas invasoras, tanto de vegetação como de animais, de forma a manter a oferta de biodiversidade atual.
Referência da notícia
Relatório de Monitorização e Avaliação do Estado Ecológico do Charco (2024).